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Música

Com dificuldades, festivais se erguem

Por Agência Estado

16 de agosto de 2019, às 09h00 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 11h21

Sem nenhum dinheiro de lei de incentivo, o Festival Bananada começa a programação principal de sua 21ª edição nesta sexta-feira, em Goiânia. Com nomes como Pitty, Black Alien, João Donato e Tulipa Ruiz no cartaz, o festival faz parte de um conjunto de eventos médios e grandes que vêm enfrentando dificuldades para se colocar de pé em 2019. Produtores ouvidos pelo Estado relataram dificuldades para convencer empresas a se engajar com as leis de incentivo, especialmente a Lei Rouanet – o que talvez abra espaço para que Estados e municípios aperfeiçoem os seus próprios mecanismos de incentivo e mecenato.

Essa é a leitura de Lu Araújo, do Festival Mimo, que este ano será realizado em apenas duas cidades: São Paulo, em outubro, e outra ainda a ser anunciada – menos, portanto, do que as 4 ou 5 localizações que vinham sendo o costume do Mimo. Na produção de eventos há décadas, Lu diz que o País passa por uma situação incomum. “Existe uma paralisia. Não acho que falte dinheiro, mas muitas empresas definiram sua programação anual agora, no meio do ano. Há 15 dias, eu não tinha certeza de que poderia realizar o festival” – pelo menos no Brasil. O Mimo de Amarante, em Portugal, atraiu cerca de 100 mil pessoas no final de julho.

Para Fabricio Nobre, fundador do Bananada, a lógica dos festivais consegue operar na adversidade, mas o fato de não ter nenhum apoio público é uma oportunidade perdida. “Vamos fazer o festival com a quantidade de recursos que existir. Mas óbvio que se há suporte público podemos melhorar muitos aspectos. É uma pena ter os governos jogando contra.” Ele conta que das 21 edições, apenas “cinco ou seis” tiveram suporte “verdadeiro” do Estado, e apenas em dois o festival usou a Lei Rouanet. “Mas deveria ter mais apoio. Todo ano é um perrengue, um sufoco de grana para realizar e fazer o melhor possível. Os benefícios são muito óbvios porque o evento movimenta a cidade, vem gente do País inteiro, repercute”, comenta.

O raciocínio do “do it yourself” é o que move, na mesma toada, o festival potiguar Mada (18 e 19 de outubro, em Natal). “Se criou um tipo de perseguição à arte, à cultura, aos resultados”, diz o produtor Jomardo Jomas. “Para viabilizar o festival, tentamos trabalhar com o orçamento que temos, sem abrir mão da diversidade”, explica. Além do Mada, ele também produz eventos no sudeste do País, e acredita que a “demonização” que se criou sobre a Lei Rouanet afeta de maneira mais direta os produtores dessa região – principal beneficiada pela lei de incentivo federal. “Se propagou uma ideia tão fora da realidade sobre as leis de incentivo que afetou a construção do diálogo com as empresas que já trabalhavam com isso”, lamenta.

Ana Garcia, do Coquetel Molotov (Recife, 16/11, 16 anos de existência), brinca que desde o início da história do festival o Brasil está em crise. “A queda (este ano) é maior para aqueles produtores que não estão criando uma rede de realização, porque são necessários diversos parceiros para fazer acontecer”, explica. “Todos os festivais que conseguem segurar a onda são os que entenderam que não dependem só de uma empresa, só do governo, só de um edital. Este ano todo mundo está enfrentando novas dificuldades.”

Ela também considera que os incentivos locais – estaduais e municipais – podem significar um novo respiro para os eventos, especialmente no Nordeste e Centro-Oeste, onde as empresas não costumam se engajar com a Lei Rouanet.

Como é o caso do Porão do Rock, em Brasília, também na 21.ª edição – o festival seria realizado neste fim de semana, mas um desencontro fez com que o Estádio Nacional fosse solicitado para um jogo de futebol, o que inviabilizou o evento, adiado para 25 e 26 outubro. “Inicialmente, resolvi fazer sem verba pública nenhuma, mas apenas com bilheteria e patrocínio direto, o que aqui em Brasília é muito difícil”, diz o produtor Gustavo Sá. “Como rolou essa questão do estádio, tive de ir atrás de captação.”

TEMPORADA

Bananada
Goiânia (GO), até domingo, 18

Sarará
Belo Horizonte (MG), 31 de agosto

Coala
São Paulo, 7 e 8 de setembro

Mimo
São Paulo e outra cidade a ser anunciada, outubro

Mada
Natal (RN), 18 e 19 de outubro

Porão do Rock
Brasília (DF), 25 e 26 de outubro

Se Rasgum
Belém (PA), 1º a 3 de
novembro

No Ar Coquetel Molotov
Recife (PE), 16 de novembro

DoSol
Natal (RN), 23 e 24 de novembro
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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