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Ameaças

‘Minha quarentena começou em 2018’, diz Bonner sobre ataques

Bonner afirmou que intolerância que motivou as ofensas teve origem no ambiente virtual, algo que ele viu quando era ativo nas redes sociais

Por Agência Estado

27 de maio de 2020, às 15h33 • Última atualização em 27 de maio de 2020, às 17h53

O jornalista William Bonner falou sobre os ataques que sofre devido à profissão e o efeitos deles em sua carreira em entrevista para Pedro Bial, exibida nesta terça-feira, 26. O apresentador do Jornal Nacional destacou que, para evitar ataques, acabou entrando no que considera uma quarentena desde 2018.

No Conversa com Bial, Bonner afirmou que a intolerância que motivou as ofensas teve origem no ambiente virtual, algo que ele presenciou quando ainda era ativo nas redes sociais. “O que era diversão, e era boba, infantil mesmo, foi se transformando no que eu chamo hoje de campo de batalha”, disse o jornalista.

“Ainda hoje eu me assusto com a bile, com o ódio que escorre nas palavras – mal escritas, cuspidas. É um ódio tão intenso, que a gente não sabe a que levará. Aí a gente sai das redes sociais, e vai para as ruas, e assiste a essa mesma incivilidade”, comentou Bonner.

Para ele, esse cenário piora a cada eleição, e fez com que ele implementasse o que chamou de “quarentena pessoal”, uma decisão de evitar locais públicos para evitar ataques: “minha quarentena começou em 2018. Em 2018 a polarização política chegou a um ponto em que a minha presença em determinados locais públicos era motivadora de tensões”.

Bonner lembrou de alguns casos em que foi insultado ou provocado em ambientes públicos, o que gerava nele uma certa vergonha, até por também atrapalhar o dia das pessoas ao redor.

Ele revelou que passou quase todo o ano de 2016 e parte de 2018 fazendo o trajeto do Rio de Janeiro para São Paulo de carro, pois já nesses anos ele considerava que havia um risco grande para jornalistas em aeroportos. As viagens eram feitas por ele para visitar o pai, que morreu em 2016, e a mãe, que morreu em 2018, ambos de doenças semelhantes.

“Tem gente hoje me aplaudindo que estava há 2, 3 anos, me xingando. E tem gente que está me xingando que estava há 2, 3 anos batiam palmas. E eu falo de mim, mas não só de mim, de toda uma categoria profissional”, destacou Bonner.

Na entrevista, Bial se disse preocupado com a segurança dos jornalistas, citando a decisão temporária de veículos da imprensa de não enviar mais repórteres para cobrir coletivas no Palácio da Alvorada, e Bonner concordou: “é mais um passo, mais uma ação para nos dificultar, para impedir que o trabalho da imprensa seja feito”.

Outro assunto abordado na entrevista foi a revelação por parte de Bonner de que seu filho com a ex-mulher, Fátima Bernardes, é vítima de diversos estelionatos há três anos. O jornalista comentou que tudo começou quando o filho, Vinícius, sofreu um acidente de carro e sua habilitação foi fotografada e divulgada na internet. Na semana passada, Bonner revelou, em um breve retorno a sua conta no Twitter, que uma pessoa usou os dados de Vinícius para solicitar o auxílio emergencial do governo, de R$ 600.

“Eu recebi um telefonema da comunicação da Globo de que um jornal tinha informações e documentos de que meu filho teria pedido o auxílio emergencial, o que é uma insanidade, isso não existe”, lembra.

O jornalista acionou seu advogado, que repassou as informações sobre os estelionatos para o jornal e a família informou a situação para a Caixa Federal, responsável pelos pagamentos do auxílio. Mesmo sem o assunto ter sido publicado, Vinícius começou a receber insultos em suas redes sociais na quinta-feira, 21.

“Eu então agi por instinto, eu sou um pai. E o instinto me fez escrever um texto, voltar para a rede social apenas com o objetivo de apresentar uma denúncia”, justificou Bonner. Ele então destacou que, após publicar o texto no Twitter, “coisas estranhas aconteceram”, com videos circulando na internet acusando Vinícius de ter feito o pedido e cobrando explicações de William e Fátima Bernardes.

“Tinha um sujeito chamando meu filho de cafajeste, ou a mim mesmo. Era uma coisa que transbordava um ódio. E o que me chamou a atenção não é o ódio, isso não surpreende mais. O que me surpreendeu no vídeo foi a cobrança, de que “Bonner não teria dito nada sobre. Que sentido faz isso, se fui eu que denunciei, avisei o público?”, questionou ele.

Bonner opinou que suspeita que a inscrição do filho no auxílio foi feita por alguém, ou por um grupo, que tinha a intenção de mostrar que “o filho do âncora do Jornal Nacional, da apresentadora de entretenimento da Globo, fez algo muito feio”, para encurralá-los.

Ele ressaltou, porém, que não tem provas para confirmar essa suspeita, mas fez outro questionamento para Bial: “quem, em meio a uma pandemia, com milhares de mortes, com centenas de milhares de pessoas doentes, teria a ideia, do nada, eu vou fazer o seguinte, vou entrar no site e vou verificar se o filho do William Bonner tentou se inscrever para receber o auxílio emergencial?”.

“Esse é o tempo em que estamos vivendo hoje, mas vamos em frente”, concluiu o jornalista.

Podcast Além da Capa
Solidariedade e apoio aos necessitados marcam a luta contra o novo coronavírus (Covid-19) nas periferias da RPT (Região do Polo Têxtil). O LIBERAL visitou moradores do acampamento Roseli Nunes e da favela Zincão, em Americana, e da ocupação Vila Soma, em Sumaré, e observou como eles se unem para enfrentar as dificuldades provocadas pela pandemia. Nesse episódio, o editor Bruno Moreira recebe o repórter André Rossi, que esteve nas comunidades, para repercutir essa apuração.

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