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Entrevista

Marieta Severo analisa sua relação com a tevê

Em entrevista, atriz relembra os bastidores de “Laços de Família”

Por Geraldo Bessa / TV Press

17 de outubro de 2020, às 11h51

A vitalidade de Marieta Severo impressiona. E do alto de seus 73 anos, boa parte dessa energia está voltada para o trabalho. Em especial, ao retorno das gravações de “Um Lugar ao Sol”, próxima novela das nove, e à reabertura do Teatro Poeira, casa de espetáculos que mantém em sociedade com Andréa Beltrão.

Enquanto a quarentena não termina, todas as tardes, Marieta faz uma viagem no tempo com a reprise de “Laços de Família” no “Vale a Pena Ver de Novo”, onde vive a controladora Alma. “Alma era um exemplo de amor tóxico muito antes dessa expressão se tornar popular. Além de mandar no marido, ela também queria ter domínio absoluto sobre o sobrinho. No fundo, ela era pura insegurança por conta da idade e pelo fato de não poder ter podido engravidar. Uma personagem cheia de conflitos e vontades”, relembra.

Para Marieta, seu grande encontro com a televisão foi com o seriado “A Grande Família” – Foto: Divulgação

Natural do Rio de Janeiro, Marieta é do tempo em que atrizes de televisão, além da bagagem teatral, carregavam a consciência crítica sobre o exercício de atuar. “Acho que a arte existe não apenas para entreter, mas para transformar as pessoas”, acredita.

Sua estreia no vídeo foi em 1966, em “O Sheik de Agadir”. No entanto, sua relação com o veículo só se tornou mais íntima a partir dos anos 1980, onde participou de sucessos como “Vereda Tropical” e “Que Rei Sou Eu?”. Nos anos seguintes, o comprometimento com o cinema e, sobretudo, com o teatro, a levaram a fazer apenas aparições esporádicas na tevê. Até que surgiu o “remake” de “A Grande Família”, seriado que coube perfeitamente em sua apertada agenda e que ficou no ar de 2001 a 2014. “Foi meu grande encontro com a televisão. É tão difícil superar a Dona Nenê que eu já desisti. Adoro o carinho que o público cultiva por esse seriado. Sigo com Nenê no coração e a busca por novas e boas personagens”, ressalta.

Apesar dos inúmeros convites, você estava há seis anos sem fazer novelas quando acertou sua participação em “Laços de Família”. O que a aproximou do projeto?

Na época, estava completando 35 anos de carreira e me dei conta de que nunca tinha atuado em uma obra do Manoel Carlos. Sempre fui uma admiradora e já há algum tempo queria fazer alguma novela dele. Então, quando fui convidada, aceitei na hora. O texto do Maneco tem uma característica irresistível: através da simplicidade do cotidiano, ele vai penetrando na complexidade da alma humana e das relações entre as pessoas. É incrível como ele vai desvendando o ser humano para o público. Além disso, também tem a riqueza dos diálogos, um prato cheio para o trabalho do ator.

Exatos 20 anos depois da exibição original, como é rever a trama?

Essa reprise me trouxe um fio de memórias muito prazerosas. As lembranças são de muitas farras nas gravações. Existia uma troca com os atores muito boa. Um clima bom no estúdio é fundamental, traz muito prazer e alimenta o trabalho.

Alguma cena deste trabalho a marcou em especial?

Lembro muito dos duelos com a Helena (Vera Fischer). Nós tínhamos cenas enormes e intensas juntas. Também tenho guardada na memória a primeira cena de peso com a Ritinha (Juliana Paes), quando a Alma descobre a história dela com o marido, Danilo (Alexandre Borges). Estava muito tensa porque sabia que era a primeira cena com muito texto da Juliana e uma experiência determinante para ela. Então, me sentia na obrigação de ampará-la. Mas, ao mesmo tempo, deixá-la à vontade. O olhar dela naquele momento ainda é muito nítido para mim.

Muitos intérpretes mais experientes reclamam de contracenar com atores mais jovens. Você sempre encara esse encontro de gerações com essa boa dose de generosidade?

É claro! Já fui jovem e profissionais maravilhosos me acolheram e me ensinaram diversas coisas. Gosto muito de contracenar com atores jovens. Principalmente, quando percebo que eles querem evoluir e ter uma relação honesta com a profissão, isso me dá uma enorme alegria. Em uma cena difícil, a minha experiência também tem de estar a favor deles. Além de Juliana, o Reynaldo Gianecchini também estava estreando e foi um encontro maravilhoso. Anos depois, fiquei muito feliz em voltar a contracenar com ele em “Verdades Secretas” e ver o grande ator que ele se tornou.

Você parou de pintar os cabelos e agora ostenta um visual naturalmente branco. É algum efeito da quarentena ou faz parte de sua caracterização para a próxima novela das nove, “Um Lugar ao Sol”?

As duas coisas (risos). Quando comecei a preparação, no início deste ano, a direção, eu e a equipe de caracterização pensamos na Noca usando cabelo branco. Tentamos descolorir e depois tonalizar os fios, mas não estava dando certo porque meu cabelo é fino demais. Veio a pandemia, parei de ir ao salão e o branco foi surgindo naturalmente. Tudo na minha vida gira em função das minhas personagens e achei que era a hora dessa “virada” no visual. Estou adorando e não vejo a hora de começar a gravar.

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