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Adeus sem brilho

‘Malhação’ sai da programação sem a devida valorização

Anunciado no final do ano passado, o cancelamento da longeva produção quebra o principal ciclo de renovação do “casting” da Globo

Por Geraldo Bessa - Tv Press

29 de janeiro de 2022, às 10h19 • Última atualização em 29 de janeiro de 2022, às 10h21

Com tantos anos de bons serviços prestados, “Malhação” sai de cena com a reprise da temporada de 2014, sem ao menos um especial de “reunião” - Foto: Divulgação

No ar desde 1995, “Malhação” se revelou um produto de extrema importância para a estrutura de programação e de produção da Globo. De forma automática, logo tornou-se um polo de atração de jovens telespectadores e também a principal porta de entrada de talentos da emissora, com autores e diretores sempre de olho nos novatos para a escalação de novelas futuras.

Foi por este caminho natural que surgiram intérpretes hoje disputados por diversas produções, como Bianca Bin, Fernanda Vasconcellos, Cauã Reymond, Marjorie Estiano e Nathália Dill, entre outros. Mesmo com a audiência e qualidade oscilante de algumas temporadas e seleções de elenco de gosto duvidoso, como as dos fracos Fiuk e Joana Balaguer, por exemplo, a “novelinha” garantia ao menos dois grandes talentos a cada nova safra.

Anunciado no final do ano passado, o cancelamento da longeva produção quebra o principal ciclo de renovação do “casting” da Globo e também mexe profundamente com o mercado de atores veteranos, sempre muito bem utilizado pelo folhetim. Porém, a perda mais significativa reside na fomentação de um novo público de novelas.

É certo que o público jovem de hoje em dia está mais interessado nos serviços de streaming, e em vídeos de curta duração de plataformas como Youtube e Tik Tok. Mesmo sem o prestígio de outrora, deve se levar em consideração o sucesso da temporada de 2017. Criada por Cao Hamburger, o êxito de “Malhação – Viva a Diferença” foi conquistar exatamente esse novo telespectador, a ponto de render o spin-off “As Five”, que estreou com sucesso tanto no Globoplay, em 2020, como na tevê aberta, no ano passado, e agora grava sua segunda temporada.

Último suspiro de real criatividade da produção, a Globo bem que tentou manter a mesma boa inspiração nos anos seguintes. Porém, a sensação de “mais do mesmo” e de desgaste da ideia original foi tomando conta dos executivos da emissora. Somado a isso, a pandemia acabou por adiar os planos de gravação da temporada prevista para 2020. Por fim, duas sinopses reprovadas e indecisões sobre investimentos na grade vespertina representaram o fim.

Até bem pouco tempo atrás, corria nos corredores da Globo o mito de que a escalação de atores veteranos para “Malhação” era sinônimo de castigo. A verdade é que algumas vezes essa “lenda” se mostrou verdade, como quando Déborah Secco não avisou sobre a gravidez e deixou o elenco de “Verdades Secretas” e teve de voltar ao trabalho logo que terminou sua licença maternidade na temporada de 2017.

Mais recentemente, depois de muitos anos na Record, foi a vez de Paloma Duarte voltar para a Globo, mas com um personagem na temporada de 2019. Demérito ou não, muitos nomes que andavam esquecidos fizeram história e tiveram personagens memoráveis na produção, casos de Nuno Leal Maia, Giuseppe Oristânio, Bia Montez, Paulo Betti, Felipe Camargo, entre outros.

Com tantos anos de bons serviços prestados, “Malhação” sai de cena com a reprise da temporada de 2014, sem ao menos um especial de “reunião” – tão comum nas despedidas de séries americanas -, deixando saudades no mercado de atores e no público. Ao longo do tempo, ambos aprenderam a respeitar e conviver com seus altos e baixos, na certeza de que a produção era o melhor jeito da teledramaturgia “respirar”.

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