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Entrevista

Livre para voar em outros cenários

Há seis anos à frente do “Masterchef Brasil”, Ana Paula Padrão valoriza sua personalidade diante do vídeo

Por Caroline Borges / TV Press

06 de agosto de 2020, às 14h02

Ana Paula Padrão já tinha uma vasta bagagem em televisão quando chegou ao “Masterchef Brasil”, da Band. Por isso mesmo, detalhes técnicos ou posicionamentos diante das câmeras eram bastante conhecidos pela jornalista. Ainda assim, estrear à frente do “talent show” permitiu a Ana Paula desbravar a televisão de uma forma inédita.

Ao lado do trio de jurados Érick Jacquin, Paola Carosella e Henrique Fogaça, a jornalista foi aprendendo a mostrar uma faceta mais leve e pessoal diante do vídeo.

“Os chefs me ensinaram muito sobre ser quem eu sou. Eu era treinada para conter a emoção. Tem sido uma aventura maravilhosa fazer tevê de um jeito que eu nunca tinha feito e me permitir mostrar um lado meu que só aparecia na minha vida privada. Aprendi com os chefs, que tinham muita espontaneidade em frente às câmeras, a me emocionar e sentir o programa, estar ali deixando minhas emoções fluírem, o que é muito diferente de estar na tevê fazendo uma reportagem ou ancorando um telejornal. Sou mais Ana Paula depois do ‘MasterChef’, e muito menos Padrão”, defende.

Natural de Brasília, Ana Paula tem uma intensa e variada carreira na tevê. Ao longo dos 27 anos dedicados ao jornalismo, ela passou por emissoras, como Manchete, Globo, SBT e Record. Diante do vídeo participou de grandes coberturas, foi repórter, apresentadora e correspondente internacional.

Após diversos anos na bancada, ela decidiu deixar o “hard news” e, após um ano fora da tevê, surgiu o convite para comandar a primeira temporada do “Masterchef Brasil”. “Foi um belíssimo acaso que me fez voltar para tevê de um outro jeito. E gosto de pensar que ainda vou me interessar por muitas outras coisas na vida e realizar outras tantas”, explica Ana Paula, que não se arrepende de seus audaciosos passos profissionais ao longo dos anos.

“Não me arrependo de ter seguido meus desejos, minha curiosidade, minha permanente inquietude e de não ter atendido àqueles que me queriam eternizada em uma função em troca da aprovação dos outros. Essa pessoa não sou eu e, sabe, tenho muito orgulho de quem eu sou”, completa.

Durante a quarentena, Ana Paula Padrão também se rendeu ao universo das “lives” – Foto: Band / Divulgação

Em virtude da pandemia, a atual temporada do “Masterchef Brasil” estreou um novo formato com um campeão a cada episódio. De que forma isso alterou a dinâmica do programa?
O jogo ficou mais emocionante, mais rápido. As pessoas estão mostrando a personalidade mais rápido porque estão pressionados pelo tempo. Tudo é muito mais intenso. A gente consegue estabelecer torcidas e antipatias de forma muito fácil. Fiquei surpresa com isso porque, no início, fiquei com medo desse novo formato.

Como assim?
Achei que fosse pouco tempo para estudar e revelar um personagem. Conversei muito isso com a Marília (Mestiço, diretora). Será que dá tempo? O público estava acostumado a ir entrando no clima das pessoas ao longo dos episódios. Antes, tinha muito de o candidato guardar uma carta na manga ou não entregar sua personalidade ou caráter logo de cara. Esperavam um momento certo. Agora é tudo ou nada. Tem de entregar tudo o que cozinha logo de cara. Você conhece rapidamente e se apaixona rapidamente. Tive várias paixões relâmpagos nessa cozinha já.

Quando os trabalhos da nova temporada começaram, vocês estavam no início da pré-produção do programa. Como recebeu essa notícia da paralisação dos trabalhos?
Recebi com muita naturalidade o adiamento do início das gravações. Estávamos todos, no mundo inteiro, ainda tentando compreender que tipo de cenário se desenharia para o mundo do trabalho com uma pandemia. Foi muito responsável esperar um pouco e adaptar o formato a esse momento de emergência sanitária. Quando as gravações foram iniciadas, há poucas semanas, toda a produção já estava montada sob um protocolo rígido de normas de segurança que garante a todos mais tranquilidade para atuar no estúdio.

Você está à frente do “Masterchef” há seis anos. Ficou surpresa com a longevidade e o sucesso do programa ao longo das temporadas?
Nunca imaginei que seria o sucesso que é, mas acreditava sim que agradaria ao público brasileiro. Quando recebi o convite para apresentar o “Masterchef”, eu já tinha tempo suficiente na tevê para entender os gostos do cliente da televisão, os brasileiros que se sentam em frente à tela, todos os dias, para receber informação e entretenimento e que querem fazer isso em família. O “Masterchef” tem tudo que a família brasileira gosta: competição, bons personagens, um pouco de intriga, belas imagens, emoção – e tudo isso como regras claras de jogo. E não tem o que é polêmico: nudez e sexo, por exemplo. Eu sabia que ele não desagradaria ao público, mas não tinha ideia de que agradaria tanto.

De que forma sua experiência no jornalismo foi importante para conduzir o “Masterchef”?
Muito do meu treinamento de jornalista me ajudou a montar o personagem que conduz o “Masterchef”. Tentei me basear no que eu já conhecia: contar histórias. Então, guiei minha atuação no programa para um lugar de conforto para mim, que é o de elo entre as histórias dos participantes e o espectador. Sou a pessoa que também “traduz” a análise técnica dos “chefs” para um lugar real e compreensível para quem está assistindo ao programa, mas não necessariamente entende de gastronomia. Tudo isso é muito jornalismo e pouco show.

Em que sentido?
Não sou uma apresentadora clássica de programas de entretenimento que tem até a obrigação de colocar os holofotes sobre si para sustentar a produção. Sou uma jornalista que apresenta o que vai acontecer ali de um jeito mais terno e emocionante do que em uma bancada, mas também é uma forma de atuar na minha carreira, que é o que sei fazer.

Com a pandemia e as constantes crises políticas no Brasil, o jornalismo tem tomado um espaço fundamental na tevê. Você sente saudades de atuar no “hard news” ao ver grandes coberturas, como é o caso da Covid-19?
Saudade não tive, não. Apenas fiquei mais atenta ao noticiário e, como sou uma espectadora que já passou por experiências em coberturas tensas, muitas vezes imaginei o que faria diferente, por exemplo.

Você está constantemente se reinventando na carreira. Iniciou no jornalismo, foi para a bancada, foi correspondente internacional, chegou ao entretenimento e se lançou como empresária também. Você está sempre em busca dessa renovação ou são movimentos naturais que sua carreira sinaliza?
Em alguns casos, a maioria deles, eu planejei o próximo passo a partir da minha curiosidade ou da falta de desafios no contexto em que eu estava. No caso dessa experiência no entretenimento foi até uma surpresa para mim. Não deixei as bancadas do telejornalismo para migrar para o entretenimento, simplesmente aconteceu o convite e eu aceitei. De maneira geral sou bastante inquieta. Passo por momentos de tranquilidade no meu trabalho, mas, quando começo a entrar no terreno da acomodação, uma certa ansiedade passa a me rondar e automaticamente ligo as antenas para outros movimentos ao meu redor. Sou bastante curiosa e, se preciso mudar, não tenho medo. Ou melhor, tenho medo sim. Mas ele não me paralisa.

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