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Literatura

‘O pensamento feminista é pauta irreversível’, dizem autores de enciclopédia

'Livro do Feminismo' aborda a história do movimento social, bem como as suas principais linhas teóricas

Por Marina Zanaki

18 de agosto de 2019, às 07h59 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 11h11

Se hoje as mulheres podem ter propriedades registradas em seus nomes, escolher representantes políticos e decidir com quem casar, é graças aos esforços das primeiras feministas. O movimento social conseguiu melhorar as condições de vida das mulheres ao longo do tempo, garantindo direitos básicos que lhes eram negados simplesmente por uma questão de gênero.

As conquistas do feminismo não se restringem a propriedade, voto e casamento. Conhecer o movimento e suas diferentes teorias é essencial para entender que as pautas foram se atualizando ao longo do tempo. Contudo, por mais diversos que tenha sido ao longo do tempo, o movimento tem uma preocupação germinal – a igualdade entre homens e mulheres.

Os leitores brasileiros contam com uma nova ferramenta para conhecer mais sobre o feminismo. A Globo Livros lança o “Livro do Feminismo”, novo volume da coleção “As grandes ideias de todos os tempos”.

Foto: Divulgação
“Livro do Feminismo” aborda a história do movimento social

A obra é uma espécie de enciclopédia que faz uma viagem pelo tempo e pelas teorias feministas de maneira clara. Os editores Lucas Lima e Lara Berruezo lançaram mão de imagens, infográficos e boxes que vão direto ao ponto e explicam as teorias mais complexas. A reportagem entrevistou os editores por e-mail e entendeu o processo de produção da obra, bem como os objetivos de seu lançamento no país.

O livro segue uma ordem cronológica desde o surgimento das primeiras ideias feministas no século 18 até a chamada “quarta onda feminista”, nos dias atuais. Junto ao aspecto histórico, o livro traz uma abordagem completa sobre as variadas vertentes do feminismo, que de saída se caracteriza por ser um movimento amplo e diverso.

A edição conta ainda com dois capítulos exclusivos da edição brasileira, aproximando o livro para a realidade nacional. Um deles aborda a luta feminista durante a ditadura militar, com foco na icônica figura de Maria da Penha. O segundo tem um viés mais moderno e lembra da luta da vereadora Marielle Franco (PSOL), executada em março do ano passado.

Nasce-se mulher ou torna-se uma? Homens podem ser feministas? Ainda precisamos do feminismo no século 21? A proposta do Livro do Feminismo é responder questões como essas e outras ao explorar a luta por igualdade ao longo da história.

Foto: Monalisa Marques
“Como deste debate participam homens e mulheres, a publicação se destina a todos os públicos”, diz Lucas Lima

Como foi o processo de edição e organização da obra?

Lucas Lima: Após comprarmos os direitos de publicação da obra no Brasil, consultamos uma especialista para elaborarmos os capítulos inéditos da edição brasileira, com um conteúdo que abordasse questões pertinentes ao nosso leitor. Criamos, assim, dois capítulos exclusivos – um sobre as lutas feministas durante a ditadura militar com foco na figura de Maria da Penha, outro sobre as lutas contemporâneas – e incluímos também algumas entradas ao fim do livro para contemplar figuras feministas brasileiras, como Bertha Lutz e Marielle Franco.

Qual o período de abrangência e quais vertentes do feminismo são abordadas?

Lara Berruezo: O livro segue uma ordem cronológica desde o surgimento das ideias feministas na Inglaterra, no século 18, até a chamada “quarta onda feminista”, nos nossos dias. Consideramos o conteúdo da publicação bem completo: ele aborda o sufrágio feminino, a luta por direitos políticos, as discussões sobre maternidade, questões de gênero e sexualidade, o desenvolvimento das ideias feministas em países de culturas diversas (como Japão, Índia e países árabes), a filosofia feminista e o ativismo digital.

Vocês acreditam que conhecer a história do feminismo e toda a trajetória do movimento é importante para as pessoas que são feministas – e até para quem não é?

Lucas Lima: O pensamento feminista é pauta irreversível no debate contemporâneo. A partir daquela que já é chamada “quarta onda do feminismo”, surgida nas redes sociais, percebe-se o acirramento das discussões sobre questões feministas em nosso contexto, o que houve de avanços e retrocessos nos últimos tempos desde a revolução digital e as mudanças nas relações de trabalho no século 21. Nesse sentido, a publicação deste conteúdo colabora para a qualificação do debate, ao fornecer as bases históricas e os principais conceitos de um movimento tão plural. Como deste debate participam homens e mulheres, a publicação se destina a todos os públicos que busquem fundamentos, e nossa edição se destaca por fazê-lo com uma linguagem informativa.

Foto: Arquivo pessoal
“Combater os preconceitos, fornecer bases para a discussão e despertar o interesse é o objetivo de quem escreve livros”, afirma Lara Berruezo

Acreditam que o livro pode ajudar a esclarecer sobre o movimento e, em algum nível, combater um olhar preconceituoso que ainda resiste?

Lara Berruezo: Combater preconceitos, fornecer bases para a discussão e despertar o interesse pelo pensamento é o objetivo de quem escreve e publica livros. Em um momento no qual notamos uma crise da noção de verdade e o combate sistemático ao pensamento crítico, percebemos que as pessoas estão buscando se informar sobre os assuntos com conteúdo de qualidade.

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