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Literatura

Novo livro de Ruy Castro descreve em detalhes o moderno Rio dos anos 1920

Obra “Metrópoles à Beira-Mar” começa descrevendo o Carnaval de 1919, o primeiro depois da devastadora gripe espanhola

Por Luciano Assis

29 de março de 2020, às 07h43 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 11h10

Foto: Reprodução
O Rio de Janeiro dos anos 1920, uma cidade que dava as costas ao mar, mas que era moderna e cheia de gente interessante nas ruas

“A gripe está aí/ A Coisa não é brincadeira/ Quem tiver medo de morrer/ Não venha mais à Penha”. Essa composição do sambista Caninha, um dos pioneiros do gênero no início do século passado, foi o maior sucesso do Carnaval de 1919. Ele se referia à gripe espanhola, que assolou o mundo logo após o final da Primeira Guerra (1914-1918).

Em todo o mundo, o número de mortos chegou a 50 milhões ao final de 1918, segundo alguns historiadores. No Brasil foram oficialmente 35 mil, incluindo nomes como o poeta parnasiano Olavo Bilac e o ex-presidente Rodrigues Alves, que em 1904 tinha enfrentado a revolta da vacina, ao lado de Oswaldo Cruz.

Por tudo isso, o Carnaval daquele 1919 foi muito especial, como descreve em detalhes o jornalista, escritor e biógrafo Ruy Castro em seu mais novo livro, “Metrópole à Beira-Mar” (Companhia das Letras). A obra, que contextualiza de maneira inédita a importância da década de 1920 na então capital brasileira, o Rio de Janeiro (até então só se falava dos modernistas paulistas da geração de 1922), começa exatamente com o último Carnaval da década anterior, que mais que uma festa foi um exorcismo da alegria contida depois de anos do medo em razão de uma guerra e uma doença que não se via desde a idade média.

Passado pouco mais de um século, aqui estamos novamente, enfurnados em casa e com medo de um vírus que ameaça a vida de milhões de pessoas em todo o mundo.

O momento não é fácil, e as previsões dos meses que virão logo após esse surto do novo coronavírus não são das melhores. Mas se pensarmos que a história se repete – mesmo que como farsa, como diria Karl Marx – dá para ter um pingo de esperança de que esse momento também pode ser o impulso para um novo tempo, como foram os anos seguintes a essa outra gripe. E esse ótimo livro de Ruy Castro pode servir de inspiração nestes dias de quarentena.

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