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Zanaga

Moradores criam biblioteca e revitalizam praça no Zanaga

Nomes de escritores em placas de rua motivam moradores a criar biblioteca comunitária e revitalizar praça no bairro Antonio Zanaga

Por Rodrigo Pereira

18 de julho de 2019, às 07h54 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 11h11

Nas ruas do bairro Antonio Zanaga, em Americana, Cecília Meireles divide quarteirões com Lima Barreto, Mário de Andrade, Guimarães Rosa e Graciliano Ramos. Foi observando o nome destes e outros escritores nas placas de vias públicas das imediações que Alessandro Costa Barbosa deu uma ideia ao pai, Paulo Fernando Domingos Barbosa, e às irmãs Fernanda e Ana Paula: e se criassem uma biblioteca comunitária repleta por livros escritos por estes, que muitos das imediações só conheciam pelo nome?

Embora não englobe apenas obras dos autores clássicos que denominam os logradouros, o acervo foi se formando, com títulos que vão dos infantis e esoterismo a clássicos. Hoje, até DVDs estão disponíveis na geladeiroteca, quase cheia. Quem passa pelo local está livre para emprestar ou se tornar o novo dono de um exemplar.

Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal
Paulo Fernando Domingos junto aos livros que ele ajudou a arrecadar para a criação da biblioteca comunitária

“A gente começou a conversar com amigos, pedindo em rede social quem tivesse livro para doar, os vizinhos doaram, bastante gente trouxe livros, arrumamos uma geladeira e a gente colocou [os exemplares nela]”, conta Fernanda Costa Barbosa Balbina.

A biblioteca foi criada na Praça Hermes Fanelli, entre as ruas Osman Lins e Ary Barroso, mas antes dela foi iniciada uma revitalização no espaço, desencadeada por uma árvore que a família Barbosa plantou no local em comemoração aos 7 meses de vida do bisneto de Paulo. “A gente plantou o pé de abacate há um ano. Aí começou: ‘vamos fazer um arco de primavera?’. E assim foi indo, de pouco em pouco”, explica Fernanda.

Vieram brinquedos artesanais, implantação de bancos, uma slackline, um painel de temperos e outras mãos se agregaram ao projeto coletivo. Um jardineiro ofereceu o corte da grama, uma floricultura doou mudas de árvores frutíferas e logo as crianças poderão levar do local não apenas livros, como abacate, lichia, ameixa, amora e caqui. Parte da inspiração foi tirada de outras praças cuidadas por moradores em Americana, como a Vó Palmira e o Parque Tio Gága.

Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal
Espaço também foi revitalizado por moradores

Resgate

À criação da biblioteca se soma uma história engraçada sobre a geladeira que acomoda os livros da biblioteca comunitária. Doado por uma vizinha, o eletrodoméstico foi colocado na praça antes que chegassem os livros que comportaria. Mas alguém o levou, pensando que tivesse sido descartado.

“Aí, outro dia estou descendo [a Rua Osman Lins] e vejo um moço com a geladeira no quarteirão de cinema. Subi lá, expliquei a situação e ele falou que ela estava no meio da praça. Eu falei: ‘A praça tá bem cuidadinha, a gente não ia deixar lixo no meio da praça. Leva lá de volta e eu te dou um dinheiro para você devolver a geladeira’. Aí ele trouxe de volta e agora ela está amarrada (risos) para impedir que isso se repita”, relata Fernanda.

As doações foram tantas, que a minibiblioteca deve ser “ampliada” em breve. “Vamos ver se conseguimos uma maior. Vou conversar com um rapaz que arruma geladeiras e ver se tem alguma para descartar”, explica Paulo, que enfatiza o poder de empatia que a iniciativa proporcionou. “As pessoas passam a cuidar bem do ambiente”.

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