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Cultura

Filmada em 31 países, série ‘A Perfect Planet’ se inspira na natureza

Nova série da BBC ainda procura distribuição no Brasil

Por Agência Estado

04 de janeiro de 2021, às 07h11 • Última atualização em 04 de janeiro de 2021, às 09h38

Ao longo de seus 94 anos de vida, David Attenborough viajou o mundo atrás das maravilhas da natureza. Ele tem preferência em particular pelos mergulhos em recifes de corais. E adorou conhecer o Polo Norte e o Polo Sul, mas não faz questão de voltar. Porém, devido à pandemia, A Perfect Planet, seu mais recente trabalho, foi feito diretamente da sala de sua casa nos arredores de Londres.

“A única coisa boa disso que estamos vivendo é que ficamos mais conscientes da importância do mundo natural”, disse Attenborough em um evento virtual em novembro. “Eu mesmo nunca tinha notado tanto o canto dos pássaros. Percebemos nossa dependência emocional e intelectual do mundo natural como nunca tínhamos feito antes.”

A Perfect Planet, nova série da BBC que ainda procura distribuição no Brasil, fala das forças que tornam a Terra um planeta perfeito, e tanto Attenborough quanto os produtores esperam que abra os olhos das pessoas sobre o que está acontecendo no mundo.

“É extremamente atual”, disse o produtor Alastair Fothergill. “Os incêndios na Austrália e na Califórnia e os furacões devastadores que têm atingido os Estados Unidos deixam claro que nosso planeta perfeito tem sido perturbado pela força dominante, que hoje são os seres humanos.”

O programa está dividido em cinco episódios: vulcões, luz solar, clima, oceanos e seres humanos. Ao todo, foram quatro anos de filmagem, resultando em mais de 3 mil horas de imagens, registradas em 31 países dos seis continentes, incluindo o Brasil. Nesse período, a equipe passou por seis erupções vulcânicas.

São eles, os vulcões, os astros do primeiro episódio. “Os vulcões são destrutivos, mas a grande revelação é que nós não estaríamos aqui se não fossem eles”, disse Huw Cordey. “Eles criaram a atmosfera respirável, os oceanos e 80% da área terrestre.” E, por causa deles, existem alguns dos fenômenos mais impressionantes do globo, como o Lago Natron, na Tanzânia, formado por águas quase tão alcalinas quanto a amônia, onde vivem algas e micro-organismos que lhe dão cor vermelha. É ali que a maior parte dos flamingos-pequenos do mundo se reproduz.

Filmar na locação não foi fácil. Os pássaros se reproduzem a cada 5 a 8 anos e aparecem sem aviso, quando as águas baixam. Um produtor ficou de olho em imagens de satélite por dois anos para tentar prever quando eles viriam. Um aerobarco levou o cinegrafista Matt Aeberhard para o centro do lago, onde ele se escondeu em uma tenda para registrar as imagens, com os pés mergulhados na lama tóxica.

“Os cristais cortam a pele da perna, formando feridas que só se curam depois de meses”, contou ele. “O sal entra em tudo, nas roupas, no rosto, no cabelo. Eu parecia o fantasma do Sid Vicious.” Mas valeu a pena. Naquele ano de 2019, nasceram 995 mil bebês flamingo. Aeberhard também percorreu 13 horas de estrada a partir de Porto Velho para chegar à fronteira com a Bolívia e registrar as tartarugas de rio, passando por extensas áreas desmatadas. “As imagens ficaram muito boas porque havia uma luz suave. E a razão para isso é que as queimadas na Amazônia estavam por toda parte, dava para sentir a fumaça no ar.”

Foram muitas as situações perigosas enfrentadas pela equipe. A ilha Fernandina, nos Galápagos, é tão remota que mais pessoas já foram ao espaço do que até lá. O time teve oito horas de subida até o alto do vulcão, carregando água, comida e equipamentos, depois acampamento na borda seguida de uma descida íngreme e arriscada da encosta da cratera, onde iguanas colocam seus ovos na terra quente. A qualquer momento, poderia haver uma erupção ou avalanche.

Para Cordey, a série ajuda a ver a Terra de maneira global. “Tudo se encaixa perfeitamente. Não podemos pensar país a país, e sim como um todo. Durante muito tempo, tudo funcionou perfeitamente. Com a humanidade, isso mudou, especialmente nos últimos cem anos. Mas pode voltar a funcionar novamente. Essa série é uma celebração do nosso mundo.”

Como disse David Attenborough, os oceanos, a luz solar, o clima e os vulcões são forças poderosas que permitiram a vida aqui. “Eles fazem da Terra algo único, o planeta perfeito. Mas agora uma nova força dominante está mudando sua face: os humanos. Para preservar nosso planeta perfeito, temos de nos tornar uma força para o bem.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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