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Cultura

Festa no sítio dos baianos

Por Agência Estado

11 de fevereiro de 2021, às 07h16 • Última atualização em 11 de fevereiro de 2021, às 09h01

O famoso sítio onde os Novos Baianos moraram coletivamente nos anos 70 está disponível para festas. E agora com piscina, churrasqueira e um campinho de futebol de verdade.

Quase 50 anos depois, o local mudou de nome e não tem mais a atmosfera rústica da comunidade hippie-futebolística-musical que protagonizou um dos grandes momentos da música brasileira no século 20. Mas mantém o clima bucólico da época com vegetação, céu azul e a mesma vista para as montanhas que os músicos desfrutavam quando criaram o clássico disco Acabou Chorare, lançado em 1972, ano em que a turma se mudou para a propriedade.

Muitas vezes mencionado genericamente como um “sítio em Jacarepaguá” em reportagens, livros e documentários sobre o grupo musical, o sítio, na época chamado ‘Cantinho do Vovô’, agora é o ‘Sítio Sominho’, um espaço preparado para receber festas e eventos localizado no número 20.160 da Estrada dos Bandeirantes, em Vargem Pequena, na zona oeste do Rio de Janeiro.

Antes uma área de aspecto rural quase deserta, a região que fica a quase 40 quilômetros de distância da praia de Copacabana atualmente está um pouco mais urbanizada, mas – sem prédios e com vastas áreas verdes – continua com o ar interiorano que fez a alegria de Moraes Moreira, Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Galvão, Paulinho Boca de Cantor, Dadi e as outras quase 20 pessoas que habitaram o sítio por alguns anos na década de 1970.

Um pouco da vivência do grupo no local está no recém-lançado livro Caí na Estrada com os Novos Baianos, da produtora Marília Aguiar, ex-mulher de Paulinho Boca e que teve dois de seus três filhos com o artista quando moravam por lá. O livro traz novos detalhes de como foram os dias em comunidade no sítio:
“Mudamos para lá no dia 15 de abril de 1972. Tudo o que tínhamos coube um uma Kombi alugada e no fusquinha do Bola Morais, inclusive todos nós. Morais Moreira e Marilhona foram depois, porque nesse mesmo dia nasceu a Ciça (primeira filha deles).

Poucos dias depois, o carro do Bola quebrou e permaneceu sem conserto. Ficou estacionado perto do portão por tanto tempo que o mato tomou conta dele. Acabou assim, como se fosse um enorme vaso de plantas”.

Em outro trecho descreve: “Nossa chegada ao sítio foi uma alegria indescritível! O grande portão verde era pintado com uma bandeira do Brasil que ostentava, no lugar do lema positivista Ordem e Progresso, o nome do sítio: Cantinho do Vovô. Logo na entrada havia um gramado ideal para o futebol diário. No fundo do terreno encontramos muitas árvores carregadas de carambolas, peras, laranja, goiabas, jenipapos, bananas. Tudo ali era perfeito para nós.”

Mais adiante, Marília fala detalhadamente como era a estrutura do sítio na época e como os baianos e agregados se espalharam pelo lugar:

“No Cantinho do Vovô, não tinha água encanada, era preciso ligar uma bomba e puxar do poço. Havia duas casas ali, a do lado esquerdo era bem pequena, com cozinha, banheiro e dois quartinhos. Já a do lado direito era um sobradinho com dois quartos embaixo e um banheiro pequeno. E, na parte de cima, um salão grande com entrada independente e acesso por uma escada que ficava ao lado de fora. Esse sobrado era recoberto por ladrilhos brancos com o desenho de uma pomba estilizada.

No meio do terreno e encostado ao muro do lado esquerdo, havia um pequeno galpão transformado depois em estúdio, mas sem isolamento acústico e sem portas. Bem no fundo, ao lado direito, encontramos restos do que tinha sido um galinheiro. Atrás da cozinha da casa menor, em paralelo ao sobradinho, existia um pequeno terreiro cimentado com o poço no meio. Foi ali que instalamos depois um chuveirão ao ar livre…”

No atual sítio, recentemente reformado e batizado como Sominho em homenagem à região de Portugal onde nasceu o atual proprietário, as construções precárias descritas por Marília deram lugar a confortáveis instalações voltadas para comemorações, além de palmeiras e paisagismo floral.

Apesar de não haver no local nenhuma menção ao fato de o grupo musical ter vivido lá, um dos administradores conta que já aconteceu de pararem no portão para perguntar se ali era o sítio dos Novos Baianos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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