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Ator

Felipe Camargo: as faces de um herói

No ar em “Novo Mundo”, Felipe Camargo exalta o que os livros não contam sobre a vida de José Bonifácio

Por TV Press

19 de junho de 2020, às 08h38

Atuar em “Novo Mundo” foi como uma viagem no tempo para Felipe Camargo. O passeio começava a partir do suntuoso figurino de seu personagem, José Bonifácio, e ficava ainda mais intenso ao chegar na cidade cenográfica da trama.

“Novelas de época facilitam na concentração dos atores. Aos poucos, vamos entrando nesse mundo e esquecendo o contemporâneo que nos cerca”, valoriza. De volta ao ar como um dos maiores entusiastas da independência do Brasil, Felipe resolveu driblar um possível tom mais sisudo para o papel ao focar mais nas ambiguidades da biografia de Bonifácio do que na faceta herói contadas nas salas de aula.

Felipe Camargo – Foto: Divulgação / TV Globo

“Não quis deixar o personagem engessado ou preso aos seus feitos. Antes de tudo, ele foi um cara inteligente, à frente de seu tempo e que adorava uma farra”, brinca, entre risos.

Aos 59 anos, Felipe evidencia com muito trabalho e bom humor que deixou os “fantasmas” para trás. Depois de estrear como protagonista em “Anos Dourados”, de 1986, o ator experimentou de forma intensa os altos e baixos de uma carreira cercada de alguns escândalos de teor pessoal.

Com passagens pela Band e Manchete, foi na Globo que ele desenvolveu boa parte de sua carreira, em novelas como “Mandala” e “Despedida de Solteiro”.

Desde 2009, ano em que retornou ao posto de protagonista na minissérie “Som & Fúria”, Felipe passou a ser novamente um dos nomes mais disputados da Globo e aproveitou o bom momento para embarcar em trabalhos como “Cordel Encantado”, “Além do Tempo”, “Assédio”, “Espelho da Vida” e a recente “Todas as Mulheres do Mundo”.

“A última década foi incrível. Ótimas oportunidades apareceram e fiz personagens que me deram muitas alegrias. Completo 60 anos no próximo mês de agosto e estou cheio de disposição”, avisa o ator que não teve seu contrato renovado com a emissora, em sintonia com as práticas adotadas pela Globo para diminuir seu elenco fixo.

No entanto, está cotado para uma nova novela prevista para 2021. “É só uma nova forma de vínculo”, avalia.

José Bonifácio é um personagem importante da História do Brasil e teve seu devido destaque na trama de “Novo Mundo”. Como é rever seu desempenho no papel?
Estou adorando. Entre tantas notícias ruins, a volta dessa novela foi motivo de muita alegria para mim. Acho que foi uma decisão muito coerente da Globo, visto que refresca a memória do público para a estreia de “Nos Tempos do Imperador”, que virá na sequência. Mesmo tendo suas licenças poéticas, “Novo Mundo” é uma chance de o Brasil conhecer suas origens e dá uma grande dose de humanidade aos personagens históricos. Não sabia nada sobre o Bonifácio antes de ser escalado para o papel, por exemplo. Se bem que isso tem um lado bom e outro ruim.

Como assim?
Bonifácio é um sujeito muito famoso, mas é mais lembrado por dar nome a diversas ruas. Esse desconhecimento sobre a história dele me dá a chance de interpretá-lo com mais liberdade. Fui a fundo na pesquisa não apenas sobre os feitos dele, mas seu jeito, suas opiniões e o modo como ele era na intimidade. Ele é muito mais do que o patriarca da independência.

Qual foi sua descoberta mais curiosa sobre o personagem?
A personalidade bem humorada que equilibrava duas de suas grandes paixões: a ciência e a boêmia. Você não vê isso nos tradicionais livros de história (risos). Ao mesmo tempo que ele era extremamente estudioso e intelectual, também era um ser dos prazeres da noite, muito bem quisto pelas mulheres e amigos. Aliás, é esse lado mais notívago que o aproxima de Dom Pedro. Acho que a novela consegue retratar muito bem essa ambiguidade.

Além de revisitar “Novo Mundo”, você também participa de “Todas As Mulheres do Mundo”, série recém-lançada pelo Globoplay. Como é estar em evidência mesmo em tempos de pandemia?
O mais legal disso é saber que tenho trabalhado bastante e em produtos e personagens em que acredito. Minha participação na série é pequena e afetiva. Gosto muito do texto do Domingos de Oliveira e a produção tem um elenco incrível. Gravamos durante os últimos meses do ano passado e fico feliz que tudo tenha ficado pronto antes dessa pausa.

Como anda sua rotina durante a quarentena?
Estou exercitando a espera e aproveitando para me dedicar a coisas que gosto e não tenho muito tempo para me dedicar, como a fotografia. Em casa, estou fazendo de tudo um pouco, mas sem a pressão de lavar louça, cozinhar ou arrumar tudo de forma perfeita porque aí vira obrigação e fica chato. Tem dias que acordo bem entediado. Em outros, com ânsia de fazer de tudo um pouco. Para esses momentos, tenho uma pilha de séries para colocar em dia e estou lendo um livro de contos do saudoso Rubem Fonseca.

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