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Cultura

Explosivo e uma habilidade única no piano, Little Richard é um dos pais do rock

Por Agência Estado

09 de maio de 2020, às 13h59 • Última atualização em 09 de maio de 2020, às 14h22

Little Richard, um dos nomes mais importantes da música popular no século 20, morreu neste sábado, 9, aos 87 anos. A informação foi confirmada pelo seu filho, Danny Penniman, à revista americana Rolling Stone.

Ao mesmo tempo influenciado pelo gospel e pelo blues, de personalidade explosiva e uma habilidade única no piano, Richard é hoje considerado um dos pais do rock and roll como o conhecemos, e suas músicas se tornaram parte do cânone do gênero pelas gerações seguintes.

Richard nasceu em dezembro de 1932, em Macon, Georgia, local marcado pela segregação racial, e tocou saxofone na banda da escola. Aos 14 anos, como a “Princesa Lavonne, a excentricidade do ano”, Richard se apresentou vestido de mulher no show de Sugarfoot Sam, um artista local.

Em casa, sempre cantou muito alto, e ganhou o apelido de “War Hawk” (falcão de guerra). De família religiosa, cantava nos cultos da New Hope Baptist Church, uma igreja pentecostal que privilegiava a música. De 1955 a 1958, conheceu o sucesso.

A gravação de Tutti Frutti – música considerada a “mãe” do rock – aconteceu meio que por acaso em 1955. Na época, a Atlantic Records investia para tornar o jovem Richard numa espécie de rival de Ray Charles. Contratou músicos que trabalhavam com Fats Domino para uma sessão de com Richard. No início, nada de especial aconteceu. De repente, no estúdio, ele começou a martelar seu piano e a gritar Tutti Frutti, além de vocalizar a batida da bateria: “a-wop-bop-a-loo-lop-a-lop-bam-boom”. Ele havia bolado o ritmo trabalhando em meio período como ajudante numa estação rodoviária.

Depois do sucesso de Tutti Frutti, vieram outras faixas, como Long Tall Sally, Lucille, e participações em filmes como The Girl Can’t Help It, tudo ainda nos anos 1950, quando Richard “largou” a música pela primeira vez. Ele voltou à igreja e seus próximos passos se deram no campo gospel.

Ele retornou ao rock secular em 1964, saudado por jovens talentos como os Rolling Stones e Bob Dylan. Quando tocou em Hamburgo, em 1964, a banda de abertura era os Beatles. “A gente ficava nos bastidores do Star-Club em Hamburgo assistindo a Little Richard tocar”, disse John Lennon mais tarde. “Ele costumava ler a Bíblia e a gente sentava em volta só para ouvir ele falar. Eu ainda o amo e ele é um dos maiores.”

Nos anos 1970, ele ainda desfrutava de um destaque no circuito do rock and roll, com performances enérgicas e martelando o piano, ao mesmo tempo em que lutava contra o vício em drogas e seguia na igreja.

Ao longo da vida, a sexualidade de Richard foi tema constante de especulações, embora ele nunca tenha assumido uma sexualidade definida. Seus trejeitos extravagantes e visual andrógino, especialmente no início da carreira, deram o tom para muitos outros artistas que surgiriam nos anos seguintes, como Elton John, David Bowie e Prince.

Nos anos 1980, o artista participou de filmes como Um Vagabundo na Alta Roda (Down and Out in Beverly Hills) e das séries de TV Três é Demais e Miami Vice. Em 1986, ele foi conduzido ao Hall da Fama do Rock n’ Roll como um dos “10 originais”, e em 1993 ganhou um Grammy honorário pelo conjunto da obra.

Sua última gravação conhecida é de 2010, em um álbum tributo à cantora gospel Dottie Rambo.

Após 65 anos de carreira, o pianista e cantor anunciou em 2013 sua aposentadoria. Na época a poucos meses de completar seu 81º aniversário, problemas de saúde tornaram suas apresentações cada vez mais penosas. Em 2012, ele havia sido forçado a interromper um show no meio, dizendo à plateia: “Jesus, por favor me ajude, mal posso respirar”. Ele disse na ocasião que seu legado vinha de ele quando começou a carreira, quando ainda não havia o rock.

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