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Cultura

Estreia de ‘Domingão com Huck’ exibe baixa criatividade

Programa acabou sendo uma mistura entre o que Huck fazia no “Caldeirão” e Faustão no “Domingão”

Por Geraldo Bessa / TV Press

14 de setembro de 2021, às 22h40

Luciano Huck é do tipo que mede muito bem em cada passo de sua carreira. Na virada dos anos 2000, ao trocar a Band pela Globo, deixou de lado o jeito mais extrovertido e jovial para na busca por um público maior. Ao experimentar um tom mais certinho e encarar um programa de sábado carregado de um assistencialismo disfarçado, conquistou uma audiência familiar, criou uma imagem comercialmente eficaz e encontrou sua zona de conforto. E padece desde então de um bom-mocismo crônico.

O novo apresentador exibe a inevitável falta de sintonia com o formato e seus participantes – Foto: Divulgação

Apesar das críticas por sua postura insossa, além das aspirações políticas, se tornou um nome vitorioso na tevê. Por esse currículo, Huck acabou se tornando o substituto natural de Fausto Silva. Na teoria, tal transição seria feita com a aposentadoria do titular do “Domingão do Faustão” e de forma amigável. Na prática, Silva e Globo romperam a relação de três décadas com rusgas e mágoas. Sem saída, a estreia de Huck aos domingos foi adiantada em quatro meses e o resultado é o amador “Domingão com Huck”.

É estranho constatar que uma empresa de entretenimento do porte da Globo, com um “casting” poderoso de autores, diretores e marqueteiros não tenha conseguido chegar a um nome mais atrativo para o programa. O título empresta mofo a um dominical que deveria surgir renovado e atualizado. Na contramão, a estreia só mostrou anacronismo e uma nada azeitada mistura entre o que Huck fazia no “Caldeirão” e Faustão no “Domingão”. O principal problema dessa mistura é o ritmo.

Em um simples passeio pela programação de domingo à tarde das emissoras abertas é possível constatar que os programas são frenéticos. É claro que novas posturas devem ser testadas, mas o tom sonífero de um quadro como “Quem Quer Ser um Milionário?” causa estranhamento e preguiça. Fiel ao seu estilo, o Huck apostou todas as suas fichas em algo já visto exaustivamente e ainda tentou vender um programa morno e requentado como novidade.

Principal destaque da estreia, até mesmo a nova temporada do quadro “Show dos Famosos” ficou aquém do esperado. Com ótima produção e participação de Xuxa Meneghel no time de jurados, faltou emoção na condução de Huck. A postura toda certinha e pausada do novo apresentador exibe a inevitável falta de sintonia com o formato e seus participantes, deixando o público até com uma certa saudade do estilo verborrágico e naturalista de Faustão.

Com média de audiência satisfatória, de cerca de 18 pontos e líder absoluto no horário, o “Domingão do Huck” carece de direcionamento e está longe de atualizar a programação de um dia tão tradicional. No dia em que Huck deveria brilhar e exibir seu talento como comunicador, o que chamou mesmo a atenção e virou chacota nas redes sociais foi a versão desastrosa da cantora inglesa Amy Winehouse interpretada pelo aspirante a ator e cantor Fiuk. De forma nada inspirada, a Globo perdeu a chance de fazer história e mostrar que está pronta para um novo domingo.

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