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Cultura

Emmy exalta série e telenovela brasileiras

"Órfãos da Terra" e "Ninguém Tá Olhando" levaram categorias de destaque no Emmy Internacional

Por Agência Estado

24 de novembro de 2020, às 07h00 • Última atualização em 24 de novembro de 2020, às 12h09

Duas produções brasileiras levaram categorias de destaque no Emmy Internacional, cujos prêmios foram entregues nesta segunda-feira, em cerimônia transmitida ao vivo de Nova York: “Órfãos da Terra”, produção da Globo escrita por Thelma Guedes e Duca Rachid, com direção artística de Gustavo Fernandez, ganhou o prêmio de melhor telenovela; “Ninguém Tá Olhando”, a série da Netflix e da Gullane Entretenimento, escrita e criada por Daniel Rezende, levou o concorrido troféu de melhor comédia.

Em conversa rápida com o Estadão na tarde de ontem, Rezende contou estar muito feliz e também surpreso. “Quando a gente cria um filme ou uma série, nunca o faz pensando num prêmio, mas sim em contar uma boa história. Aí de repente tem uma série, brasileira, da Netflix, que ganha o maior prêmio de séries do mundo… é muito inacreditável”, comentou. Para o diretor – indicado ao Oscar e vencedor do BAFTA pela montagem de Cidade de Deus (2002) – a surpresa veio por ele considerar que a Academia escolheria uma série com temas mais atuais e contemporâneos. “Achei que outras venceriam, porque os nossos temas são mais filosóficos. É um reconhecimento mundial de uma série que talvez o Brasil não tenha reconhecido, ou o que quer que seja. Nenhum de nós esperava.”

Em Ninguém Tá Olhando, Victor Lamoglia vive Ulisses, um Angelus – um ser criado pelo “Chefe” para interferir na sorte dos humanos, respeitando um sistema de regras básicas, estritamente seguido pelos seus companheiros mais antigos. Usando a figura do anjo da guarda e com produção cuidadosa, a série reflete sobre temas densos – como o livre-arbítrio, as fronteiras entre o bom e o mau, amor – em tom de comédia, num universo à parte.
Anunciada pela Netflix em 2019 como parte de um plano de expansão das produções nacionais e lançada na plataforma em novembro do ano passado, a série foi cancelada pela plataforma em março deste ano.

“Isso a gente não controla”, comenta Rezende. “Nós trabalhamos muito na dramaturgia, nos personagens, no valor de produção, construindo um tipo de humor que não se faz muito no Brasil. A comédia brasileira não cria mundos e realidades que não existem, mas nós fomos criar um universo, tentar desconstruir padrões.” O diretor – o nome por trás de Bingo, o Rei das Manhãs e Turma da Mônica: Laços – denomina Ninguém Tá Olhando como uma “comédia existencialista”.

Mesmo assim, ele afirma que adoraria dar continuidade ao projeto. “A série foi superbem, conseguimos botar na tela a ideia original, e para isso a Netflix abraçou a ideia desde o começo, incentivando uma produção com um conceito original muito forte. A premiação mostra que talvez o Brasil e o resto funcionem de modo diferente”, aponta, referindo-se, entre outras questões, à pouca atenção crítica que a série recebeu no País desde o lançamento.

“Estamos muito felizes”, comentou ainda. “Um grande nacionalismo é dar atenção a nossas produções, e não lutar contra elas. Nessa série, fizemos personagens brasileiros, falando em língua portuguesa, fazendo questionamentos humanos profundos. Gosto muito da nossa série porque ela questiona nossa existência e ao mesmo tempo faz rir.”

O diretor disse não poder compartilhar no que está trabalhando no momento, mas garantiu que a parceria com a produtora dos irmãos Gullane continua. “Temos o pensamento de que, para fazer dramaturgia no Brasil, precisamos prestar atenção na qualidade da dramaturgia, dos personagens e da produção, que assim a obra vai se comunicar com o público. Espero que o prêmio incentive outras séries a pensarem nesse caminho.”

Ninguém Tá Olhando segue disponível na Netflix – a plataforma não se manifestou sobre o prêmio, nem nas redes sociais. O roteiro é assinado por Mariana Trench Bastos, Mariana Zatz, Leandro Ramos, David Tennenbaum, Cauê Laratta, Felipe SantAngelo e Rodrigo Bernardo. Sob a direção geral de Rezende, o showrunner, a série é dirigida por ele mesmo, Fernando Fraiha e Marcus Baldini.

Órfãos da Terra

A Globo também amealhou um novo Emmy Internacional com a novela exibida no ano passado (são 17 na história da emissora, nas 48 edições do prêmio). É o terceiro prêmio internacional de Órfãos Da Terra, que já recebeu o Grand Prize no Seoul Drama Awards, e, em 2019, ganhou ainda o Rose DOr Awards. Segundo a Globo, a produção foi licenciada para mais de cinquenta países, entre eles México, Uruguai e Bolívia.
Em um comunicado, as autoras da novela (que já haviam levado um Emmy em 2014 com o trabalho na novela Joia Rara) se disseram emocionadas especialmente por conta da temática da obra. “É muito gratificante saber que uma história que saiu de sua cabeça, de seu imaginário, de sua arte, chegou a tanta gente em tantos lugares diferentes. Vencer o Emmy Internacional, considerado o Oscar da TV mundial, é uma honra e uma responsabilidade enorme”, comemorou Thelma Guedes.

“É muito bom ter o seu trabalho reconhecido. É o momento de celebrar, depois da estiva de fazer uma novela. E dessa vez tem um gosto ainda mais especial, que é saber que nossa história de acolhimento e empatia tem sensibilizado pessoas em todo o mundo”, complementou Duca Rachid.

A novela está disponível para os assinantes do serviço de streaming Globoplay.

OUTROS VENCEDORES

Programa de arte
Vertige de la Chute (Ressaca) (Babel Doc / France Televisions, França)

Melhor ator
Billy Barratt em Responsible Child (Kudos / 72 films, Reino
Unido)

Melhor atriz
Glenda Jackson em Elizabeth is Missing (STV Productions; Reino Unido)

Documentário
For Sama (Channel 4 News / ITN Productions / PBS Frontline,
Reino Unido)

Série dramática
Delhi Crime (Ivanhoe Pictures / Golden Karavan / Poor Mans
Productions / Netflix, Índia)

Séries curtas
#martyisdead (Bionaut / MALL.TV / cz.nic, República
Checa)

Filme de TV/Minissérie
Responsible Child (Kudos / 72 films, Reino Unido)

Programa de entretenimento sem roteiro
Old Peoples Home for 4 Year Olds (Endemol Shine Australia,
Austrália)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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