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Cultura

Emilio Dantas com os olhos no agora

Protagonista de “Todas as Mulheres do Mundo”, ator rejeita estigma de galã na vida e na ficção

Por Geraldo Bessa / TV Press

01 de agosto de 2020, às 10h12 • Última atualização em 02 de agosto de 2020, às 18h16

Louro, olhos claros e cara de bom moço, Emílio Dantas tem todos os atributos para se “vender” na tevê como um novo galã. No entanto, o intérprete do passional Paulo de “Todas as Mulheres do Mundo” tem verdadeira ojeriza ao rótulo. “Para ser galã, além de atuar, o sujeito precisa ter aquela postura mítica e ser dono de uma beleza conceitual. Não sou o típico fortão ou amante latino. Então, só me resta rir de quem acha que posso encarar esse posto”, desdenha, às gargalhadas.

Protagonista da série que homenageia a obra do dramaturgo Domingos de Oliveira, Paulo é arquiteto por formação e poeta de coração, do tipo que mergulha de corpo e alma em cada uma das relações que vive.

O ator teve a ajuda do próprio Paulo José que forneceu diversas referências para Emilio reinventar o papel mais de 50 anos depois – Foto: Globo / Divulgação

Tendo a paixão como combustível para a vida, em 12 episódios, a série retrata as diversas vezes em que ele se apaixona à primeira vista. A única que consegue marcá-lo de fato é Maria Alice, personagem interpretada por Sophie Charlotte. Mesmo sob o forte contexto romântico, o ator trata logo de distanciar o personagem da figura clássica do galã. “Existe um romantismo, mas não é esse o ponto central da história. A série fala dos encontros da vida e em como a gente aprende com cada nova experiência”, analisa.

Assim que foi convidado para o projeto, Emilio fez questão de fazer um mergulho na obra de Domingos. O início de tudo foi o longa homônimo da série, de 1966, onde o personagem principal é vivido por Paulo José. “Não conhecia muito a obra do Domingos e fiquei muito encantado pelo universo que ele criou. O personagem Paulo protagoniza a cena, mas está longe de ser um mocinho. Meu primeiro trabalho foi tentar compreender a postura errante dele”, conta.

Neste percurso, o ator teve a ajuda luxuosa do próprio Paulo José que, do alto de seus 83 anos, forneceu diversas referências para Emilio reinventar o papel mais de 50 anos depois. Com o machismo de Paulo ainda entranhado no texto, Emilio acabou embarcando em um processo de reavaliar suas próprias atitudes ao longo da vida.

Para o ator, o lapso temporal fez o roteiro questionar a relação tóxica do protagonista com as mulheres de forma mais incisiva. “A série acaba por rever o conceito do que é masculino dentro de um tom de comédia romântica. Todas as personagens se envolvem com ele têm outras opções. É bacana essa liberdade e força feminina que explode dentro do texto”, analisa.

SÓ MULHERES

Gravada ao longo do segundo semestre do ano passado, “Todas as Mulheres do Mundo” fez juz ao título com uma equipe de produção 80% formada por mulheres: da idealização de Maria Ribeiro, ao roteiro de Janaina Fischer e a direção de Patrícia Pedrosa.

Em cena, Emilio contracenou com nomes como Martha Nowill, Lilia Cabral e Fernanda Torres, entre outras. Emilio utilizou o ambiente majoritariamente feminino também como inspiração. “As conversas nos intervalos eram muito enriquecedoras. Em cena, também acatei diversas sugestões para que o personagem ficasse mais realista”, explica.

MÚSICA

Carioca de sotaque carregado e apaixonado pela cidade – apesar da situação crítica -, Emilio Dantas começou sua carreira artística na música. Em meados dos anos 1990, sua performance à frente de bandas formadas com amigos acabou o levando para os musicais de teatro e trilha sonora de cinema.

Incentivado pelo ator e coordenador de oficina de atores da Record, Roberto Bomtempo, enviou seu material para a emissora e assim estreou na tevê com um pequeno personagem no especial “Balada, Baladão”, de 2010.

Já no ano seguinte, encarou um personagem de destaque na minissérie bíblica “Sansão e Dalila” e, posteriormente, esteve no elenco da controversa “Máscaras” e do “remake” de “Dona Xepa”. Na ânsia por outras oportunidades, acabou não renovando com a Record e transferiu-se para Globo, onde já chegou como antagonista do sucesso “Além do Tempo”, de 2015. Por seu bom desempenho como o vilão Pedro, foi chamado para viver o traficante Rubinho de “A Força do Querer”, novela que está cotada para ser a próxima reprise do horário das nove.

Na sequência, protagonizou “Segundo Sol”, onde viveu o cantor de Axé Beto Falcão. “Fui me agarrando às boas oportunidades. Rubinho foi meu encontro com o público e acho que o Beto ampliou esse contato. A visibilidade da televisão é algo inacreditável e ainda me assusta um pouco. Apesar do pouco tempo de estrada, estou realmente animado com o caminho que estou trilhando”, destaca o ator que, antes da quarentena, estava ocupado com os trabalhos de “Fim”, série baseada no livro de Fernanda Torres, cujo o retorno às gravações seguem indefinidos.

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