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Televisão

Em “Gênesis”, Ângelo Paes Leme retorna ao gênero bíblico

Na pele do audacioso Terá, ator esbarrou com questões e desejos atemporais e comuns aos mais variados momentos da humanidade

Por Caroline Borges / TV Press

27 de fevereiro de 2021, às 08h46 • Última atualização em 27 de fevereiro de 2021, às 08h50

À primeira vista, Ângelo Paes Leme precisaria mergulhar intensamente no longínquo período bíblico de “Gênesis”. No entanto, ao se deparar com as primeiras características do ambicioso Terá, o ator esbarrou com questões e desejos atemporais e comuns aos mais variados momentos da humanidade.

O último trabalho de Ângelo na Record havia sido na trama de “O Rico e Lázaro”, exibida em 2017 – Foto: Divulgação

Na história, Terá chega à Ur do Caldeus, uma cidade repleta de oportunidades, com o sonho de prosperar e melhorar de vida. “Terá é um personagem incrível. Tem uma densidade dramática intensa. Tive diante de mim experiências bem fortes, experiências muitas vezes terríveis e dramáticas do personagem. Fiquei muito feliz de poder me entregar a isso e fazer com a maior dedicação possível. Foi um personagem que me permitiu uma entrega dramática imensa. Tive a chance de viver experiências extremas que iam do êxtase absoluto até a uma dor terrível. Um grande papel”, defende.

Natural do Rio de Janeiro, Ângelo estreou na tevê na minissérie “Contos de Uma Noite de Verão”, exibida em 1993, na Globo. Na emissora, passou boa parte de sua juventude e integrou produções de destaque, como “Por Amor”, “A Muralha”, “Uga Uga” e “Chocolate com Pimenta”.

Em 2006, o ator estreou na Record, onde participou de “Vida Opostas”. “Entrei na Record com 32 para 33 anos. É uma idade de mudanças importantes. Me contrataram em um momento de amadurecimento. Tive um crescimento enorme como artista na emissora”, valoriza.

Seu último trabalho na Record havia sido na trama de “O Rico e Lázaro”, exibida em 2017. Como surgiu a oportunidade para “Gênesis”?

Ângelo Paes Leme Tenho uma parceria de 14 anos com a Record. É uma parceria intensa com o diretor Edgar Miranda. Ele me dirigiu na minha primeira novela na emissora. Fizemos muitas coisas juntos. “Gênesis” é resultado dessa parceria bem sucedida. Muito feliz de fazer mais um grande trabalho e um papel tão especial na Record. É uma produção muito sensível e mostra histórias nunca antes vistas na teledramaturgia. Muito feliz com a retomada dessa parceria.

O que mais o atraiu no convite para integrar o elenco de “Gênesis”?

Ângelo É uma megaprodução. Por conta de sequências como a do Dilúvio, a novela tem efeitos especiais incríveis. Tudo é feito com grande esmero. Acho que isso tudo é resultado de uma qualidade que a Record tem buscado em suas produções há muito tempo. É um processo feito com muito cuidado. A escolha do texto, direção e elenco são etapas muito cuidadosas. Cada capítulo de “Gênesis” tem uma riqueza impressionante nos cenários, iluminação, fotografia e figurinos. A arte visual da novela é muito bonita. Eu já sabia que seria um grande texto e uma grande história. Fiquei positivamente impressionado com a força dramática do texto.

Com uma forte ambição, Terá chega em Ur dos Caldeus em busca de uma vida melhor. De que forma ele consegue alcançar seus desejos?

ÂngeloO Terá vem de um lugar pobre e de poucas oportunidades. Assim como outras pessoas, ele tem o sonho de prosperar, vencer na vida e ter melhores condições. Naquele tempo Ur era considerado um polo comercial. Então, ele vê naquele lugar uma oportunidade prosperar. Ao mesmo tempo que ele prospera, Terá começa a se envolver na vida e nos costumes daquela cidade. Lá, por exemplo, era permitido ter mais de uma esposa. Essas questões começam a abalar o casamento dele, a fidelidade e a própria religião. Ele acaba seduzido. Esses conflitos vão se acentuando ao longo dos capítulos.

A história de Terá é pouco citada na Bíblia. Onde você buscou referências e inspirações para construir o personagem?

Ângelo Pois é, de todas as histórias contadas, a trama do Terá é a que menos se consegue fontes na Bíblia. Então, coube um desenvolvimento maior, mas, claro, respeitando todas as pesquisas históricas. Eu gosto muito de me basear no texto. O roteiro da novela já apresentava uma complexidade gigante. O personagem tem sentimentos muito contraditórios. Por isso, com a ajuda da direção, mergulhei no texto para viver o Terá.

No ano passado, você começou gravando suas primeiras sequências no Marrocos. Como foi esse período de gravações internacionais?

Ângelo Fomos o primeiro grupo a chegar no Marrocos para gravar. Gravei apenas cinco dias. Nas últimas produções bíblicas que participei não viajei para fora. Em “José do Egito”, gravei no interior de Minas e outros lugares. Foi um período curto no Marrocos, mas foi ótimo. Fortaleceu muito nossa história. Não só visualmente. Dá uma riqueza enorme aos capítulos já que os locais têm a propriedade, são reais. Ajudou muito a transportar para o personagem e sentir o calor.

Após participar de “O Rico e o Lázaro”, você passou um pouco mais de um ano fora da Record. Como foi esse período longe da emissora?

Ângelo Esse período que fiquei fora ocorreu por várias questões e muitas nem diziam respeito ao meu trabalho na Record. Eu sentia que precisava sair naquele momento e foi o que aconteceu. Fiz alguns trabalhos pequenos, como “Malhação – Vidas Brasileiras”, na Globo, e “Coisa Mais Linda”, da Netflix. Após esse momento, reatei minha relação com a Record.

Qual o balanço que você faz desses 14 anos na emissora?

Ângelo Gosto muito de trabalhar na Record. Mais do que amadurecer como ator, eu amadureci como homem. Tive um crescimento artístico enorme. Comecei na Globo muito jovem, um adolescente com 16 para 17 anos. Fiquei lá até meus 30 anos. Sentia que precisava de papéis com uma densidade dramática maior. Apesar de ter trabalhos complexos e contraditórios, eu fazia muita comédia na Globo. Antes da Record também tive experiências muito boas no cinema, como os filmes “Muito Gelo e Dois Dedos D’Água” e “Os Desafinados”. Meu diálogo com a Record também sempre foi muito bom.

Como assim?

Ângelo Eu tenho esse vínculo longo com a Record, mas eu também fiz alguns projetos fora com o consentimento e entendimento da emissora. Fiz a série “Acerto de Contas”, do Multishow, e, na época, eu estava contratado da Record. Também fiz alguns projetos no cinema nessa época.

Recentemente, a trama de “Chocolate com Pimenta” foi reprisada no Canal Viva e também entrou no catálogo do Globoplay. Você gosta de rever seus projetos antigos?

Ângelo Não sou muito de rever trabalhos. Durante a exibição, eu gosto de ver, não vejo problema. Gosto de ver os trabalhos dos colegas, mas depois que foi ao ar não tenho saudosismo. Às vezes, sem querer, me pego vendo alguma coisa quando estou andando na rua ou passando na frente da tevê. Mas sei que “Chocolate com Pimenta” fez um sucesso enorme novamente no Viva. Foi uma novela muito divertida, engraçada. Um trabalho muito especial.

Um novo mundo

Logo após voltar das gravações no Marrocos, Ângelo Paes Leme se deparou com o início da famigerada pandemia do novo coronavírus no Brasil. Com o anúncio das medidas de isolamento social, o ator viu as gravações em estúdio serem suspensas. “Entendi que, mais cedo ou mais tarde, os trabalhos iriam voltar. Aproveitei esse tempo isolado para fazer coisas que eu gosto e que tinha mais tempo. Fiquei em um lugar tranquilo esperando tudo acalmar”, afirma.

Em outubro, Ângelo foi convocado para voltar aos estúdios e retomar as gravações. O ator encerrou os trabalhos no início de fevereiro. Ainda por conta da Covid-19, ele seguiu diversas regras e protocolos de segurança no combate ao vírus. “Foi uma experiência diferente, mas deu tudo certo. A Record foi bem rigorosa com as regras e tomávamos todos os cuidados possíveis. O ritmo de gravação foi mais lento, mas conseguirmos realizar tudo”, ressalta.

SOBE SOM

A música é um antigo interesse de Ângelo. Desde os nove anos, o ator toca violão e, aos 12, iniciou seus estudos na Escola de Música Villa-Lobos, no Rio de Janeiro. Porém, foi em 2017 que o universo musical aflorou com força em sua trajetória ao lançar seu primeiro CD, “Nu”. “Eu sempre penso na música. É algo que mexe bastante comigo. Durante as gravações de ‘O Rico e Lázaro’, gravei meu primeiro CD e foi uma experiência incrível. Tive a chance de trabalhar com grandes nomes da música. Gostei muito do resultado”, valoriza.

Ângelo não pretende parar no primeiro disco. O ator tem planos para lançar um segundo trabalho no futuro. “Quero lançar novos singles. Talvez um LP com três ou quatro música. Tenho algumas ideias na cabeça, mas não tenho pressa ou cobrança”, aponta.

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