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Entrevista

Dan Stulbach aproveita reprise para conferir desempenho em ‘Fina Estampa’

Enquanto aguarda volta aos estúdios, ator relembra os dilemas do Paulo na novela

Por Geraldo Bessa / TV Press

26 de agosto de 2020, às 10h15

A agenda de Dan Stulbach costuma ser atribulada. Com diversos projetos no rádio, tevê, cinema e teatro, a personalidade multimídia é motivo de orgulho para o ator. A quarentena, entretanto, o obrigou a se desligar um pouco do trabalho e focar na vida em isolamento familiar.

Entre a lavagem da louça e a lição de casa dos filhos, sobra tempo para o ator conferir seu desempenho em “Fina Estampa”, novela exibida originalmente em 2011 e atual reprise do horário das 21h. “Não costumo e nem gosto de me assistir, mas esse trabalho me traz boas lembranças e acabo acompanhando algumas cenas. Tenho me divertido bastante e lembrado da alegria que rolava nos bastidores”, conta o ator.

Natural de São Paulo, a ligação de Dan com a atuação começou de forma amadora, ainda nas peças do Colégio Rio Branco. Apaixonado pelos palcos, onde estreou profissionalmente aos 20 anos, ele demorou a se interessar pela televisão. “Não era preconceito, apenas não tinha ligação com o veículo”, garante.

Depois de pequenas participações em séries e novelas, o ator ficou conhecido nacionalmente em 2003, ao dar vida ao violento Marcos de “Mulheres Apaixonadas”. A partir daí, desenvolveu uma íntima e criteriosa relação com o vídeo, onde acumula papéis de destaque em novelas como “Senhora do Destino” e “A Força do Querer”, além de séries como “Queridos Amigos” e “Som & Fúria”.

Em breve, Dan poderá ser visto na série “Filhas de Eva”, do Globoplay, e em “Além da Ilusão”, trama das seis assinada por Elizabeth Jhin. “Estava me preparando para fazer a novela quando a quarentena foi decretada. Então, um período de muito trabalho me espera assim que tudo voltar ao normal”, ressalta.

Entre a lavagem da louça e a lição de casa dos filhos, sobra tempo para o ator conferir seu desempenho em “Fina Estampa” – Foto: Globo / Divulgação

“Fina Estampa” voltou ao horário das nove com números expressivos de audiência e boa repercussão popular. Como foi esse retorno para você?
Uma grande surpresa. A pandemia ser a motivação dessa reprise é triste, mas fiquei feliz de fazer parte de uma produção que tem o poder de entreter o público nesse momento tão complicado. Acabou que todo esse movimento uniu de novo o elenco, e a gente passou a se falar mais pelas redes sociais. Fiz muitas amizades nesse trabalho.

Aguinaldo Silva é um autor importante na sua trajetória televisiva. O que o aproximou do texto dele?
Gosto do jeito que ele conta as histórias e em como gosta de tirar os atores de suas zonas de conforto. Encaro “Senhora do Destino” (2004) como a consolidação da minha relação com a tevê depois do “boom” de “Mulheres Apaixonadas” (2003). O texto do Manoel Carlos não foi minha estreia no vídeo, mas é como se tivesse sido. E a leveza com que o Aguinaldo conduziu a história do Edgard era a melhor saída para que as pessoas ligassem meu nome a outro personagem. Foi um encontro profissional que rendeu frutos, como o Paulo de “Fina Estampa” e o Eurico de “O Sétimo Guardião”.

Após quase uma década, você sentiu algum estranhamento em se ver em cena interpretando o Paulo?
Eu sofro me assistindo. Não importa se é algo novo ou antigo (risos). Na verdade, acho que causou mais estranhamento nas pessoas por conta do meu cabelo, que estava bem grande e volumoso na época. No geral, gosto da repercussão que a novela está gerando. O Paulo tem uma história bacana de quebra de paradigmas e adaptação.

Em que sentido?
Paulo e Esther (Julia Lemmertz) forma um casal muito complicado. Aquela famosa busca por uma felicidade conjunta, se revela muito diferente do que cada um imaginava para si. Esse aprendizado de que temos de nos adaptar, mudar e aprender para viver a felicidade do casal foi abordado de forma muito interessante pelo Aguinaldo (Silva).

O Paulo alterna entre momentos de empatia e de egoísmo. Você teve alguma dificuldade para interpretar as ambiguidades do papel?
Personagens naturalistas são os mais difíceis, pois é preciso evitar certos exageros na atuação. O Paulo é cheio de realidade. Um homem com qualidades e defeitos, dividido entre o bem e o mal. Assim como qualquer pessoa, em alguns momentos ele está supercalmo e racional, em outros, tem seus ataques. Existe uma sequência lógica nele, como se fosse na vida. Essa alternância dele me preocupou bastante, pois é o tipo de personagem que exige uma interpretação mais madura. Mesmo sendo autocrítico demais, fiquei satisfeito com minhas sequências.

Tem alguma cena que o marcou em especial?
Me lembro bem de duas. A primeira é uma discussão forte do casal, quando eles decidem se separar. Gravamos sem ensaio, fizemos uma vez e foi ao ar assim mesmo, sem cortes, em um rompante só. A equipe técnica foi genial, acompanhavam nossos movimentos. Uma dança coletiva que envolveu todo o estúdio e terminou em um aplauso geral. A segunda cena foi tipo um teste do que eu ainda iria enfrentar na vida.

Como assim?
Foi a sequência onde o Paulo ficava sozinho com a filha da Esther e tinha de cuidar dela recém-nascida. Não há como ensaiar um bebê. Então, foi tudo no improviso. Eu não tinha filhos na época e também não sabia fazer nada. Fui auxiliado por profissionais, mas é claro que me atrapalhei todo. A galera atrás das câmeras ria da minha falta de jeito. Navegávamos entre o cômico e o caos. Até que tudo foi se acertando e uma emoção bonita contagiou a todos. E a minha descoberta foi igual à do personagem. Me tornei pai logo depois da novela e sempre que ia trocar a fralda dos meus filhos lembrava da cena.

Antes da quarentena, você finalizou sua participação na série “Filhas de Eva” e estava fazendo a preparação para “Além da Ilusão”, trama das seis que teve estreia adiada para o ano que vem. Como a pandemia afetou sua rotina?
Me isolei com minha família e tenho um ritual diário: Acordo cedo e gravo minha parte do “Fim do Expediente”, programa de rádio da CBN que está sendo feito todo de forma remota. Depois desse compromisso, ajudo na aula dos filhos, preparo o almoço, lavo a louça, levo o cachorro para passear, arrumo a casa e termino essa maratona doméstica vendo o noticiário, a novela ou algum filme projetado na parede. Estou focando no que é possível e está ao meu redor.

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