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Volta ao lar

Músicos homenageiam Americana em EP instrumental

Músicos americanenses com trajetórias de sucesso no exterior revisitam memórias da juventude

Por Isabella Holouka

29 de novembro de 2020, às 08h33 • Última atualização em 29 de novembro de 2020, às 08h39

Ressignificar a própria história através da música é o que fizeram o compositor e produtor musical Gian Berselli e o compositor e instrumentista Marcelo Politano, ambos de 31 anos, no EP com três músicas e estilo Lo-Fi entitulado “Mgnfi Americana”, produção instrumental que pode ser conferida pelo YouTube.

Com trajetórias de sucesso no exterior, eles se inspiraram na cidade em que nasceram e cresceram para compor as músicas, que transmitem a jornada dos músicos.

Avenida Brasil: Capa do EP dos músicos de Americana retrata um dos cartões postais da cidade – Foto: Divulgação

Gian tem mais de oito anos de experiência como compositor de trilhas e produtor musical e atualmente vive em Berkeley, na Califórnia, Estados Unidos. Com currículo acadêmico expressivo, incluindo instituições no Exterior, já se dedicou a filmes, programas de TV, comerciais e produção de álbuns. Também possui um podcast focado em artes, terapias holísticas e bem-estar, chamado “O Shamã Urbano”.

Já Marcelo busca explorar o diálogo entre tradições locais e universais através da música. Assim como Gian, teve a formação inicial em Americana e graduação na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), seguindo depois para estudos musicais e de composição no exterior, no Canadá, na Holanda, e atualmente na Estônia, na capital do país, Tallinn.

Dentre seus projetos artísticos, destacam-se os trabalhos com a Orquestra do Conservatório de Amsterdam, com o Nieuw Ensemble e o Atlas Ensemble, além de inúmeras gravações de instrumentos de sopro étnicos para projetos audiovisuais.

Ao LIBERAL, Gian contou que visitava a família em Americana no primeiro semestre deste ano e o que era para ser uma viagem de apenas 20 dias se transformou em uma estadia de 7 meses, devido à pandemia do novo coronavírus.

“Acabei sendo forçado a rever muitas coisas. E nada melhor do que fazer esse trabalho através da música”, confidencia. E foi em contato com a cidade, com a família e a cultura brasileira que ele revisitou momentos e começou a compor o que mais tarde seria o EP “Mgnfi Americana”.

Antes, convidou Marcelo, amigo com quem experimentou a música desde a infância.

“Começamos a lembrar de coisas e pensar como foi viver na cidade e sair para morar fora. Tínhamos muito em comum, e o principal era essa vontade de descobrir outras culturas”, lembra Marcelo, em entrevista ao LIBERAL.

O trabalho de Gian com trilhas e efeitos sonoros para a indústria do cinema o levou a compor a base do projeto com a criação de ambientes sonoros. “O Gian criou as bases harmônicas, ritmos, e depois me convidou para gravar, escolhendo flautas. Para cada faixa eu gravei várias improvisações, e a partir desse material fomos editando e criando cada faixa final”, relata Marcelo.

A foto da capa do EP foi tirada na Avenida Brasil, na última manhã de Gian em Americana, antes de se mudar para a Califórnia. “Estava lindo o pós-chuva, em um momento em que eu nunca mais vou esquecer. Ela [a foto] marca as minhas últimas horas morando no Brasil”.

Ele fala sobre um desejo compartilhado entre os amigos de experienciar mais arte, conhecer outros estilos e culturas, aprender diferentes línguas. “A Jornada do Herói”, como cita o músico sobre o retorno para casa, em referência ao conceito criado pelo antropólogo Joseph Campbell, fecha o ciclo com muita gratidão.

“Foi um momento de sentir que eu estou no caminho certo. Quando você mora fora, fica pensando ‘será que eu volto? sinto saudades’. Eu amo esse lugar também, é minha casa, mas eu me transformei. Sou grato por tudo isso”, conclui.

Marcelo lembra as oportunidades vividas na cidade, inclusive de estudar na Escola Municipal de Música e de integrar a Banda Municipal da cidade, com apenas 13 anos.

“Tentamos colocar neste trabalho as emoções deste período da adolescência para cada um, as memórias e eventos. Por isso há sons de crianças, de chuva, com uma nostalgia e uma ideia de limpar as emoções”, finaliza.

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