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10 anos

Livro ‘Elvis & Madona’, do americanense Luiz Biajoni, ganha edição comemorativa

Romance passou por adaptações de linguagem LGBTQIA+; livro e audiobook têm lançamento nesta semana

Por Isabella Holouka

20 de junho de 2021, às 07h42

A história de amor da travesti Madona e da motoboy lésbica Elvis, contada em livro pelo americanense Luiz Biajoni, ganha neste mês – em que se celebra o orgulho LGBTQIA+ – uma edição comemorativa pela editora Bazar do Tempo, após adaptações de linguagem.

No dia 22 de junho, além da nova edição, a história será lançada em audiobook pela Storytel, com narração da atriz trans Carol Marra.

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Com lançamento há cerca de uma década, no final de 2010, “Elvis & Madona” é um caso raro de sucesso duplo. O aspecto de ineditismo, na época, não se baseou apenas na narrativa e nas personagens, mas também no fato de que o livro nasceu da adaptação do roteiro do filme homônimo dirigido pelo cineasta fluminense Marcelo Laffitte.

O escritor americanense Luiz Biajoni – Foto: Ernesto Rodrigues / O Liberal

“Elvis e Madona são personagens criados pelo Latiffe. Ele escreveu o roteiro do filme, começou a filmar, conheceu meus livros e me convidou. Eu escrevi o romance a partir dos personagens dele, apesar de que livro e filme são bastante diferentes, e principalmente o final”, lembrou o autor ao LIBERAL.

O romance é imerso em um universo de sonhos, desejos e violência em Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ). Tanto filme quanto livro conquistaram público e crítica, após lançamento conjunto em todas as capitais brasileiras, segundo Biajoni. O filme foi premiado em festivais de cinema.

Biajoni e Latiffe planejavam reedição do livro, parceria com plataforma de streaming para disponibilização online do filme, e uma celebração da década das produções, quando o cineasta fluminense faleceu precocemente aos 56 anos, devido a um infarto fulminante. “A notícia de que queríamos fazer a nova edição acabou chegando ao mercado editorial”, pontuou Biajoni.

Linguagem precisou de adaptações

O enredo engenhoso de Luiz Biajoni combina aventura romântica e trama policial. Dez anos após o seu lançamento, o romance passou por adaptações de terminologia LGBTQIA+, feitas em parceria com a Mezcla Diversidade, consultoria especializada em comunicação inclusiva.

“O livro envelheceu bem, mas a linguagem precisou de adaptação. Os movimentos LGBTQIA+ ainda têm muito a conquistar, mas tiveram um grande avanço nos últimos dez anos. Pensamos que algumas coisas talvez pudessem soar como algum ranço, preconceito, com uma terminologia agressiva”, conta o autor.

Ele cita como exemplo o uso do artigo masculino ao se referir à Madona, na época, que foi substituído pelo artigo feminino – hoje é um consenso de que o correto é “a travesti”, não “o travesti”. Outra questão é o “deadname”, uso do nome de nascimento, pois na primeira versão do livro Madona era frequentemente chamada de Adailton, seu nome de batismo.

Biajoni contou também com o auxílio de Amara Moira, doutora em literatura e ativista trans, no ajuste de pelo menos três cenas do romance. Amara é responsável ainda pelo prefácio da edição, que traz texto em que a professora Vilma Costa analisa a edição original.

Já o posfácio é do escritor Raphael Montes, afirmando que “Biajoni foi um dos primeiros a fazer literatura gay no Brasil. Mais ainda: escreveu uma história romântica, mas com subtrama policial que o coloca no nível de mestres nacionais como Luiz Alfredo Garcia-Roza e Patrícia Melo”.

Americanense nascido em 1970, Luiz Biajoni iniciou a carreira no rádio, contribuiu na fundação e implementação de emissoras de TV comunitárias em Americana e em Limeira, e trabalhou como jornalista. É autor de “A Comédia Mundana” (2013) e “A Viagem de James Amaro” (2016) pela editora Língua Geral, no Brasil, e pela Chiado Editora em Portugal, e “Virgínia Berlim – Uma Experiência” (2017), “Quatro Velhos” (2019) e “Algum Amor” (2020), publicados pela editora Penalux.

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