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Limeira

Conto de fada real tem fazenda da região como cenário principal

“Um Conto de Fada da Imigração Alemã” aborda temas relacionados à imigração e escravidão contando a história de Catharina Drenkhahn

Por Isabella Holouka

13 de abril de 2021, às 07h47 • Última atualização em 13 de abril de 2021, às 08h18

O 28º e mais recente livro de José Eduardo Heflinger Júnior, “Um Conto de Fada da Imigração Alemã” cobre mais de 150 anos de história envolvendo as cidades de Limeira e Cordeirópolis, contextualizando temas como a escravatura, a imigração alemã e o sistema de parceria, com a visão de personagens reais sobre o momento em que viviam.

Em edição bilíngue, a obra é lançada neste mês com incentivo da Lei Rouanet, ação administrada pela Secretaria Especial da Cultura, sob direção do Ministério da Cidadania, e patrocínios da Cirúrgica Fernandes e da Usina Santa Lúcia.

Fazenda Ibicaba estava situada em Limeira, em área que atualmente pertence ao município de Cordeirópolis – Foto:

Heflinger Júnior investiga e escreve sobre a história da imigração europeia no Brasil há mais de trinta anos – e desejava escrever a história de Catharina Drenkhahn e seus desdobramentos. O livro é um impressionante acervo de fotos, ilustrações e documentos, constituindo ao mesmo tempo uma leitura apaixonante e um grande registro histórico.

Ao LIBERAL, o autor explicou que a Fazenda Ibicaba, cenário principal e que o leitor conhece logo nas primeiras páginas, era uma fazenda modelo no século XIX, visitada por viajantes, pesquisadores, dirigentes e governantes, especialmente importante por ter sido porta de entrada para alemães, além de portugueses e suíços, através da empresa Vergueiro & Companhia, a mais importante para a colonização do Brasil Imperial.

“Foi o Senador Vergueiro quem mostrou que seria possível a substituição do trabalho escravo pelo livre. Foram milhares de migrantes que ficaram aqui como mão de obra. E, no momento da abolição, São Paulo se destacou de outros estados por conta da imigração realizada na Fazenda Ibicaba”, destaca Heflinger.

Segundo ele, o conto de fadas mostra uma visão menos difundida da imigração, trazendo consciência política e social. “Desde 2005 eu me sentia insatisfeito com a minhas pesquisas, porque a imigração é algo em que você tem que ‘ter os dois lados da moeda’ ou mais, o lado brasileiro e o lado do país que enviou imigrantes para cá”, afirma.

Heflinger Júnior em Universidade em Hamburgo; livro é o 28º do autor – Foto:

O livro “Um Conto de Fada da Imigração Alemã” pode ser encontrado na banca IV Centenário da Praça Toledo de Barros, em Limeira. Também pode ser comprado pelos números (19) 3444-8810 ou 99643-2855 (apenas WhatsApp), ao custo de R$ 50,00. O autor destaca que a venda por este preço somente é possível através do incentivo da Lei Rouanet, tornando a obra mais acessível ao público.

Informações e pedidos também podem ser feitos pelo e-mail imigracao.resgate@hotmail.com. Através da página do livro no Facebook é possível conhecer um pouco mais sobre ele.

HISTÓRIA

Em 1851, Catharina Drenkhahn, uma jovem residente em Haby, aldeia situada no Kaiser Wilhelmskanal, distrito de Rendsburg-Eckernförde, estado de Schleswig-Holstein (hoje, norte da Alemanha), teve um caso e engravidou de um soldado dinamarquês chamado Niels Christensen. Os pais de Catharina expulsaram a filha de casa por causa da gravidez ilegítima. O soldado não queria saber da criança, que levou o mesmo nome da mãe.

Sem muitas opções, Catharina Drenkhahn imigrou para o Brasil com a filha. Em 1853, enquanto trabalhava na empresa “Theodor Willie”, ligada ao ramo do café, instalada em Santos (SP), Catharina contraiu febre amarela e morreu, deixando a filha com dois anos incompletos.

A pequena Catharina foi adotada por José Vergueiro, filho do senador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, dono da célebre Fazenda Ibicaba, então situada em Limeira, no interior paulista, apenas 30 quilômetros distante de Americana, atualmente município de Cordeirópolis.

Catharina filha é adotada pela ilustre família Vergueiro – Foto:

“Catharina é adotada por essa ilustre família Vergueiro e ganha uma ótima educação. Ela vai se casar com um imigrante alemão, chamado Franz Detlef Brune, e acaba por ter nove filhos com ele, sendo a primogênita, Carlota Brune”, descreve o autor em nota compartilhada à imprensa.

Carlota Brune é primogênita de Catharina – Foto:

Os diários da imigração de Franz e os escritos de Carlota também fazem parte do livro e compõem um incrível painel histórico do período. Carlota conta, por exemplo, sobre visitas importantes na Fazenda Ibicaba, como as do imperador D. Pedro II, do mandarim Tong-King-Sing e do príncipe Heinrich, da Prússia.

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