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TEATRO

Espetáculo infantil mistura referências da dramaturgia e do cinema japonês

Criado por coletivo de pesquisadores da Unicamp, “Lara e o Pássaro” tem temporada no Youtube até 18 de abril

Por Isabella Holouka

03 de abril de 2021, às 09h51

Uma fábula sobre como crescer pode transformar as pessoas, um resgate de uma cumplicidade perdida, uma jornada com um tipo de crescer onde percebemos e respeitamos o outro e a nós mesmos. Esta é a descrição do espetáculo infantil “Lara e o Pássaro”, do Coletivo Animales, criado por artistas oriundos do bacharelado em Artes Cênicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

A peça de teatro estreia em ambiente digital neste sábado (3), às 15h, no canal do Coletivo Animales no Youtube. A temporada segue até 18 de abril, sábados e domingos, às 15h.

Na montagem, Lara, ao assistir à sua irmã mais nova, Cora, adoecer de tristeza, embarca em uma aventura pelo jardim de sua casa em busca do Pássaro Azul.

“O texto aborda, com muitos simbolismos e metáforas, o resgate de um tipo de crescer onde percebemos e respeitamos o outro e a nós mesmos”, destacou a dramaturga da peça – Foto: Divulgação

Inspirado na peça “O Pássaro Azul”, do dramaturgo belga Maurice Maeterlinck (que viveu entre 1862 e 1949) e no universo dos filmes infantis do diretor japonês Hayao Miyazaki, “Lara e o Pássaro” estabelece uma relação direta com a retomada de certos valores tradicionais do Japão presentes no trabalho de Miyazaki junto ao Estúdio Ghibli.

Nesses filmes, especialmente em “Meu amigo Totoro” (1988), é apresentado um mundo no qual a natureza é recheada de “essência” e, por isso, deve ser respeitada e celebrada. A partir deste ponto de contato, misturam-se Maeterlinck e Miyazaki em uma nova composição.

“O desenho ‘Meu Amigo Totoro’, do Hayao Miyazaki, serviu como inspiração, mas a principal mensagem é a de que é possível crescer, mudar e ser cuidadoso e afetivo. Por isso, contamos sobre duas irmãs que precisam resgatar a cumplicidade que acaba sendo perdida no doloroso processo do crescimento”, explica Luciana.

“O texto aborda, com muitos simbolismos e metáforas, o resgate de um tipo de crescer onde percebemos e respeitamos o outro e a nós mesmos. Podemos existir mais compreensivos e afetivos uns com os outros”, completa a dramaturga Sofia Fransolin, em nota enviada à imprensa.

ESTÉTICA
“Lara e o Pássaro” apresenta um palco vazio em diálogo com a estética tradicional japonesa que embasa a obra de Miyazaki. A iluminação, por sua vez, se aproveita disso para explicitar sua própria dramaturgia. As trocas de luz não são simples trocas de cenário, mas acompanham as mudanças e transformações dos sentimentos e sensações das crianças, especialmente da protagonista.

A trilha sonora composta por Marcelo Onofri assume a função de criar tensão e causar surpresa no espectador. Compostas para que o ouvido do público reconhecesse algo de oriental, as músicas são todas tocadas com instrumentos tipicamente brasileiros.

Já o figurino é inspirado na estética japonesa, mais especificamente em uma linha que mistura elementos de vestuário clássicos com elementos da moda ocidental atual. Suas formas buscam simbolizar, de maneira delicada e sutil, ora o cenário, ora a essência de cada personagem.

O espetáculo traz no elenco os atores Catarina Eichenberger, Gabriel Pangonis, Giovana Telles, Luan Assunção e Rafa Marotti, com dramaturgia de Sofia Fransolin, direção de Luciana Mizutani e direção cinematográfica de Rafaela Bermond. Tem orientação do ator e diretor Eduardo Okamoto, direção musical de Marcelo Onofri e orientação de visualidades de Helô Cardoso.

O Coletivo Animales foi criado no ano de 2017, ainda no bacharelado em Artes Cênicas da Unicamp, essencialmente como grupo de pesquisa, direcionado às obras cinematográficas e ferramentas do cômico. Premiado e contemplado por editais, o grupo agora dedica-se ao estudo da cultura pop e vem se consolidando como agente cultural no estado de São Paulo.

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