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Música

Coletânea Sangue Preto traz bandas com temática do racismo

Material reúne 25 bandas de todo o Brasil, pela iniciativa de um americanense; encarte representa a luta contra o preconceito

Por Isabella Holouka

01 de agosto de 2020, às 09h19

Voltada para o combate ao racismo, a Coletânea Sangue Preto transita entre o punk, o hardcore, o metal e o ground, reunindo 25 bandas de diversas localidades do Brasil com músicas que abordam as questões raciais, de desigualdade e violência policial.

A coletânea virtual estará disponível na próxima semana nas plataformas de streaming e também deve virar um CD, por meio de um selo de Vila Velha, no Espírito Santo. A iniciativa foi do fundador da banda americanense Derrota, Leonardo Cucatti, de 41 anos.

Ao todo, são 25 bandas de diversas localidades do Brasil – Foto: Felipe Fogaça / Divulgação

Em entrevista ao LIBERAL nesta semana, ele contou que a coletânea em um primeiro momento foi motivada pelos protestos antirracismo que tomaram os Estados Unidos no mês de junho após o assassinado de George Perry Floyd Jr, em 25 de maio em Minneapolis, em uma abordagem policial. A partir disso, ele reuniu artistas de todo o país para construírem o projeto coletivamente.

A vocalista da banda Bertha Lutz, de Belo Horizonte (MG), Bárbara Aguilar, de 31 anos, explica que as bandas optaram então pela utilização do rostode brasileiros que representam a luta contra o racismo e a resistência ancestral do povo negro.

”Numa releitura moderna da obra Os Operários (Tarsila do Amaral, 1933), nós trazemos os rostos de quem foi e é a cara da luta antirracista, como Dandara dos Palmares, Tereza de Benguela, Luiza Mahin, Luiz Gama, Mariguella, Milton Santos, Lélia Gonzáles, Marielle Franco”, explica.

A coletânea inclui músicas antigas e lançamentos, com exceção da introdução, que foi produzida especialmente para o projeto.

“Resolvemos falar na introdução sobre coisas quem têm incomodado a gente. O texto questiona porque só agora, com a morte do George Floyd nos Estados Unidos, uma pessoa tão longe, há tanta necessidade de as pessoas se entenderem e desconstruírem e por que as mortes diárias no Brasil não causam isso”, pontua Josie Lucas da Silva, de 39 anos, vocalista e guitarrista da Banda Hayz, que tem integrantes de Itapevi (SP), Juiz de Fora (MG) e Brasília (DF).

A coletânea conta com o apoio dos selos Läjä Records, A Saga, Inside A5, América do Sul e Caustic Recordings. Participam as bandas Afoite, Antilhado, Älä Kumarra, Bertha Lutz, Blackjaw, Crexpo, Cruento, Demonia, Derrota, Desalmado, Desobedeça, Discurso de Pobre, Hayz, Humano, Klitores Kaos, Make It Stop, Mau Sangue, Nem Todos Esquecem, O Inimigo, Old Rust, Ratas Rabiosas, Sendo Fogo, Time and Distance, Vozes Incômodas e The Biggs. Participam ainda 11 artistas gráficos ou fotógrafos na composição do encarte.

“Todas as músicas combinam muito bem, e conversam uma com a outra. O resultado final, na nossa opinião, está maravilhoso e dá cada vez mais vontade de ouvir. Começamos a divulgação e o retorno foi instantâneo, pensamos em uma segunda edição. E o projeto deve continuar existindo”, revela Leonardo.

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