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(In)Cômodos

Cia Arte Móvel aborda os ‘incômodos do agora’ em espetáculo online

Companhia com cinco espetáculos no currículo desenvolveu projeto online, mantendo a energia do teatro presencial

Por Isabella Holouka

31 de maio de 2020, às 09h58 • Última atualização em 31 de maio de 2020, às 09h59

Uma cena de teatro em cada cômodo da casa, abordando justamente os incômodos do agora. Esta foi a proposta do projeto teatral (In)Cômodos, promovido pela Cia Arte Móvel, de Santa Bárbara, neste final de semana e que atingiu limite de público logo no primeiro dia.

Quatro diretores e quatro atores, de coletivos distintos e que tiveram pouco contato entre si antes do projeto, elaboraram as quatro cenas experimentais sem qualquer ensaio presencial, utilizando apenas reuniões online e transformando banheiros, quartos, salas ou cozinhas em palcos.

Casulo, último espetáculo da Cia Arte-Móvel, entrava em fase de maior circulação quando começou a pandemia, que forçou o cancelamento de 15 apresentações; o diretor Otávio Delaneza e a produtora Lays Ramires, à direita, idealizaram o projeto (In)Cômodos – Foto: Divulgação

Para isso, foram orientados pelos idealizadores do projeto, o diretor Otávio Delaneza e a produtora e atriz Lays Ramires. As transmissões tiveram início na quinta-feira e seguem até a noite deste domingo.

Participam do projeto, os atores Mell Lyres, Fábio Gianfratti, Mariana Bernardes e Élida Garcia. Os diretores são André Lima, Amanda Stahl, Denis Espanhol e Jotapê Antunes.

“Nosso intuito não é fazer um novo teatro, mas experimentar o que podemos neste momento. Trazemos a cena, transformamos uma sala em palco e fazemos reflexões poéticas através da câmera”, conta Lays.

Em uma época dominada pelas lives, a escolha de transmitir as cenas pelo aplicativo Zoom buscou um encontro mais potente, com a energia do teatro, que promove uma troca verdadeira entre artistas e público, ao longo dos quatro dias de apresentação.

Para participar, os interessados precisaram seguir regras dispostas nas redes sociais da Cia Arte-Móvel, conquistando o direito de acessar os links para as salas no aplicativo.

“Pensamos que foi uma maneira de despertar o interesse, como se as pessoas estivessem garantindo um ingresso, mesmo em uma apresentação gratuita”, explica Lays.

As salas também tiveram público limitado a 100 pessoas e roteiro curto, com cerca de 15 minutos de cena adicionados a 45 minutos de discussão sobre a arte teatral, a apresentação em si e os incômodos envolvidos.

“A intenção foi fazer um encontro de verdade, para aproximar a arte das pessoas e não só entregar conteúdo para elas”, afirma a produtora e atriz. “Nos preocupamos em fazer um trabalho que vá para além do palco, que traga questões à tona que as pessoas possam refletir, sempre de uma maneira muito poética e simbólica”.

Cultura e política. Presidente da Câmara Setorial de Teatro em Santa Bárbara d’Oeste, Lays defende a aproximação de gestores e trabalhadores da cultura, e define o apoio como essencial neste momento de pandemia.

“Entendemos que nenhuma prefeitura tem um monte de dinheiro, que a cultura, infelizmente, é sempre uma das menores pastas. Mas achamos que os artistas têm muita criatividade. Se os gestores se colocarem à disposição para ouvir e entender, pensar junto o que é possível, todo mundo tem a ganhar”.

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