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Literatura

Catálogo apresenta releituras de obras da Semana de 22

Livro de Marco Catalão com ilustrações de Maurício Negro dá visibilidade a artistas esquecidos do movimento que entrou para a história do País e está prestes a completar cem anos

Por Isabella Holouka

06 de abril de 2021, às 08h55 • Última atualização em 06 de abril de 2021, às 08h57

Às vésperas do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, o poeta, dramaturgo e ficcionista Marco Catalão, morador de Campinas, faz releituras de obras listadas no catálogo original do evento.

O resultado é o Catálogo Poético da Semana de 22, livro contemplado pelo ProAC (Programa de Ação Cultural) e que acaba de ser publicado pela editora Mondrongo.

Livro procura despertar curiosidade para obras de artistas menos conhecidos – Foto: Divulgação

São 68 poemas divididos em 26 grupos, e cada um deles corresponde a uma letra do alfabeto. A de Anita Malfatti, B de Bandeira e assim por diante, até o Y de Yan de Almeida Prado e Z de Zina Aita. O conjunto de poemas inéditos dialoga com a obra de autores como Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Menotti del Picchia e Mário de Andrade e revisa seu legado artístico cem anos depois das suas primeiras publicações.

“Alguns são como diálogos com as obras visuais ou comentários explícitos sobre elas, em outros apresento reinterpretações de elementos apenas insinuados nas criações artísticas tomadas como referência. Nos casos de pinturas ou esculturas que se perderam, o título da obra serve de estímulo para a invenção livre”, explica Catalão, em nota divulgada à imprensa.

O livro também procura despertar a curiosidade para a obra de artistas menos conhecidos, como Martins Ribeiro, Wilhelm Haarberg e Zina Aita, que, conforme destaca o autor, tiveram importante atuação durante a Semana de 22, mas que hoje são ignorados pela maior parte dos brasileiros.

Ao LIBERAL, o autor argumenta que a Semana de Arte Moderna é um dos mitos fundadores da nação brasileira e que, não por acaso, ela foi realizada no centenário da Independência. “Como qualquer mito, ela deve ser questionada, retificada, criticada e o livro participa desse processo. Ele não é só um livro de louvação, de reverência”, afirma.

“Mas em um momento como o nosso, em que muitas pessoas não veem um futuro viável para o nosso país, é nesses mitos fundadores, como o samba, o futebol-arte, a miscigenação, o ‘País bonito por natureza’, a hospitalidade, nestes mitos que são construídos historicamente, como a própria Semana de Arte Moderna, que nós podemos encontrar parâmetros para construir um novo futuro, um futuro melhor do que este presente tão terrível que nós estamos vivendo”, destaca Catalão.

Marco Catalão e o Catálogo Poético – Foto: Divulgação

Segundo ele, a releitura feita em conjunto com o ilustrador Maurício Negro tenta dar conta não só das obras de arte apresentadas na Semana, que são o centro do livro, mas também das performances, concertos musicais, declamações de poesia, conferências, e contexto histórico posterior ao evento.

“Não é uma visão que fica parada naquele momento, tentamos dar uma visão contemporânea, relacionando o que aconteceu há 100 anos com o que está acontecendo hoje, no momento presente”, diz.

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A própria efervescência da Semana, com toda sua liberdade criativa, inspira a produção das releituras. Poemas são produzidos a partir da descrição e recriação verbal de obras visuais (técnica conhecida como écfrase) ou seguindo o dispositivo do readymade, posto em circulação no Brasil por Oswald de Andrade e Manuel Bandeira, a partir do qual textos informativos e ensaísticos são transformados em enunciações poéticas. Há ainda o poema-piada, elemento bastante recorrente na poética da Semana de 22.

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