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Cultura na região

A história de uma voz que nos é familiar

Locutora paulistana já gravou para diversos serviços e produtos que estão no dia a dia dos brasileiros

Por Marina Zanaki

14 de agosto de 2022, às 07h15 • Última atualização em 14 de agosto de 2022, às 07h16

Malu Pontes é a voz por trás de aplicativos e mensagens em meios de transporte - Foto: Divulgação

Você não sabe, mas já ouviu a voz de Malu Pontes. Você pode inclusive ter conversado com ela. Se você usa um serviço de mapas para carros, tem um eletrônico com assistente virtual em casa, recebeu instruções de voo, metrô ou trem, com certeza já escutou a voz da locutora paulistana. A profissional conversou com o LIBERAL sobre sua trajetória na locução publicitária, que já tem 25 anos.

Malu é a voz por trás dos trens da CPTM e do metrô na cidade de São Paulo. Também gravou as instruções dos aeroportos brasileiros controlados pela concessionária Aena. Por razões contratuais, não pode revelar o nome de outras duas empresas para quem fez gravações, mas também é a voz que orienta motoristas em serviços de GPS e que responde comandos de voz em um eletrônico doméstico.

Ela já emprestou a voz para vídeos publicitários de marcas como Heineken, Nestlé, Kibon, Wizard e Yázigi. Malu já fez narrações de filmes para a Discovery Channel e HBO Cinemax. Também é a assistente virtual da Comgás e a dubladora da personagem principal da série MindValley.

Morando nos Estados Unidos por conta da profissão, ela contou à reportagem que entrou no ramo por necessidade financeira. Professora de português e inglês, precisava complementar a renda e foi atrás de um curso que possibilitasse entrada rápida no mercado. Mas quem vê seu currículo não imagina que foi recusada três vezes no teste técnico para o curso de locutora, e só na quarta tentativa conseguiu a aprovação.

“Falaram que eu não tinha os requisitos mínimos para fazer locução, mas não aceitei aquilo. É importante não parar nos ‘nãos’. Se eu tivesse aceitado, não teria a carreira que tenho hoje”, defende Malu.

Ela trabalhou em rádios por vários anos, até que recebeu de um coordenador a ideia de montar um estúdio próprio para gravações. O projeto deu tão certo que ela ganhava com o trabalho autônomo muito mais do que recebia na rádio, e pediu demissão para se dedicar aos próprios clientes. A partir daí, viveu uma ascensão profissional.

“Acredito muito nessa profissão, mudou a minha vida e da minha família. O retorno financeiro é muito bom, possibilitou que eu viesse para os Estados Unidos, que minha filha fizesse o high school [ensino médio americano]”, exemplificou.

Além do estúdio Casa das Vozes, que hoje tem também outros locutores, Malu oferece um curso de locução online, o Academia de Locutores. “Já vi tanta gente que aprendeu locução e passou a viver disso, que de tudo que eu faço, a Academia é uma das que mais gosto”, contou a profissional. Mais informações sobre o curso no site academiadolocutor.com.br.

CUIDADOS. Malu tem gravações diárias, mas a demanda é bastante variável. Nos períodos com mais demanda, chega a receber entre 500 e 1,5 mil frases para gravar. Por conta da imprevisibilidade, tem um cuidado permanente com a voz para estar pronta a qualquer dia.

As medidas envolvem falar baixo, evitar bebidas muito geladas e preferir textos ao invés de áudios no WhatsApp. “Recentemente fui à Disney e não gritei na montanha-russa, porque no dia seguinte podia ter gravação”, contou Malu.

Ela defende que é uma profissão bastante democrática e de fácil ingresso. Para ser dublador, é necessário ter formação em artes cênicas, mas a locução demanda apenas um curso na área. “A menos que tenha um problema fonoaudiológico ou de leitura, a locução é para qualquer pessoa. Não tem uma voz especial, são pessoas normais falando para pessoas normais”, declarou Malu. 

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