Cultura
‘CNN Tonight’ aposta no papo informal
Programa foge das “hard news” com conversas leves e boa combinação de apresentadores
Por TV Press
10 de agosto de 2020, às 11h05 • Última atualização em 10 de agosto de 2020, às 11h06
Link da matéria: https://liberal.com.br/cultura/cnn-tonight-aposta-no-papo-informal-1278769/
Nem só de “hard news” vive um canal de notícias. É exatamente esse o maior trunfo do “CNN Tonight”, que estreou em julho na CNN Brasil. O talk show reúne jornalismo e variedades e é exibido de segunda a quinta-feira, após o “Jornal da CNN”, abordando um tema central diferente a cada dia.
E esses temas não estão diretamente relacionados ao que é notícias naquela semana. Para criar um debate interessante sobre qualquer assunto, é necessário primeiro ter pessoas interessantes falando. Quanto a isso, o “CNN Tonight” não deixa a desejar. A apresentação fica por conta da advogada e comentarista Gabriela Prioli, da jornalista Mari Palma e do historiador Leandro Karnal. Mas, talvez por ser a única jornalista do trio, Mari costuma ser quem introduz os assuntos. Mas nem por isso chega a assumir uma posição mais formal ou informativa que os colegas.
Uma conversa despretensiosa sobre qualquer assunto acaba virando, a cada dia, uma chance de relembrar fatos que têm relação com o que está sendo discutido. Como um episódio sobre mentiras, por exemplo, que trouxe como convidado especial o jornalista mineiro Bruno Sartori. O tema serviu para falar sobre casos como o do nadador Ryan Lochte, que em 2016 se envolveu em uma confusão em um posto de gasolina carioca e inventou a história de um assalto. Ou a famosa grávida de Taubaté, uma mulher que inventou estar esperando quadrigêmeos em 2011 com a ajuda de uma barriga de silicone com enchimento de tecido.
Nesse sentido, a presença do historiador Leandro Karnal faz total diferença na bancada. Normalmente, cabe a ele contextualizar historicamente esses debates. Para se ter uma ideia, ainda no programa sobre mentira, Karnal citou a morte de Vladimir Herzog, que o Doi-Codi classificou oficialmente como suicídio. Com esse tipo de abordagem, o historiador acaba se tornando responsável pelos momentos mais interessantes das conversas.
O bom desempenho de Mari Palma e a relevância e essa contextualização histórica importante feita por Leandro Karnal não esvaziam a participação de Gabriela Prioli. A advogada, que chamou atenção quando começou participando do quadro “O Grande Debate”, do “CNN Novo Dia”, se tornou conhecida na tevê esquentando o clima no telejornal com seus posicionamentos firmes e progressistas. A expectativa criada quando ela deixou o quadro e foi direcionada a um novo projeto era de algo que aproveitasse sua ótima capacidade de argumentação e de análise. Mas agora, ligada a um programa “soft news”, não sobra espaço para o tom mais crítico que a transformou em um dos nomes mais comentados do jornalismo no começo da pandemia do novo coronavírus. É um desperdício.