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Cinema

Música e resistência na vitória de ‘Benzinho’

Por Agência Estado

16 de agosto de 2019, às 08h00 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 11h15

Grande Zezé Motta. Foi aplaudida de pé, como homenageada especial – vencedora do troféu Grande Otelo de carreira -, no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. A festa, que começou na quarta, 13, avançou pela madrugada de quinta. Foi a 18.ª edição do prêmio, e a primeira vez que ele saiu do Rio, tornando-se itinerante. O Teatro Municipal – que o secretário municipal de Cultura, Alê Youssef, lembrou que já foi palco da Semana Modernista de 22 -, acolheu a classe cinematográfica.

A premiação teve como tema cinema e música. Ney Latorraca e atrizes do filme Antônia apresentaram performances magníficas. O teor crítico deu o tom. Cacá Diegues, um dos vencedores da noite, lembrou que o cinema brasileiro já atravessou tempos muito mais sombrios, e sobreviveu. Stepan Nercessian, melhor ator por Chacrinha – O Velho Guerreiro, de Andrucha Waddington, dedicou seu Grande Otelo – o Oscar do cinema brasileiro – “aos que não entendem e querem destruir nosso cinema, mas não conseguirão”.

Benzinho foi o grande vitorioso. Venceu nas categorias de filme, direção (Gustavo Pizzi), roteiro original (Karine Teles e Pizzi), melhor atriz (Karine), melhor atriz coadjuvante (Adriana Esteves) e melhor montagem (Lívia Serpa).

Adriana esteve gloriosa – concorria também a melhor atriz (por Canastra Suja) e, ao subir ao palco, por um momento ficou confusa por qual papel estava sendo premiada. Começou a agradecer pelo outro, antes que caísse a ficha – ou o apresentador Rodrigo Pandolfo – lhe soprasse no ouvido e ela pusesse seu agradecimento, por Benzinho, nos trilhos. Chacrinha, indicado para 12 prêmios -, perdeu a maioria, mas venceu com honra o melhor ator, melhor filme do público e o prêmio de som, muito importante num musical. Cacá Diegues e a mulher, a produtora Renata Magalhães, levaram um balaio de prêmios, por Grande Circo Místico, incluindo melhor roteiro adaptado (Cacá e George Moura), fotografia, direção de arte, efeitos visuais, figurino, maquiagem.

O secretário estadual de Cultura Sérgio Sá Leitão subiu ao palco com o prefeito Bruno Covas, a diretora da Spcine, Laís Bodanzky, e o secretário Youssef e antecipou, sem entrar em detalhes, um ambicioso plano do governo do Estado que vai investir R$ 200 milhões no audiovisual. Ouvidos pela reportagem, produtores e diretores manifestaram ceticismo, mas, como disse o presidente da Academia – “O importante é dialogar.” Jorge Pellegrino diz que é necessário reverter os desencontros da área de cinema com o governo federal.

A festa teve produção de Oscar. O roteiro falava da trilha – o cordel – que fazia avançar a história de Deus e o Diabo na Terra do Sol e no telão apareciam as imagens do clássico de Glauber Rocha. Manuel/Geraldo Del Rey, correndo para o mar, virava um ator correndo. Foram momentos de muita intensidade.

Sonia Braga reinou soberana como imagem – embalada pela canção de Chico Buarque (Que Será?) em Dona Flor e Seus Dois Maridos, Caetano Veloso (Pecado Original) em A Dama do Lotação e Chico e Antônio Carlos Jobim (Eu Te Amo), no filme homônimo. Zezé foi buscada na plateia por dançarinos do palco. Apareceu muito jovem em cenas de Xica da Silva, o clássico de Cacá Diegues, e Tudo Bem. Agradeceu cantando a capela – Missão, de João Nogueira. Foi uma bela festa. Afirmação de identidade e resistência – do audiovisual como cultura, e atividade econômica. E a premiação, como o Globo de Ouro, agora inclui séries. No ano que vem tem mais. De novo, na cidade, mas o palco, já anunciado, será a Sala São Paulo.

OS VENCEDORES

Melhor longa de ficção
Benzinho

Melhor longa documentário
Ex-Pajé

Melhor longa comédia
Minha Vida em Marte

Melhor direção
Gustavo Pizzi (Benzinho)

Melhor atriz
Karine Telles (Benzinho)

Melhor ator
Stepan Nercessian (Chacrinha)

Melhor atriz coadjuvante
Adriana Esteves (Benzinho)

Melhor ator coadjuvante
Matheus Nachtergaele (O Nome da Morte)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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