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Cinema

Maria Fernanda Cândido estrela filme italiano ‘O Traidor’

Por Agência Estado

08 de outubro de 2019, às 07h30 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 11h15

Maria Fernanda Cândido não para. Em pouco mais de um ano, gravou três filmes em pelo menos três países, França, Itália e Brasil. Agora, em Portugal, rodando mais um longa, a atriz fala sobre um de seus projetos, O Traidor, de Marco Bellocchio, escolhido pela Itália para concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro, em 2020.

“Recebi a notícia com muita alegria e fiquei extremamente feliz pelo Bellocchio”, destaca a atriz, que interpreta Maria Cristina de Almeida Guimarães, a mulher do mafioso italiano, Tommaso Buscetta, vivido pelo ator Pierfrancesco Favino.

Foto: Divulgação
O Traidor: inspirado em uma história real, o filme narra a trajetória de Buscetta

Inspirado em uma história real, o filme narra a trajetória de Buscetta (1928-2000), que teve sua vida diretamente ligada ao Brasil e entrou para a história como o primeiro grande delator da Cosa Nostra, grupo criminoso que se desenvolveu na Sicília.

Buscetta fugiu para o Brasil duas vezes para escapar da guerra deflagrada pelos Corleone pelo controle da máfia e foi extraditado para a Itália. Na volta ao país de origem pela segunda vez, passou a colaborar com a Justiça e deu informações inéditas sobre o funcionamento da Cosa Nostra. Maria Cristina, sua terceira esposa, foi a grande responsável por influenciá-lo a colaborar com as investigações.

“Como brasileira, carrego a responsabilidade de ter colaborado em um filme que, para os italianos, é simbólico, uma vez que se trata da história verdadeira da máfia siciliana. É parte da cultura deles”, salienta a atriz.

Descendente de italianos, Maria Fernanda tem bastante apreço pelo país europeu. “Sinto-me muito bem na Itália e tenho profunda admiração pela cultura. Reconheço que eles são o berço da estética, da bela forma e da Renascença. É um país que cultiva a beleza de forma cotidiana. Fora isso, falo um pouco a língua, pois cresci dentro dessa cultura e minha mãe sempre fez questão de deixar isto presente”, conta.

Mesmo com certa intimidade e admiração, foi um desafio para a atriz viver Maria Cristina, a começar pela pesquisa do personagem. Advogada, na época, a brasileira era uma mulher culta, de família aristocrática carioca, que se apaixonou por um criminoso, tornando-se uma ótima madrasta e vivendo ao lado dele até sua morte, em 2000.

Para Maria Fernanda, trata-se de uma história de amor forte e, ao mesmo tempo, paradoxal e inusitada, pelo fato de uma mulher como ela se apaixonar por um mafioso.

“Ela foi uma presença feminina dentro de um mundo totalmente masculino, violento e machista. Foi um desafio até mesmo dentro do set, uma vez que minhas cenas eram sempre neste universo. São questões importantes que o filme aborda e que não foram simples de serem realizadas.”

Os mais de 20 anos de carreira deram bagagem suficiente para que a atriz superasse tais desafios e ainda fosse agraciada com duas premiações pela sua interpretação: o de melhor atriz no Kinéo Awards, em Veneza, e o Prêmio das Nações no Festival de Taormina, na Sicília.

Maria Fernanda atribui o sucesso, principalmente, à direção. “Contar história de máfia, muitos já fizeram. Mas a forma como Bellocchio aborda o tema é genial. Há também o trabalho de Pierfrancesco Favino como o protagonista”, conta.

O filme é uma coprodução Itália, Brasil, França e Alemanha e, por isso, as premiações também têm significado especial para os brasileiros, acredita a atriz. “É muito importante. Estamos atravessando um momento muito específico no País e todas as conquistas dentro do audiovisual refletem o nosso potencial e a nossa força.”

A Academia de Hollywood deverá indicar, entre o fim de dezembro e o início de janeiro, uma lista de pré-indicados à premiação de 2020. O Brasil concorre com o longa A Vida Invisível, de Karim Aïnouz, que estreia no dia 31.

Dos filmes recém-estrelados por Maria Fernanda Cândido, somente O Incerto Lugar do Desejo, de Paula Trabulsi, já estreou. O Traidor está previsto para chegar às salas brasileiras em 2020, assim como A Paixão Segundo GH, de Luiz Fernando Carvalho, inspirado no livro de Clarice Lispector, e que celebrará o centenário da autora. Paralelamente, a atriz já começou a gravar um novo longa intitulado Vermelho Monet, de Halder Gomes, em Lisboa.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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