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Documentário

Filme disseca cenário indie brasileiro da década de ’90’

Com a presença do produtor da obra, "Guitar Days" será exibido de graça em Americana nesta noite de quinta-feira

Por Rodrigo Pereira

25 de julho de 2019, às 07h56 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 11h15

“Eu nunca escutei música em português, eu nunca escutei Chico Buarque, eu não gosto de Caetano Veloso. Eu gosto de Sonic Youth”, diz Magoo Felix, baterista da banda Twinpine(s) e produtor do documentário “Guitar Days: an unlikely story of Brazilian music”, que será exibido gratuitamente no Espaço GNU, em Americana, às 20h30 desta quinta-feira.

A declaração de Magoo resume um pouco do sentimento dos integrantes de bandas que cantavam em inglês entre o começo e meados dos anos 1990 no Brasil. Em meio a uma ruptura com o rock melancólico e romântico dos anos 1980 e a onda do noise e grunge que tomava as cenas pelo mundo, disseminava-se o número de grupos interessados em cantar na língua inglesa, assim como seus ídolos.

Foto: Reprodução
Documentário retrata momento muito particular e pouco lembrado do rock nacional

“Guitar Days” busca captar como sobreviveram e ainda sobrevivem esses músicos dissidentes desta cena do rock independentes em idioma estrangeiro, que andam na contramão do mercado.

“A gente sempre comenta que viver de música autoral no Brasil, em geral, já é uma coisa heroica. Viver de música autoral em inglês no Brasil é praticamente nulo. Todo mundo que faz música em inglês dentro dessa coisa do indie, noise, grunge, essa coisa contextual de barulho cantado inglês faz porque gosta, nas horas vagas, em fins de semanas”, explica ele, que tem como real “ganha pão” os trabalhos como ilustrador e artista plástico.

Trabalho de campo. Diretor da produção, Caio Augusto Braga conta que foram coletadas mais de 100 horas de material para um filme de 1h25.

Foram 71 pessoas entrevistadas. Entre as bandas, nomes icônicos para a cena, como a Pin Ups, Second Come e as piracicabanas Killing Chainsawn e Travelling Wave. Também são entrevistados músicos estrangeiros, como Thurston Moore (Sonic Youth), e Stephen Lawrie (The Telescopes). Entre jornalistas, críticos e músicos que analisam o movimento estão Kid Vinil e Carlos Eduardo Miranda.

“Eles [músicos entrevistados] sempre são categóricos ao afirmar que não se identificavam com o rock que era feito aqui, era um momento de ruptura, e eles tinham muita influência de bandas do exterior. Um som que é mais barulho, noise, mais utilização de guitarra, e era natural usar o inglês”, explica Caio.

O longa chega até as bandas dos tempos atuais e explora mercados de diferentes pontos do país. Houve filmagens no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Uberlândia, Porto Alegre, Maringá, Santos, Londrina, entre outros locais.

“O rock hoje no Brasil não é mais um estilo mainstream. Deixou de ser. Se já era difícil nos anos 90, hoje é uma tarefa hercúlea tentar pegar uma banda de rock e fazer disso seu ganha pão”, avalia Caio.

Após a exibição da produção em Americana, haverá um bate-papo com Magoo Felix. A produção já foi exibida na Espanha (onde foi premiada), Portugal, Estados Unidos, Índia e Rússia.

Acontece: O documentário “Guitar Days: an unlikely story of Brazilian music” será exibido gratuitamente, às 20h30 desta quinta-feira, no GNU Lab, em Americana. O espaço fica na Rua Padre Avelino Canaza, 258, Vila Galo.

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