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Cinema

‘Dois Papas’ encerra o evento em alto estilo

Por Agência Estado

30 de outubro de 2019, às 07h13 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 11h15

Realizam-se nesta quarta, as cerimônias de premiação e encerramento da 43ª Mostra. Dos 14 filmes selecionados pelo público, o júri internacional escolherá o vencedor ou os vencedores do Troféu Bandeira Paulista. Entre os pré-selecionados, estão dois filmes brasileiros – Chorão, Marginal Alado, de Felipe Novaes, e Partida, do ator e diretor Caco Ciocler.

Entre os 12 restantes, existem longas belíssimos, como o documentário encenado – à maneira de Robert Flaherty – da Macedônia, Honeyland, de Ljubomir Stefanov, e também Papicha, de Mounia Meddour, que é o programa desta noite no ciclo de projeções e debates que o jornal O Estado de S. Paulo promove no Petra Belas Artes.

O júri de quatro membros é integrado pela atriz e diretora Maria de Medeiros, pelos diretores Beto Brant e Lisandro Alonso, e pela produtora Xénia Maingot. A Mostra também divulga nesta quarta a programação da repescagem, que começa amanhã e vai até quarta, 6. Num circuito menor, o público terá a chance de (re)ver filmes importantes da programação e até os vencedores dos prêmios do público, da crítica e do júri.

Na abertura, há duas semanas, Renata Almeida havia destacado que, malgrado as dificuldades, essa seria uma Mostra com DNA bem brasileiro. Apesar das qualidades, The Wasp Network, Os Últimos Soldados da Guerra Fria, baseado no livro de Fernando Morais, não foi o melhor Olivier Assayas. Já Dois Papas, que encerra a Mostra, não é apenas o verdadeiro City of God – uma piada que Fernando Meirelles terá de se acostumar a ouvir -, como é também o melhor e o mais bem dirigido filme do cineasta. Começa com o cardeal argentino Jorge Bergoglio participando de uma atividade comunitária em Buenos Aires. Prossegue com o conclave que elegeu papa o cardeal alemão Joseph Ratzinger, quando ele adotou o nome de Bento XVI.

Desenha-se, de cara, um conflito no seio do Vaticano – entre conservadores e os progressistas que o papa anterior, João Paulo II, tratara de neutralizar. Anos depois, Bergoglio viaja a Roma para tratar de sua aposentadoria.

Coincidentemente, sua santidade o chamara a Roma, e o hospeda em Castel Gandolfo, a residência de verão do papado, uma deferência rara. Ali, e também no Vaticano, na célebre sala que abriga o afresco de Miguel Ângelo, os dois conversam, discutem, entendem-se. Cada um desses homens terá de purgar-se da culpa – ‘ego absolvo vobis’ (absolver-se dos seus pecados).

Será o encontro de dois papas, o que vai renunciar, Bento, transformando-se em emérito, e o que será eleito para reformar a Igreja: Jorge, que escolherá o nome de Francisco.

Experiência. O repórter não se furta a dizer que o filme lhe proporcionou uma radical experiência emocional – coisa de chorar. Perdoar e ser perdoado. Dois atores excepcionais, em estado de graça, Jonathan Pryce (Jorge/Francisco) e Anthony Hopkins (Bento). Um belíssimo filme que a Mostra permite ao público ver no cinema. Por se tratar de uma produção da Netflix, Dois Papas só poderá ser visto na plataforma da operadora de streaming.

Nos EUA, está previsto para estrear em 27 de novembro. Repete-se, portanto, a operação do ano passado, quando outra produção da Netflix, Roma, de Alfonso Cuarón, encerrou a Mostra. Roma foi para o Oscar e venceu. Os Dois Papas será indicado? Os atores, muito provavelmente, ou certamente, sim. Pryce e Hopkins vêm somar-se, como aspirantes, a outros mais que prováveis candidatos – Joaquin Phoenix, por Coringa, de Todd Phillips, e Antonio Banderas, pelo Almodóvar, Dor e Glória. Mas o filme terá de concorrer com O Irlandês, de Martin Scorsese. Duas produções da Netflix entre os finalistas do Oscar talvez sejam demais para a Academia.

Para ver nesta quarta, à espera dos Papas de Meirelles, o cinéfilo dispõe de programas como A Jangada de Welles, documentário de Firmino Holanda e Petrus Cariry, que retraça a aventura brasileira de Orson Welles no episódio de Its All True/É Tudo Verdade – a célebre histórias da jangada que afundou – , e Aos Olhos de Ernesto, de Ana Luiza Azevedo, com Jorge Bolani, sobre fotógrafo de 80 anos que está perdendo a visão por conta da velhice. Ele tenta enganar as pessoas ao redor, mas termina descobrindo, a despeito de tudo, novas possibilidades de vida, e amor. Como tudo o que a diretora faz, outro belo filme.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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