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Star Wars

Análise: ‘A Ascensão Skywalker’ entrega final decepcionante para a saga

LIBERAL esteve na pré-estreia de “Star Wars: A Ascensão Skywalker” e traz suas impressões: J.J. Abrams fecha trilogia de forma contemplativa e indolor

Por André Rossi*

19 de dezembro de 2019, às 12h08 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 11h15

É necessária uma dose considerável de boa vontade para entender “Star Wars: A Ascensão Skywalker” como a conclusão de uma trilogia. O novo episódio da saga, que estreou nesta quinta-feira (19), ignora as discussões propostas em “Os Últimos Jedi”, de 2017, e se preocupa em entregar aos fãs as mesmas sensações que o “O Despertar da Força” proporcionou em 2015.

Não é difícil entender o motivo. Em “Os Últimos Jedi”, o diretor Rion Johnson não teve medo em brincar com as expectativas do público, nem pudor ao desdenhar do “sagrado” que envolve a franquia. Johnson entendia que a saga Star Wars podia ser mais do que um emaranhado de ligações familiares, e que o futuro dependia dessa interpretação.

O filme dividiu opiniões como nenhum outro da franquia até então e deixou uma grande interrogação sobre como a história seria concluída. A solução encontrada pela Disney foi simples: trazer de volta J.J. Abrams.

Foto: Divulgação
A Ascensão Skywalker chega aos cinemas nesta quinta-feira (19)

Fã assumido da franquia, o diretor de “O Despertar da Força” soube brincar como ninguém com todos os elementos clássicos: personagens da trilogia original, uma nova jornada do herói, um novo droide cativante para vender bonequinhos. Uma verdadeira carta de amor, mas que pecava ao estabelecer, por exemplo, o contexto político que permitiu a ascensão da Primeira Ordem.

A falta de profundidade se repete em “A Ascensão Skywalker”. Com 2h20min de duração, o roteiro encontra soluções rápidas para mover as personagens de um lado para outro da galáxia. O senso de urgência diminui o impacto das aparições de velhos conhecidos da trilogia clássica, que forçam o filme a desacelerar, resultando numa montagem errática.

Os principais pontos positivos trazidos por Rion Johnson no segundo filme da trilogia são ignorados sem cerimônia por J.J. Abrams. Diversas cenas parecem ter sido pensadas como uma resposta direta ao diretor anterior, especialmente a que envolve o sabre de luz de Luke Skywalker. J. J. quer que o público continue a prestar reverência a trilogia clássica e não, necessariamente, que evolua a partir do que ela trouxe.

Entretanto, se existe uma coisa que o diretor não conseguiu ignorar de “Os Últimos Jedi” é a ligação estabelecida entre Rey (Daisy Ridley) e Kylo Ren (Adam Driver). Ambos estão em conflito, tentando entender a própria identidade, e é justamente essa busca que os aproxima e torna a dinâmica tão interessante.

Foto: Divulgação
Em “A Ascensão Skywalker”, J.J. Abram fecha trilogia de forma contemplativa e indolor

Apesar da origem da personagem ser mal explorada e ter surgido sem grandes explicações do roteiro, Daisy Ridley entrega uma heroina clássica e cativante. Já Adam Driver transforma o antagonista da história no elemento mais interessante da nova trilogia, com um arco narrativo complexo, mas que acaba pagando o preço, novamente, por elementos estabelecidos em “O Despertar da Força”.

Fechando o time de protagonistas, Finn (John Boyega) e Poe Dameron (Oscar Isaac) funcionam muito bem juntos, apesar de serem castigados com algumas das falas mais clichês do longa. Já a homenagem de despedida para Carrie Fisher, falecida em 2016, é singela, mas sabiamente utilizada para fazer justiça à personagem de Leia Organa.

“Star Wars: A Ascensão Skywalker” é uma conclusão apressada, apelativa e pouco inspirada para a franquia mais importante da cultura pop. Pode agradar pelas referências aos filmes clássicos, mas termina de um modo desnecessariamente contemplativo.

Assim como na cena na qual Mestre Yoda adverte Luke Skywalker em “Os Últimos Jedi”, a sensação que fica é que J. J. Abrams ainda está olhando para o horizonte. “Nunca aqui, agora. A necessidade na frente do seu nariz”.

* O repórter André Rossi esteve na pré-estreia do filme na madrugada desta quinta-feira, em Campinas.

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