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Neil Gaiman leva a série ‘Good Omens’ para a TV

Por Agência Estado

01 de junho de 2019, às 07h20 • Última atualização em 03 de junho de 2019, às 10h18

Em 1990, quando Neil Gaiman e Terry Pratchett lançaram o livro Good Omens – Belas Maldições, o mundo parecia longe do Armageddon. O Muro de Berlim tinha caído, acabando simbolicamente com a Guerra Fria. Francis Fukuyama anunciava o fim da história. E, no entanto, sua história falava do anjo Aziraphale e do demônio Crowley, que se conhecem desde o Jardim do Éden e tentam monitorar um menino, evitando que ele se torne o Anticristo – os dois gostam demais da Terra para vê-la destruída.

Que diferença faz quase 30 anos. A prova é a série Good Omens, que está no ar na Amazon Prime Video desde sexta, 31. “Na época, Terry e eu conversamos e decidimos colocar uma frase no livro sobre isso, dizendo que estava havendo um aumento na tensão internacional, o que era estranho, pois todo o mundo estava se dando tão bem”, contou também Gaiman em entrevista ao Estado, em Londres.

“Gostaria de poder colocar essa frase também na série, mas tivemos de tirar, porque infelizmente não é necessária.” A situação do mundo não foi a única coisa que mudou. Terry Pratchett morreu em 2015, em consequência da doença de Alzheimer, antes que uma linha de roteiro fosse escrita. Um pouco antes, ele tinha pedido a Neil Gaiman para finalmente transformar Good Omens em série, depois de anos de tentativas de fazer um filme, pois só ele poderia ser fiel à obra. Quando ele morreu, Gaiman tomou o último pedido como missão. “Eu me transformei em show runner”, revelou ainda.

Quando voltou do funeral de Pratchett, Gaiman sentou-se imediatamente para escrever o primeiro episódio. Mesmo sendo coautor do livro, Gaiman acha que não existe garantia de não haver uma petição nos moldes da que exige da HBO novos roteiristas para escrever o fim de Game of Thrones.

Good Omens, o livro, é tão amado quanto a saga de George R.R. Martin, contando entre seus fãs desde Michael Sheen e Jon Hamm, que estão no elenco, até o rapper Emicida, que se inspirou na obra e acaba de lançar a música Final dos Tempos. “Pode ser que peçam minha remoção e exijam Johnny Depp no elenco, sei lá”, brincou Gaiman. “Mas me senti muito apoiado por todos, inclusive os fãs.”
Para a série, Gaiman seguiu o livro à risca, mas acrescentou alguns elementos.

Por exemplo, o episódio 3 tem uma abertura antes dos créditos que vai mais a fundo no relacionamento entre Aziraphale (interpretado por Michael Sheen) e Crowley (David Tennant) ao longo dos milênios. Também desenvolveu Gabriel, o superior de Aziraphale, vivido por Jon Hamm como aquele chefe arrogante, burro e condescendente, sempre com um sorriso falso no rosto e metido em belos ternos de cashmere. “Eu faço o idiota bonitão, o que não demanda um esforço muito grande de minha parte”, contou Hamm. “É uma brincadeira com a imagem que têm de mim. Sou extremamente privilegiado, porque sou homem, heterossexual, branco. Mas há uma série de expectativas que estão coladas na minha imagem que não são verdade. Somos seres humanos com todos nossos defeitos, e todos cometemos erros.”

Mas, no fundo, Good Omens é, na verdade, sobre a relação entre Aziraphale e Crowley – e a química entre Michael Sheen e David Tennant é que realmente faz a série funcionar. “É um bromance, no mínimo”, afirmou Tennant. Sheen acrescentou: “Eles têm um relacionamento único, porque só os dois sabem como é estar na Terra, entre humanos, por milênios. Então isso os uniu, apesar de cada um estar em um campo oposto”.

Para Tennant, eles são codependentes. “São o yin e o yang. Eles só têm um ao outro.” Aziraphale e Crowley gostam dos prazeres da vida neste planeta, seja o vinho ou a comida, e não querem voltar para o escritório – o céu é a cobertura com luz de padaria, e o inferno, um porão escuro. “A série é cheia de coisas para admirar, tem humor, muitas coisas estranhas acontecendo, um visual elaborado”, explicou Sheen. “Mas eu espero que o público se importe com esses dois personagens e sua interação.”

Num mundo de tantos muros, muitas vezes invisíveis, dividindo as pessoas, é um alento ver dois indivíduos superando suas diferenças.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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