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Retrospectiva

Melhores e Piores: jornalismo atento e forte

O ano de 2019 foi recheado de altos e baixos para a imprensa brasileira

Por TV Press

31 de dezembro de 2019, às 08h25

Ao longo dos últimos anos, o jornalismo tem sido mais essencial do que nunca. Seja pelos sucessivos escândalos que assolam a política brasileira, seja pela enxurrada de “fake news” que tem surfado nas redes sociais no Brasil no mundo, a figura do jornalista ganha um certo peso.

O ano de 2019 foi recheado de altos e baixos para a imprensa brasileira. Além de lidar com as constantes pautas sobre escândalos políticos, os embates travados pelo presidente da República com repórteres e a já conhecida crise financeira do País, as produções também precisaram superar perdas importantes e repentinas, como as mortes de Ricardo Boechat e Paulo Henrique Amorim.

Foto: Divulgação
Jornal da Band

Em uma época em que os jornais e revistas de credibilidade precisam disputar a atenção do público com aplicativos como Facebook, Whatsapp e Telegram, entre outros, o jornalismo deveria reaprender a checar suas fontes para respaldar as informações que propaga. Nem todos fazem o dever de casa, mas uma parte do jornalismo manteve a qualidade e a independência, como fica destacado na eleição de “Melhores & Piores de TV Press”. Apesar da perda de Ricardo Boechat no início do ano, que foi seu principal nome por muitos anos, o “Jornal da Band” foi apontado como o “Melhor Telejornal”.

No ano em que completou cinco décadas no ar, o tradicional “Jornal Nacional” se mostrou cada vez mais irrelevante para quem busca informação de qualidade. O jornal e seu âncora, William Bonner, conseguiram a dobradinha de “Pior Telejornal” e “Pior Apresentador de Telejornal”.

Corporativista, tendencioso, superficial e, por algumas vezes, tentando pateticamente soar engraçado, Bonner faz total contraste com o profissionalismo e carisma de Maria Julia Coutinho, que assumiu o “Jornal Hoje” e de cara faturou o prêmio de “Melhor Apresentadora de Telejornal”.

ESPORTES

Ao longo dos meses, a arbitragem, a rotatividade de técnicos e o calendário intenso de jogos formulado pela CBF são temáticas frequentes nos programas esportivos e mesas redondas. Porém, em 2019, os jornalistas esportivos acharam outro assunto para massacrar: o bom momento do Flamengo.

Com os direitos de transmissão do Brasileirão e da Libertadores da América, a Globo e SporTV faturaram prêmios nas mais diversas categorias de melhores e piores. Buscando ir além do óbvio e do factual, o longevo “Esporte Espetacular” foi apontado “Melhor Programa de Esporte”.

Já o ex-jogador Roger Flores mostra que estar diante das câmeras é tão difícil quanto bater um pênalti decisivo. À frente do “Boleiragem”, escolhido como “Pior Programa de Esporte”, o atleta faz uma atuação de gala como comentarista, mas não como apresentador. Despertando amor e ódio no público, Galvão Bueno já é um clássico do jornalismo esportivo brasileiro.

Melhor Telejornal – “Jornal da Band”, da Band

Há perdas que são insuperáveis. A morte de Ricardo Boechat, em fevereiro, numa queda do helicóptero que o levava de Campinas para São Paulo, é uma delas. Referência dentro do jornalismo nacional e sempre com comentários contundentes, Boechat personificava o “Jornal da Band”. Após uma perda tão repentina e traumática, seria natural que o jornal tivesse dificuldades para voltar ao rumo. No entanto, a equipe da Band conseguiu reverter a situação.

Com Eduardo Oinegue e Lana Canepa à frente da bancada, a produção segue com uma linha editorial independente, que sabe a hora de ser assertiva e impactante nos comentários e análises. Aos 55 anos, Oinegue traz uma importante experiência do impresso e a acidez dos programas de rádio. Além de não deixar cair a qualidade do conteúdo analítico, o “Jornal da Band” tem investido em grandes séries de reportagens, que foram gravadas no Brasil e no exterior.

Pior Telejornal – “Jornal Nacional”, da Globo

Uma das produções mais tradicionais da tevê brasileira, o “Jornal Nacional” completou 50 anos atravessando um de seus períodos mais questionáveis. Seja pela evidente falta de objetividade nas edições, seja pela linha editorial corporativista e tendenciosa que manteve ao longo dos últimos anos, a produção capitaneada por William Bonner vem conquistando irrelevância no jornalístico brasileiro.

Com cenários cada vez mais modernos e esbanjando orçamento, o “Jornal Nacional” esquece do material básico da produção: o conteúdo. Ao longo das edições, Bonner e Renata Vasconcellos apresentam um apanhando de notícias sem profundidade ou análise respeitável. Durante os 12 últimos meses, o jornal pouco inovou ou surpreendeu seu público. Primeira referência de telejornal com alcance nacional no país, o “Jornal Nacional” parece viver apenas de sua história, tornando-se dispensável.

Melhor Produção Jornalística de Variedades – “Profissão Repórter”, da Globo

Caco Barcellos, aos 69 anos, é uma das principais referências do jornalismo brasileiro. E é justamente a experiência longeva de Caco que se sobressai no “Profissão Repórter”, da Globo. O programa, que reúne uma equipe de jovens jornalistas, apresenta uma interessante mistura de gerações na hora de conduzir as matérias abordadas.

A produção, que em 2019 ultrapassou a marca dos 400 programas, funciona como uma espécie de minidocumentário na grade da Globo, abordando questões relevantes da sociedade atual. No ar desde 2006, o “Profissão Repórter” buscou nessa última temporada apresentar reportagens mais investigativas.

Além disso, o programa também manteve o frescor com a atualidade ao repercutir casos de grande comoção, como a tragédia no baile “funk” de Paraisópolis, uma comunidade localizada em São Paulo.

Pior Produção Jornalística de Variedades: “Em Pauta”, da Globo

Reformulações, às vezes, são necessárias, mas também podem ser problemáticas. O “Em Pauta”, da GloboNews, evidenciou isso durante todo o ano de 2019. Após 22 anos, Sérgio Aguiar, ex-âncora titular da produção, deixou o canal de notícias por não aceitar a política de cortes de salários do jornalismo da Globo – atualmente, ele apresenta dois boletins diários do “Jornal da Record”.

A saída inesperada promoveu Marcelo Cosme, do quadro de repórteres em Brasília, ao posto de âncora do jornalístico. Além de um apresentador sem experiência e segurança no comando, o programa passou a contar apenas com um time de comentaristas dos mais fracos – Guga Chacra está perdido ali. O novo “Em Pauta” conseguiu até a proeza de ressuscitar o tedioso Carlos Alberto Sardenberg, que havia perdido espaço na Globo após da demissão de William Waack por racismo.

Melhor Apresentador de Telejornal: Maria Júlia Coutinho, do “Jornal Hoje”, da Globo

Carisma é um ingrediente de extrema relevância na tevê. E Maria Júlia Coutinho parece ter em excesso. Junte a isso, a coragem de enfrentar com elegância os comentários racistas dirigidos a ela. Desde que estreou em rede, na previsão do tempo do “Jornal Nacional”, Maju, como é conhecida, chamou a atenção do público.

De lá para cá, ela foi naturalmente conquistando espaço dentro do jornalismo da Globo. Com a saída de Sandra Annenberg para o “Globo Repórter”, a jornalista foi uma escolha certeira para assumir o descontraído e leve “Jornal Hoje”.

À frente da produção vespertina, Maju consegue inserir com naturalidade a leveza e o humor quando as notícias do tranquilo jornal permitem. Ainda assim, a apresentadora também sabe ser assertiva e sensata nas reportagens mais pesadas e escandalosas que sempre permeiam o noticiário brasileiro.

Pior Apresentador de Telejornal: William Bonner, do “Jornal Nacional”, Da Globo

O jornalismo sisudo e fechado é uma realidade distante há muito tempo. Cada vez mais os âncoras de tevê buscam um ar descontraído diante das câmeras. No entanto, na contramão dessa tendência, está William Bonner. Talvez por falta de estofo jornalismo, o apresentador precise fazer cara de sério para angariar alguma credibilidade.

À frente do “Jornal Nacional”, não consegue imprimir a leveza e a confiança exigidas. Com comentários supérfluos e superficiais e diálogos mal ensaiados com os repórteres que entram no ar, Bonner ainda falha fragorosamente nas tentativas de fazer piadinhas e comentários engraçados no ar, ao lado da apresentadora-troféu Renata Vasconcellos.

Há 23 anos na bancada do “Jornal Nacional”, sendo há duas décadas como editor-chefe, Bonner, a cada ano, se afasta mais do posto de jornalista e assume a função de porta-voz da emissora.

Melhor Programa de Esporte: “Esporte Espetacular”, da Globo

Após alguns anos de marasmo e pouca repercussão, o “Esporte Espetacular” soube aprender com os erros e voltou a encontrar um caminho frutífero na tevê. Depois de sucessivas trocas na apresentação e entrar em uma crise de identidade, o programa esportivo finalmente encontrou uma dupla de bons titulares, com Lucas Gutierrez e Bárbara Coelho.

Carismáticos, os dois apresentam uma interessante tabelinha nas manhãs de domingo. Com o problema dos apresentadores solucionado, a equipe da produção pode voltar suas atenções para o conteúdo. Indo na contramão do factual “Globo Esporte”, o programa passou a apresentar matérias mais robustas e com textos mais elaborados.

Apesar de lidar com um assunto descontraído, o “Esporte Espetacular” também abre espaço para o lado torto do esporte, como doping, corrupção e outras mazelas. Sabendo dosar o factual com grandes reportagens, o “Esporte Espetacular” mostra que o jornalismo esportivo pode ter mais profundidade.

Pior Programa de Esporte: “Boleiragem”, do SportTV

O “Boleiragem”, do SportTV, segue uma fórmula pouco inovadora no vídeo. A ideia de reunir esportistas e ex-esportistas para relembrar histórias da carreira e dos bastidores não é nova. Inclusive, a produção comandada por Roger Flores lembra bastante o já consolidado “Resenha”, da ESPN. Comentarista da Globo desde 2012, Roger começou a ir além das análises na programação do canal.

Após algumas atuações como repórter e apresentador, o ex-jogador de futebol ganhou um programa para chamar de seu. Sem grandes experiências jornalísticas, Roger é um fraco condutor para as conversas abordadas.

Apesar de compreender bem o universo da temática do programa, o ex-atleta não tem recursos necessários para extrair o melhor de seus convidados. Engessado e, por algumas vezes perdido, Roger não consegue ir além do roteiro apresentado.

Melhor Comentarista de Futebol – Caio Ribeiro, da Globo

Escolhido como “Melhor Comentarista de Futebol”, Caio Ribeiro, bastante conhecido por seu jeito tranquilo e de bom moço, consegue administrar seu lado ex-jogador e a nova função na televisão de forma certeira. Com comentários claros, técnicos e também sabendo resgatar histórias pessoais da carreira, Caio se sobressai com seu carisma diante das câmeras.

Recentemente, o ex-jogador viralizou na internet ao aparecer imitando um golfinho durante o programa “Bem Amigos”, do SporTV. Ou quando usou o termo “bananão” – o que para ele, constitui um xingamento pesado. Em um meio onde a vaidade e ego imperam, Caio conquistou o público pelos comentários neutros e seguros, mas também pela simpatia que exalta na tevê.

Melhor Narração de Futebol: Galvão Bueno, da Globo

É impossível ser indiferente a Galvão Bueno. O mais conhecido narrador da tevê desperta paixão e ódio do público. Os comentários passionais e exagerados, as caras e bocas e as saudáveis discussões com seus colegas de cabine fazem a alegria dos fãs, mas também de quem ama cornetar Galvão Bueno. Diante dos poucos empolgantes jogos da seleção comanda por Tite, não foi difícil para o narrador se sobressair durante as partidas em 2019.

Vaidoso e, por algumas vezes, ocupando a função de torcedor, Galvão mostra que ainda é um dos maiores conhecedores de esporte do País. Inclusive, apesar da extrema ligação com o futebol, é durante as transmissões da Fórmula 1 que ele consegue apresentar um dos seus mais vastos conhecimentos.

Obviamente, o personagem Galvão Bueno já assumiu o vídeo há muito tempo, mas, ainda assim, o narrador segue, há 40 anos, como uma das principais vozes do esporte brasileiro e, principalmente, da seleção nacional.

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