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Ator

Jonas Bloch exalta autonomia artística

Do alto de seus 80 anos, 50 dedicados à televisão, ele aprendeu, entre altos e baixos, a importância de garantir autonomia artística

Por TV Press

03 de fevereiro de 2020, às 15h40 • Última atualização em 03 de fevereiro de 2020, às 15h46

Jonas Bloch usa a maturidade a seu favor. Do alto de seus 80 anos, 50 dedicados à televisão, ele aprendeu, entre altos e baixos, a importância de garantir autonomia artística. Depois de anos preso a contratos com emissoras, o ator vive desde 2015 a liberdade de fazer apenas o que quer.

Atualmente, tem trafegado com desenvoltura pelo cinema e pelo teatro, investido cada vez mais em sua porção artista plástico e se divertido ao reencontrar amigos e conhecer novos talentos. “Hoje em dia, se não for interessante, nem saio de casa. Por isso, prefiro ser contratado por obra e diversificar cada vez mais os personagens e as áreas de atuação”, avalia.

Foto: Divulgação / TV Globo
Jonas Bloch

Mineiro de Belo Horizonte, Jonas estreou na tevê em “Algemas de Ouro”, sucesso exibido pela extinta Tupi em 1969. Com passagens pela Manchete, Band e SBT, foi na Globo e na Record que o ator desenvolveu grande parte de sua carreira.

Na primeira, ganhou popularidade a partir de novelas como “Sem Lenço e Sem Documento”, “Pai Herói” e “Top Model”. Aos poucos, viu os bons personagens minguarem e resolveu assinar com a Record, em 2006, onde atuou em tramas como “Bela, A Feia” e “José do Egito”.

“Contrato é como um casamento. A gente faz trabalhos legais e outros nem tanto”, ressalta, entre risos. De volta à Globo em “Sete Vidas”, Jonas tem se surpreendido com os convites que vem recebendo na emissora. “Acho que nunca trabalhei tão feliz na Globo. E ainda tenho tempo para fazer outras coisas fora sem qualquer pressão. Então, está tudo certo”, celebra.

O Eric de “Bom Sucesso” foi um personagem cheio de mistérios e que trafegou pela maldade, características semelhantes com muitos papéis de sua carreira. Vilões ainda são seus tipos preferidos?

Jonas Bloch
Já fiz muitos malvados mesmo. Não sei se esse mais recente foi necessariamente vilão. É engraçado que acabo sendo chamado para fazer esses tipos mais controversos mesmo. Eu gosto, acho que o fato de ter esses contrapontos torna os papéis ainda mais complexos. Todo mundo sabe o que esperar do herói e do vilão. É por isso que esses personagens de posturas dúbias ficam tão interessantes.

E como não se repetir em cena?

Jonas

Isso vai mais pelo texto e temática da obra. Em uma comédia contemporânea das sete, não podia esquecer de adotar um tom mais naturalista. Então, em nenhum momento me sinto fazendo a mesma coisa. O esquema de trabalho também é bem diferente.

A minissérie “Se Eu Fechar Os Olhos Agora” foi gravada em 2017 e pensada para o “streaming” enquanto a novela seguiu com uma frente de capítulos, gravações e exibições diárias. Qual estilo o agrada mais hoje em dia?

Jonas

Estou acostumado a trabalhar na televisão com uma boa dose de pressão. É claro que as séries pensadas para o “streaming” têm seus orçamentos e prazos de produção, mas é tudo feito com tanta antecedência que é possível fazer com mais cuidado e preparação. O ritmo de gravação muda e acho que todo mundo tem a chance de dar o melhor de si durante o processo de trabalho.

Como você assiste tevê hoje?

Jonas

No meu tempo. Acho que esse é mesmo o futuro da televisão. Agora não é mais a emissora que define a agenda do telespectador. É uma liberdade muito bacana e um caminho que não tem mais volta. Já me acostumei a ver as coisas de acordo com a minha vontade (risos). É uma tendência que acaba facilitando para todo mundo.

“Bom Sucesso” foi seu quarto trabalho na Globo depois de quase uma década na Record. O que o motivou a não renovar seu contrato na antiga emissora e trabalhar por obra na atual?

Jonas

É muito pela liberdade de fazer apenas os projetos que me interessam. Quando deixei a Globo, em meados dos anos 2000, estava muito insatisfeito com o tratamento e os personagens que me eram oferecidos. Fiz coisas no SBT e logo depois a Record me seduziu com um bom contrato e a possibilidade de trabalhar com autores que eu adoro, como Lauro César Muniz e Marcílio Moraes. Vários colegas que também estava se sentido preteridos fizeram o mesmo movimento.

Quando essa “lua de mel” acabou?

Jonas

Chegou um momento em que eu já não me sentia bem com a obrigação de fazer novelas nas quais não tinha qualquer interesse. Em 2014, sinalizei para a emissora que não queria renovar o vínculo. Estava gravando “Vitória”, o rumo do personagem não me agradava e pedi, educadamente, para ele morrer. Retomar a liberdade foi revigorante.

Do alto de seus 80 anos, você acredita que a tevê tem valorizado mais os talentos veteranos?

Jonas

O mercado está mais aquecido. Tudo isso por conta dos investimentos em teledramaturgia na tevê fechada e no “streaming”. Com isso, Globo, Record e SBT tiveram de se mexer para não perder todo mundo. Acredito que o elenco mais maduro tem mais espaço nas tramas atuais. O idoso parou de ser apenas alguém invisível e secundário dentro da trama e agora tem histórias próprias para contar. Estou cheio de convites para depois da novela e isso é realmente estimulante.

Família na arte

Um dos maiores sonhos de Jonas Bloch é contracenar com a filha Débora em alguma obra de teledramaturgia. O encontro já aconteceu no teatro e na publicidade, mas ele espera ansiosamente que possa trabalhar com a rebenta em um estúdio de tevê. “Seria uma honra tão grande. Tenho um respeito e orgulho enorme pela trajetória da minha filha”, valoriza.

O encontro quase aconteceu em “Sete Vidas”, novela de 2015 que marcou a volta de Jonas ao elenco da Globo. No entanto, os personagens Lígia e José Renato acabaram não se encontrando na história de Lícia Manzo. “Fica aí meu pedido para os autores: façam uma cena para mim e para a Débora. Nunca pedi nada a vocês!”, ressalta, entre risos.

Instantâneas

# Jonas Bloch é descendente de uma família judia oriunda da Ucrânia.

# Além de ator, Jonas também é formado em Artes Visuais e Belas Artes.

# Do alto de sua experiência, ele também já deu aulas de atuação em algumas universidades do Rio de Janeiro e Minas Gerais.

# Atualmente, Jonas tem levado mais a sério sua faceta de artista plástico. Após a boa repercussão da exposição de desenhos “O Imaginário Liberto”, no Rio de Janeiro, ele aguarda o final das gravações de “Bom Sucesso” para levar a reunião de seus principais trabalhos para outras capitais brasileiras.

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