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Cultura

Busca pela relevância

Com objetivo de manter um equilíbrio entre serviço e entretenimento, “Fantástico” passa a ter Maju Coutinho como titular

Por Geraldo Bessa / TV Press

01 de dezembro de 2021, às 14h02

A Globo bem que tenta fingir tranquilidade quando precisa fazer grandes alterações em sua grade. A verdade, entretanto, é que a emissora está sempre testando nomes e formatos para não ser pega desprevenida. A saída de Tiago Leifert não só do “Big Brother Brasil”, mas da empresa, foi surpreendente. Nome respeitado no mercado publicitário e cheio de carisma perante o público, o desfalque deixado por ele exigiu um corte mais profundo da emissora em um de seus programas mais clássicos, o dominical “Fantástico”.  

Inicialmente, nomes como o recém-contratado Marcos Mion e a ex-“BBB” Ana Clara chegaram a ser “ventilados” pela emissora para assumir a disputa. Entretanto, pesou mesmo a experiência e a popularidade de Tadeu Schmidt, que foi transferido para o maior “reality show” do País. No ar há quase 50 anos, e privilegiando duplas formadas por um homem e uma mulher em sua história recente, o “Fantástico” agora passa a ser liderado por Poliana Abritta e Maria Júlia Coutinho.

A última grande mudança no dominical foi em 2015, justamente quando Poliana assumiu o espaço deixado por Renata Vasconcellos, que foi escalada para o “Jornal Nacional”. Depois de uma bem-sucedida passagem pelo “Jornal Hoje”, Maju já chega esbanjando diversidade e um público todo seu. Em sintonia com uma postura mais contemporânea do jornalismo da Globo, ela sabe muito bem lidar com o espaço que conquistou dentro da empresa e na casa dos brasileiros, um estilo despojado e sem tantos vícios que combina muito mais com o esquema mais livre dos domingos do que com a bancada diária de um telejornal vespertino. A chegada buscou equilibrar a conduta de Poliana, naturalmente mais engessada, com alguém um pouco mais extrovertida, para que o programa não ficasse protocolar demais.

Mas talvez a dose tenha sido alta demais, o que pode ser um problema para Poliana. Maju Coutinho mostra uma presença carismática e potente, ao mesmo tempo delicada, que torna desnecessário o contraponto contido de Poloiana que fazia sentido com o histriônico Schmidt.

Criado em 1973 por Boni, dirigido por Manoel Carlos e juntando uma grande equipe, o “Fantástico” vem resistindo ao tempo e períodos de altos e baixos. O ano de 2021, aliás, é particularmente revelador para o programa. Deixando alguns quadros mais bobos de lado e focando no entretenimento e nas grandes reportagens que lhe são peculiares, a produção vem retomando a relevância outrora enfraquecida e mantendo sua média no ibope em torno dos 20 pontos.

Sem um concorrente à altura nas outras emissoras, bastaram algumas decisões editoriais e estéticas mais robustas para trazer de volta o prestígio. Amparado pelo inevitável caos da pandemia, o programa soube dosar bem a prestação de serviço e o tom de denúncia com a função de dar algum alívio ao final de um dia já tão baixo-astral. Infelizmente, a saída de Tadeu não leva junto os enfadonhos “cavalinhos” da editoria de esportes do “Fantástico”. Agora sob o comando do eclético Alex Escobar, o quadro permanece mais do mesmo. Como tem seu público, acaba por não jogar contra o bom momento do dominical.

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