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Historiadores

Palestra em Americana aborda importância das artes visuais

Grupo de historiadores promove palestra gratuita na Câmara Municipal de Americana na noite desta quinta-feira

Por Rodrigo Pereira

26 de junho de 2019, às 10h49 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 11h13

Os livros didáticos de história do Brasil da última década popularizaram alguns quadros de momentos históricos do País. O uso da arte visual como forma de investigação acerca do passado, algo que por séculos não era aceito na academia, tem a capacidade de expor detalhes não presentes nos documentos oficiais.

Mas também podem esconder olhares enviesados. E essa é a temática da palestra gratuita “Imagem: De Mera Ilustração A Fonte Histórica”, que o grupo Historiadores Independentes de Carioba vai promover nesta quinta-feira na Câmara de Americana.

Foto: Victor Meirelles_1861_ Acervo do Museu de Belas Artes
Índios foram “inseridos” na primeira missa rezada no Brasil na pintura de 1861

O evento será ministrado pelos historiadores Jefferson Luis Bocardi e Mariana Mendes de Souza. “Na idade média, os monges copistas, ao copiarem os livros, faziam desenhos nas páginas. Esses desenhos não tinham muito significado naquele momento e eram chamados de iluminuras. Hoje em dia, a gente sabe que essas imagens dizem respeito até ao cotidiano medieval, à vida desse monge no seu mosteiro e o contexto que o cercava”, conta Mariana, para exemplificar a importância deste tipo de material, subestimado no passado.

Como exemplo da importância destes registros diante de uma época ou um acontecimento, os dois palestrantes vão analisar dois quadros do século 19 no Brasil: “Primeira Missa” e “Batalha dos Guararapes”, ambos pintados por Victor Meirelles, acadêmico do Brasil Império. Nesta análise, os pesquisadores vão mostrar a influência do governo imperial na produção artística da Academia Imperial de Belas Artes, uma vez que o principal comprador e financiador dos trabalhos era o imperador Dom Pedro 2º. A partir disso, discute-se a parcialidade do ponto de vista retratado pelos pintores.

Foto: Victor Meirelles_1879_ Acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro
Quadro do pintor Victor Meirelles que reproduz de maneira heróica a famosa Batalha do Guararapes

“Não se tem notícia de participação de índios na ‘Primeira Missa’, mas o Victor Meirelles optou por trabalhar daquela forma, colocar os índios dispostos na imagem, até com olhares curiosos, e é bem interessante porque em todos os livros didáticos que têm a chegada dos portugueses no Brasil têm essa imagem”, explica Mariana.

A historiadora conta que a influência do governo na produção fica ainda mais clara na segunda obra, uma vez que Dom Pedro chegou a pedir mudanças na primeira versão da pintura de “Batalha dos Guararapes”, o que foi acatado por Meirelles.

“[A obra] vai mostrar um episódio muito importante dos portugueses no Brasil que é a expulsão dos holandeses. E o Brasil não tinha um exército nesse momento, então acabou sendo uma organização de civis. O povo se organizou e lutou contra os holandeses, inclusive tem índios e negros no quadro. Por que ele pintou dessa forma? Para demonstrar o poder dos portugueses”, acrescenta a palestrante.

ACONTECE: A palestra será ministrada nesta quinta-feira, a partir das 19h30, na Câmara de Americana (Praça Divino Salvador, 5, Jardim Girassol). A entrada é gratuita, mas é precisar solicitar reservar de lugar pelo e-mail ciclopalestrashistoricas@gmail.com.

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