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Vitrais

Comunicação direta com o público foi marca do trabalho

Arte dos vitrais é marca do cristianismo, consagrando a própria história dos acontecimentos bíblicos de forma direta ao público

Por Luciano Assis

16 de novembro de 2019, às 07h17 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 09h51

Os vitrais originaram-se no Oriente por volta do século 10, tendo florescido na Europa durante a Idade Média. Amplamente utilizados na ornamentação de catedrais, o efeito da luz solar que por eles penetrava, conferia uma maior imponência e espiritualidade ao ambiente, efeito reforçado pelas imagens que retratavam, em sua maioria, cenas religiosas.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Pintura de Ton Geuer na capela do Hospital de Santa Bárbara d’Oeste

Adicionalmente, os vitrais também serviam como recurso didático para a instrução do catolicismo a uma população que os cleros consideravam inculta e analfabeta. A técnica clássica de fabricação de vitrais utilizava chumbo nas junções e soldaduras. A cor nas peças de vidro era obtida pela adição de substâncias diversas, como o cobre e o ouro.

Já foi dito que falar em vitrais no Brasil sem mencionar Ton Geuer é como escrever sobre a história da pintura nacional e ignorar Cândido Portinari. Quando ainda estava vivo, o mestre dos vitrais recebia pessoas que viajavam longas distancias até Campinas para aprender as técnicas.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Capela da Santa Casa de Santa Bárbara

No final da vida, ele ainda fez muitos trabalhos em condomínios, cuja totalidade está sendo agora catalogado pelas suas filhas. “Como igrejas não são construídas todos os dias, acabei pegando esses serviços em condomínios”, explicou o artista, em entrevista ao LIBERAL, em julho de 2010, poucos meses antes de sua morte.

Amor pelo Brasil

O artista saiu da Holanda em 1938 para morar na Bolívia e em 1960 desembarcou no Brasil. “Eu não gostei da Bolívia, então resolvi voltar para a Holanda. Só que pensei: Já que estou aqui, vou aproveitar para conhecer o Brasil. Vim ficar uns dias em Holambra. Foi amor à primeira vista pelo país. Pensei: É aqui que vou morar”, contou Geuer na mesma ocasião.

Esse holandês de coração verde e amarelo aprendeu a técnica dos vitrais com seus pais e quando chegou ao Brasil tinha poucos concorrentes nessa área.

“Na capital paulista tinha o Conrado Sorgenicht (alemão que era referência na arte dos vitrais nos anos 1950 e 60), que dominada a Grande São Paulo. Aí meu pai ficou por aqui e fez uma freguesia no interior”, relembrou Mathilda, uma das filhas de Geuer.

É ela, hoje, que luta para manter viva a memória e o trabalho do pai. É também quem melhor define a arte que hoje luta para manter viva.

“A forma dele comunicar a arte ao grande público sempre foi a da sobriedade, linhas sólidas, traços simples, cores naturais e expressão da ideia bastante objetiva. Meu pai nunca foi adepto de maneira complicada de se expressar. Para ele, as pessoas que vissem um vitral seriam levadas a pensar na mensagem que estava tentando passar”, complementa a filha Mathilda.

Igrejas da região onde são encontrados trabalhos de Ton Geuer:

Americana
• Capela Salesiana-Santo Antônio
• Paróquia São Vito

Santa Bárbara
• Paróquia São José
• Capela do Hospital de Santa Bárbara

Campinas
• Paróquia Divino Salvador-Cambuí
• Paróquia São José-Vila Industrial
• Paróquia Santa Isabel-Barão Geraldo
• Paróquia Santa Tereza D’Avila-Pq Industrial
• Igreja Quadrandular-São Bernardo
• Igreja do Nazareno-José Paulino

Limeira
• Paróquia Sagrada Família
• Paróquia Nossa Senhora Aparecida

Piracicaba
• Paróquia Dom Bosco

Hortolândia
• Capela Adventista

Holambra
• Paróquia Divino Espírito Santo.

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