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Pintura

Carlos Ragazzo divulga técnica oriental na região

Aluno do introdutor da arte sumi-ê no Brasil, artista quer estar em Festival japonês

Por Rodrigo Pereira

03 de setembro de 2019, às 07h48 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 11h13

Entender a harmonia e unicidade entre o homem e o meio onde vive, ir além dos limites impostos pelos padrões, prezar pela contemplação para dominar a imagem a ser retratada. Essas são algumas das características do sumi-ê, pintura que nasceu na China, foi popularizada no Japão e exige precisão caligráfica e dedicação do praticante.

No Brasil, o introdutor da arte foi Massao Okinaka, que em 1993 teve o primeiro contato com o aluno americanense Carlos Ragazzo, hoje professor e um dos principais disseminadores da técnica no País, que volta à cidade natal depois de uma temporada em São Paulo. Ragazzo retorna à região depois de um período delicado na Capital, no qual teve cerca de 150 pinturas furtadas, além de cerca de 5 mil fotografias. Atualmente, negocia participação no Festival Nipo Brasileiro de Americana, que vai ocorrer nos dias 12 e 13 de outubro.

Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal
Carlos aprendeu a técnica do sumi-ê
com Massao Okinaka no começo da década de 1990

Formado pela escola figurativista shijo, voltada a retratar a natureza, Ragazzo explica que a prática do sumi-ê começa muito antes de se colocar o pincel na tela. “A ideia dele é ter esse domínio de pincelada porque você vai ter que trazer ritmos naturais observados por contemplação continuada. Paro em frente a uma árvore e observo ela em várias condições: no vento, na chuva, dia seco, à noite, de tarde, porque em cada uma dessas situações ela apresenta uma resposta ao meio. E, na medida em que você vai pintando, essas qualidades observadas vão começar a se aproximar das qualidades de pinceladas”, explica o professor.

Segundo ele, a prática é influenciada pela visão fenomenológica que o oriental tem do mundo, no qual os seres e a natureza que os cercam são indissociáveis. “A árvore acaba sendo um complemento seu e você um complemento dela”, exemplifica.

As pinturas sumi-ê são sempre feitas sobre um papel com a gramatura muito baixa. Assim, o pintor não tem a possibilidade de fazer reconsiderações no meio do processo. “Em cada folha é uma pincelada única. Você não volta e retoca. A ideia é que você dê uma pincelada que seja decisiva. Se você volta e corrige, o papel é tão delicado que fica evidente que você sobrepôs pinceladas”, observa.

Desprendido

Outra concepção da vertente destacada por Ragazzo é a de expandir as sensibilidades para além de padrões e simetrias pré-concebidos. “A ideia é fazer entender que a gente tem sensibilidades outras. Que a norma é importante, porque é um acordo social, mas ela está desumanizando o humano por embrutecimento. A gente acha que a norma é o certo e o resto está tudo errado. Não existe arte desse jeito”, reflete.

Ragazzo dá aulas de pintura, realiza demonstrações e oficinas. Sua página é instagram.com/sumiecarlosragazzo e os contatos são carlosragazzo11@gmail.com e (19) 99978-2785.

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