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Arte

36ª edição do Panorama da Arte Brasileira busca diversidade

Por Agência Estado

16 de agosto de 2019, às 07h30 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 11h13

Antes de propor um conceito aos artistas participantes da 36.ª edição do Panorama da Arte Brasileira, Sertão, que será aberta no sábado, no Museu de Arte Moderna (MAM/SP), a curadora da exposição, Júlia Rebouças, buscou adaptá-lo às obras dos participantes de várias regiões do País, não necessariamente de clima semiárido. Há na mostra artistas de Estados como Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro ao lado de representantes da Bahia, Piauí, Maranhão, Pará e Minas, todos muito diferentes entre si.

Em síntese: a curadora viajou pelo Brasil todo em busca da diversidade, tentando encontrar “uma condição-sertão que funda outra existência e que não se deixa confinar”. E escolheu 29 artistas e dois coletivos empenhados em mostrar que sertão não é sinônimo de aridez ou vazio, mas, ao contrário, pode significar força e resistência a um projeto colonial de tutelar a arte e o homem.

“É incrível como uma palavra tão importante para a cultura como sertão não conseguiu encontrar tradução em movimentos artísticos ou literários, seja no Cinema Novo ou no Armorial”, observa a curadora, que espera dar sua contribuição a um estado existencial que supera a situação geográfica do semiárido. “Sertão, para mim, é o que não se vê, não se alcança, é quase o oposto do Panorama”, define.

Nessa desconstrução sertaneja, que descarta as palavras aridez e pobreza para mostrar uma região de muita potência, Júlia Rebouças busca uma nova narrativa que possa, eventualmente, recontar a história de um país que colocou em confronto litoral e interior por meio de um novo pacto social que reconheça a alteridade.

Sergipana de Aracaju, a curadora não selecionou nenhum artista de sua região, justificando: “O sertão sergipano é ocupado pela pecuária, diferente do sertão baiano, mas não foi essa a razão da ausência de representantes, porque, para mim, o sertão pode estar na Avenida Paulista ou em Cuiabá”.

Muitos tentaram uma definição para o sertão brasileiro mas até Guimarães Rosa, segundo ela, falhou na missão – “ele recorreu à negação”. Nonada. Rosa, sim, teve o mérito de inserir o sertão nas discussões sobre a formação do País. E é por isso que o Panorama do MAM existe, trazendo para o público de São Paulo artistas como Lise Lobato, de Belém, Gervane de Paula, de Cuiabá, Maxim Malhado, de Salvador, Santídio Pereira, do Piauí, e Paulo Setúbal, de Goiânia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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