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Cultura

A vida de Papais Noéis de Americana e Santa Bárbara

Conheça a rotina corrida, mas cheia de carinho, dos homens que dão vida ao personagem símbolo do imaginário infantil nesta época do ano

Por Valéria Barreira

22 de dezembro de 2019, às 15h07

Luiz Carlos Brunharo tem 61 anos, quatro filhos e um neto. Mora em Santa Bárbara, mas trabalha em Americana. Há mais de 30 anos é funcionário público do DAE (Departamento de Água e Esgoto) e há três não passa um Natal em família.

O motivo é compreensível. Todo mês de dezembro, depois que termina seu expediente de escriturário, ele troca o uniforme pela roupa de cetim vermelho e se transforma em outra pessoa. De escriturário, Brunharo passa a ser uma celebridade do mês de dezembro: o Papai Noel.

Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal
O funcionário público Luiz Carlos Brunharo, 61, que todos os meses de dezembro vira o bom velhinho em Americana

Sua jornada como o “bom velhinho” começa ao cair da noite – 18h – e se estende até 22h. Aos sábados e domingos não tem folga e começa ainda mais cedo. Ao meio-dia, nos finais de semana, ele chega para ocupar o trono no shopping Welcome Center, em Americana.

Como toda celebridade, há filas para vê-lo. As crianças – e os pais – o abordam, pedem fotos e fazem pedidos. Sua rotina também inclui a leitura das cartinhas depositadas na sua caixinha de correio e aí o homem que desperta a emoção nas crianças também é tomado por ela.

A inocência dos pequenos em acreditar que ele é real e os pedidos expressando dificuldades de gente grande – desejo por roupas e cesta básica – mexem com ele. “Me emociono muito”.

Com voz suave e barba branca natural cultivada ao longo do ano, diz que não há como não se envolver com o personagem. “No imaginário das crianças, sou real”, diz o Papai Noel, que não reclama do trabalho e só lamenta não poder realizar todos os desejos confessados a ele.

Tivoli

A tarde de sexta-feira só está começando. Ainda não são 14h e um sininho toca próximo a uma das entradas do Tivoli Shopping, em Santa Bárbara d’Oeste. É o sinal. As crianças se aproximam, abrem um sorriso e logo aparecem os pais com o celular na mão. O Papai Noel chegou e até alcançar sua casa, do outro lado do empreendimento, são muitas paradas para selfies e abraços.

Há 14 anos, essa é rotina do aposentado José Francisco Borgonov durante o mês de dezembro. São dias e noites dando vida ao personagem que povoa o imaginário infantil nesta época do ano. Mas a sua experiência é bem anterior a isso.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Francisco Borgonov é parado por crianças e adultos antes de conseguir chegar até a cadeira do Papai Noel em shopping de SB

Na década de 1980, o homem de sobrenome que até parece mesmo de Papai Noel já visitava famílias caracterizado como o bom velhinho nas noites que antecedem o Natal. Um anúncio de jornal, em 2005, com oferta de vagas para Papai Noel, colocou o personagem definitivamente na sua vida e desde então sua rotina em dezembro nunca mais foi a mesma.

Como celebridade natalina, ele recebe a visita de 1,2 mil crianças, em média, todos os dias no Tivoli. Quando ele chega para ocupar sua poltrona vermelha, já há fila de pequenos esperando por ele. Todos, inevitavelmente, fazem uma foto ao seu lado.

O encanto exercido pela roupa vermelha e a barba branca natural não poupa nem os adultos (eles também pedem fotos e presentes), mas são as crianças que fazem a mágica acontecer. A inocência faz elas pedirem animais como um elefante e a acreditarem que Papai Noel de fato as visita na noite de Natal para entregar os presentes.

E ai, entra, talvez, a característica mais importante que o posto exige: manter o encantamento. “Estimulo a fantasia. A infância passa muito depressa. Um dia elas vão crescer e terão problemas de adultos. Então, enquanto puderem devemos deixá-las acreditar”.

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