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Cotidiano & Existência

Vida modo express

Gisela Breno escreve que o dano maior desse modo express de viver é deixar de viver em plenitude

Por Gisela Breno

18 de janeiro de 2022, às 14h57

Imaginei, erroneamente que, com o advento de novas tecnologias, teríamos mais tempo para usufruir o viver. Constato para minha tristeza que estamos vivendo no modo express.

Express sem expressão. Não se aprecia mais a cor do envelope, o desenho da letra, o perfume da pessoa amada entranhado em cada parágrafo da pequena carta, que percorreu quilômetros para chegar em nossas mãos. Os emojis lançados vertiginosamente nas mensagens, elaborados minuciosamente para demonstrar nossos sentimentos, são incapazes de expressar os anseios da nossa alma, o sussurro dos apaixonados, as dores que frequentemente ferem nosso ser, as alegrias que nos remetem ao jardim do Éden.

As hashtag levam informações que chegam aos nossos olhos em frações de segundos, mas será que tocam profundamente nosso coração?

Somos invadidos por enxurradas de notícias, mensagens, reportagens, textos digeridos superficialmente com atropelo, ansiedade, stress, que trazem em tempo real o mundo em constante transformação.

Diante de tamanha atribulação, de imensa e intensa velocidade não nos bastamos, somos por muitas vezes incapazes de mergulhar, paradoxalmente, no silêncio para aquietar nosso espírito. O silêncio, mestre da alma, incomoda, a pausa causa desconforto pois viciados estamos na adrenalina, mas para mim o dano maior desse modo express de viver é deixar de viver em plenitude.

Gisela Breno

Professora, Gisela Breno é graduada em Biologia na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e fez mestrado em Educação no Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo). A professora lecionou por pelo menos 30 anos.