Da janelinha do avião, o desconforto, que sempre toma conta de mim na decolagem e na aterrisagem, cede passagem à contemplação da paisagem que, do alto, confirma o primor que o Criador teve ao esculpir nosso planeta.

Bióloga de formação, talvez, fosse desnecessário dizer que acredito nas teorias científicas a respeito da origem do Universo e da vida. Mas, em tempos de negacionismos e relativismos, até por graduados da Unicamp, como eu, faço questão de reafirmar minha crença na Ciência.

Entretanto, Ela não é capaz de descrever o que se passa, nesse momento, com meu corpo, minha mente e minha alma ao avistar a baia de Vitória que, advinda do encontro de rios e mar, forma um estuário dotado de uma beleza de tirar o fôlego. Visivelmente emocionada, constato, de maneira contraditória e complementar, minha pequenez e minha imensidão diante do Cosmo.

E me lembrando de Drummond, falo baixinho “ Mundo mundo. Vasto mundo. Mais vasto é o meu coração”

E, enquanto repito a fala do poeta, começam a tomar formas em minha mente, os contornos das serras, a paz do Mosteiro Zen, o sabor incomparável da moqueca capixaba, as celebrações de Nossa Senhora da Penha, que farão parte do meu roteiro. Fecho os olhos e, em comunhão com Aquele que é minha fortaleza, agradeço-Lhe por estar viva, por ter uma família, por ter trabalho, por poder e gostar de viajar (a meu ver, um dos melhores investimentos) e, em prece, Lhe suplico que, de posse desses privilégios, me torne cada dia mais humana e compassiva, acreditando como Madre Teresa que “o que eu faço, é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será menor.”