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Editorial

Um presidente na berlinda

Por Grupo Liberal

25 de abril de 2020, às 11h51 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 11h51

Jair Bolsonaro, presidente legitimamente eleito em 2018 com pouco mais de 55 milhões de votos e preferência do eleitor de Americana, se mostra cada vez menos à altura de seu cargo. Os cerca de 40 minutos de fala do então ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública), em seu pedido de demissão, colocam em xeque a moralidade de um chefe da nação que gozava do apoio popular por ser, justamente, avesso à malandragem da “velha política” e por ser uma esperança de acabar com a mamata e os desvios perpetrados por governos anteriores no poder público. E tinha em Moro, exatamente, o símbolo do combate à corrupção. Tinha.

A saída do ex-juiz da Operação Lava Jato não foi capaz de provocar apenas mais uma crise política ao qual este governo está acostumado a conviver e a criar. As declarações de Sergio Moro são gravíssimas, que vão muito além de por em dúvida a moralidade de Bolsonaro. O pano de fundo da saída trazia a intenção do presidente da República em alterar o comando da Polícia Federal, a corporação que é reconhecida pelo trabalho contra a corrupção nos poderes.

Por que mudar? Uma versão para a resposta – mais convincente do que a do presidente – veio no pronunciamento contundente de Moro. Bolsonaro queria interferir politicamente na PF porque queria informação sobre investigações sigilosas, prática que atenta contra os princípios republicanos e fere a autonomia da corporação.

No STF, onde a interferência na PF poderia mudar rumos de investigações, dois inquéritos parecem atormentar o presidente: um que versa sobre a distribuição de fake news e outro, recentemente aberto, sobre a organização das manifestações políticas que pediam intervenção.

No final da tarde, o presidente foi a público, em um pronunciamento em que negou simploriamente as acusações de Moro e fez outras sobre ele, como uma suposta chantagem por uma vaga no STF, mas se mostrou imensamente confuso nas explicações ao misturar atos de governo com situações particulares inusitadas, como os namoricos do filho Carlos Bolsonaro. Uma reação que pouco fez por sua defesa.

Este, entretanto, é o Bolsonaro de sempre, cujo papel de líder que se esperava quando eleito, infelizmente, nunca se viu. É preciso, agora, investigá-lo e tomar-lhes explicações mais contundentes de acusações tão graves. Estamos diante de uma nova crise, dentro de outra crise. Esta, porém, parece ser enorme e pode custar muito caro. Não apenas a Bolsonaro e sua claque, mas ao povo brasileiro. De novo

O Liberal

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