Após o banimento de Donald Trump do Twitter em 2021, data que ele contava com quase 90 milhões de seguidores na rede, o ex-presidente dos EUA decidiu lançar sua própria rede social, chamada de Truth Social, que tem como objetivo principal enfrentar, segundo ele mesmo, a “tirania da Big Tech”, ou seja, do oligopólio existente nos dias de hoje feito pelas grandes empresas de mídias sociais, como principalmente a Meta (Facebook), Google e Twitter.

Apesar da maioria das redes sociais dizer em seus termos que não é responsável pelo conteúdo publicado por seus usuários, atualmente estas empresas acabam atuando na moderação dos conteúdos publicados em suas redes, assumindo a cada dia que passa uma postura de editores de conteúdo.

Aliás, para uma grande parte dos usuários das redes sociais, esta postura é muitas vezes comparada à dos censores governamentais, que tanto atormentaram nosso país na época do regime militar. Essa situação ficou ainda mais evidente com o surgimento das agências de checagem de notícias, que definem o que é uma “notícia verdadeira” ou uma “notícia falsa”.

Comunicação “sem intermediários” com o público

Durante seu mandato, o presidente Trump desenvolveu uma comunicação direta com seu público, passando literalmente por cima das grandes empresas de comunicação. De acordo com um arquivo de seus tweets anteriores, Trump twittou mais de 30 vezes por dia, em média, até o final de seu mandato. Depois que ele foi banido, ele voltou para a internet com um blog de curta duração que postou atualizações semelhantes ao Twitter.

Promessa de liberdade total

Não é a primeira vez que pessoas e empresas enxergam na contramão do controle da informação uma oportunidade de negócios. Plataformas como o Gab e o Parler, também apostaram alto nesse caminho, conseguindo alguns resultados e colecionando alguns fracassos.

Há também outras redes com esse foco surgindo no cenário mundial, como a Gettr, de Jason Miller, que além de criador da rede, também é ex-assessor político de Trump. No Brasil, várias personalidades da direita política fazem parte do Gettr, entre elas o próprio presidente Jair Bolsonaro, que tem na rede mais de 630 mil seguidores.

Em uma declaração sobre sua plataforma, Trump disse que o Truth Social não terá “shadowban”, que é o banimento temporário que algumas redes não assumem, mas realmente aplica em alguns usuários. Além disso, segundo Trump, a nova rede vai batalhar para total defesa da liberdade de expressão,  incentivando uma conversa global aberta, livre e honesta. “Não vamos silenciar nossos concidadãos simplesmente porque eles podem estar errados – ou pior, porque achamos que os americanos ‘não conseguem lidar com a verdade”’, certa vez disse Trump.

Porém, vale lembrar que qualquer plataforma de mídia social na App Store e no Google Play precisa remover conteúdo que viole suas regras. E uma plataforma verdadeiramente sem censura logo seria retirada das lojas, dificultando essa promessa de liberdade total.  Prova disso é que no ano passado a Apple e o Google removeram a plataforma Parler de suas lojas, já que a rede social não retirou postagens que iam contra seus termos de uso.

Trump está sozinho nessa?

Existem duas empresas por trás do Truth Social. A primeira é  a Trump Media & Technology Group , formada em fevereiro de 2021 por Donald Trump. A empresa também usa o nome T Media Tech LLC em alguns lugares.

A partir de janeiro de 2022, o ex-deputado dos EUA Devin Nunes atua como CEO da organização. A outra empresa envolvida é a Digital World Acquisition Corp., uma empresa de capital aberto fundada pelo banqueiro de Miami, Patrick Orlando.

Truth Social no Brasil

Por enquanto a rede social está disponível apenas para usuários dos EUA, porém, eles afirmam em seu site oficial que estão “trabalhando duro” para disponibilizar a rede nos outros países. Como o Brasil é um dos países com mais usuários de redes sociais em todo mundo, não é de duvidar que muito em breve a rede também estará disponível por aqui. Vamos esperar e ver o que ela nos reserva.