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Editorial

Triste papel

Por Da Redação

30 de abril de 2020, às 08h26 • Última atualização em 04 de maio de 2020, às 08h27

No meio de uma crise de saúde pública global, que coloca o País cada vez mais próximo de um cenário de colapso, o brasileiro é obrigado a assistir a episódios absurdos promovidos por agentes públicos que deviam ter outro papel diante da ameaça sanitária chamada coronavírus. Em especial, se destaca o presidente da República Jair Bolsonaro, de quem as declarações ganham um peso proporcional à missão para a qual foi eleito por 55 milhões de eleitores.

Nesta terça-feira, novamente o presidente deu declaração totalmente fora do tom, que expôs de novo sua falta de noção de sua função pública. Ao ser questionado por uma repórter sobre a informação de que o Brasil acabara de ultrapassar a China em número de mortos, Bolsonaro falou: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”, fazendo referência ao próprio sobrenome.

O presidente, de fato, tem sido alvo constante de críticas de praticamente toda a imprensa. Ele mesmo se mostra insatisfeito com a situação e, frequentemente, dispara impropérios e ataques pessoais contra jornalistas. É uma prática que se tornou marca de seu governo e que se estende a seus filhos políticos e seus aliados ideológicos.

Ocorre que o que se passa com Bolsonaro – as críticas da imprensa – também já se passou com outros governos. A principal diferença talvez seja a reverberação que estas críticas têm quando lançadas ao debate das redes sociais, novidade destes últimos anos e ambiente onde o clã Bolsonaro preza tanto por se manter em alta.

Difícil, porém, que o presidente não seja fustigado por tamanha insensibilidade e falta de gestão em sua tarefa diante do combate ao coronavírus, uma atuação que contrasta com líderes mundo afora pela insensatez. Bolsonaro incita rivalidades, apoia manifestações absurdas, bate boca com governadores, dá canetadas que mergulham o governo em descrédito, gera crises políticas e não se contém nem admite qualquer equívoco em sua postura, em que pese as críticas e os freios que as instituições lhe impõem. O presidente provoca de tudo, menos um consenso e uma união que ajudem o País a sair desta crise histórica na saúde pública. Triste papel enquanto a pandemia só piora.

O Liberal

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