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Histórias de Americana

Trilhos Americanenses

Texto do grupo Historiadores Independentes de Carioba reflete sobre a presença da linha férrea em Americana

Por Jefferson Luis Rodrigues Bocardi

11 de outubro de 2020, às 08h00 • Última atualização em 09 de outubro de 2020, às 14h58

A história de Americana está atrelada à construção da Estação de Santa Bárbara, hoje localizada no centro da cidade. Construída pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, foi um projeto de prolongamento das linhas férreas da São Paulo Railway “Santos-Jundiaí” até a cidade de Rio Claro. Assim, em 27 de agosto de 1875, inaugurou-se a estação de Santa Bárbara, que tempos mais tarde se tornaria estação da Villa dos americanos.

Este texto não pretende ser mais um a contar a história da vila que se desenvolveu em torno da estação de trem, tornando-se município em 12 de novembro de 1924, mas uma reflexão sobre a presença da linha férrea em nossa cidade. No século XIX, a figura do trem representava o progresso e a possibilidade de transporte de longas distâncias muito mais eficaz do que os outros disponíveis na época.

O interior de São Paulo se tornou grande produtor de café durante o século XIX.  A maior parte do que era produzido no estado era exportado pelo porto de Santos, então era necessário tornar o transporte eficiente, por isso os cafeicultores do estado foram fundamentais na fundação da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, facilitando a escoação da produção de café da região, além de outros produtos, como a melancia, produzida na nossa cidade.

Na segunda metade do século XX, o trem já não era mais tido como símbolo do progresso para as elites brasileiras. Um novo modelo de transporte foi priorizado pelo governo de JK e os governos que seguiram. Assim, o modal rodoviário passou a ser a representação da modernidade e todo o desenvolvimento brasileiro foi pensado priorizando esse meio de transporte: foram abertas grande rodovias que cruzavam o país de uma ponta a outra e houve um incentivo para vinda de empresas automobilísticas, assim deixando o velho trem cada vez mais defasado.

A Americana do século XXI enfrenta problemas de  mobilidade urbana e um dos maiores obstáculos é a travessia da linha férrea que cruza a cidade, sem o transporte de passageiros desde 15 de março de 2001. A linha férrea que um dia foi sinal de progresso e desenvolvimento tornou-se, na visão de alguns, um grande obstáculo para a mobilidade urbana. O som da buzina do trem, que antes representava o desenvolvimento econômico e proporcionava os encontros da vida, hoje é só mais um barulho na movimentada área central de Americana.

Jefferson Luis Rodrigues Bocardi é integrante do grupo Historiadores Independentes de Carioba, dedicado à pesquisa histórica sobre Americana.

Historiadores de Carioba

Blog abastecido pelo grupo Historiadores Independentes de Carioba, que se dedica à pesquisa histórica sobre Americana.