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Pelas Páginas da Literatura

Três livros sobre realidades paralelas

Blog “Pelas páginas da literatura” indica histórias sobre vidas paralelas e caminhos que ficaram para trás

Por Marina Zanaki

22 de janeiro de 2022, às 08h16 • Última atualização em 22 de janeiro de 2022, às 08h25

Começo de ano vem sempre cheio de novas esperanças. Apenas uma folha do calendário mudou, mas simbolicamente é uma nova chance de colocar em prática sonhos e planos. É como se estivéssemos em uma bifurcação, onde cada estrada fosse uma possibilidade – mas para se concretizar, é necessário que a gente escolha qual caminho tomar.

Comecei 2022 lendo um livro que me fez refletir sobre o peso das nossas decisões, e que cada uma significa muitas oportunidades deixadas para trás. Cada escolha traz renúncias, e isso não necessariamente é ruim – mas vem carregado daqueles “e se…” que pesam sobre todas as outras escolhas não feitas.

Imagine que fosse possível ver os desdobramentos de todos os caminhos que ficaram para trás. Você gostaria de saber os rumos que sua vida teria tomado? Na literatura, isso é possível. Essa semana, indico três obras que trazem vidas paralelas que se bifurcaram em decisões ao longo do caminho.

A biblioteca da meia-noite, por Matt Haig – Foto: Divulgação

A biblioteca da meia-noite, por Matt Haig

O livro parte da premissa que, entre a vida e a morte, há uma biblioteca cheia dos livros com todas as outras vidas que cada um poderia ter vivido. Cada pequena decisão abre uma nova linha, que se transforma em uma nova história. Acompanhamos Nora, uma mulher que está infeliz e tenta se matar, buscar um novo rumo na Biblioteca da Meia-Noite. Ela parte em uma jornada de redenção a partir de seus arrependimentos mais profundos. Devorei esse livro nos últimos dias, e recomendo demais a leitura.

O mundo pós-aniversário, por Lionel Shriver – Foto: Divulgação

O mundo pós-aniversário, por Lionel Shriver

A história acompanha o casal Irina e Lawrence em duas linhas distintas da realidade. Elas são divididas pela decisão de Irina de beijar ou não um outro homem. Ao longo do livro, o leitor reveza entre as duas vidas possíveis dessa mesma história, revelando as consequências inimagináveis de uma única decisão.

Matéria escura, por Blake Crouch – Foto: Divulgação

Matéria escura, por Blake Crouch

Esse livro de mistério acompanha Jasson, um homem que é raptado e jogado em uma outra versão de sua vida. Conforme ele tenta retornar para a família, a trama ganha complexidade e tem reviravoltas muito inesperadas. Diferente dos outros, esse livro aborda os aspectos científicos que envolvem as linhas paralelas. As explicações funcionam bem e acrescentam profundidade à história.

Decidir pode ser difícil, ainda mais se a gente começa a pensar demais em todas as consequências de cada caminho. A escritora e poeta Silvia Plath criou, no romance “A redoma de vidro”, uma metáfora que descreve exatamente essa sensação. Na imagem descrita por ela, a personagem está diante de uma figueira, e cada fruto simboliza uma decisão. Mas escolher um é renunciar a todas as outras possibilidades. A pressão e indecisão a paralisam, e enquanto isso os figos apodrecem e caem da árvore. É preciso sim ponderar cada caminho, mas com cuidado para não perder a hora e ver cada oportunidade se desfazer.

Marina Zanaki

Repórter do LIBERAL, a jornalista Marina Zanaki é aficionada pela literatura e discutirá, neste blog, temas relacionados ao universo literário.