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Histórias do Coração

Taynã e Thiago

Tay e o Thiago são como chronos e kairós; ele é o tempo cronológico, regrado e organizado, enquanto ela é o tempo da experiência, força e sentimento

Por Carla Moro

14 de fevereiro de 2021, às 10h25

Para os gregos, o tempo possuía duas definições: chronos e kairós. Dois deuses distintos na mitologia, quase opostos, mas complementares. O primeiro é o tempo que se mede, o cronológico.

O segundo, é o tempo impossível de ser contado, o tempo oportuno. Em uma comparação simples, é como se chronos fosse os ponteiros de um relógio, e kairós, a força que faz com que esses ponteiros se movam.

Taynã e Thiago – Foto: Arquivo Pessoal

A Tay e o Thiago são como chronos e kairós. Thiago é o tempo cronológico, regrado e organizado. A Tay é o tempo da experiência, é a força e o sentimento.

Que função teria o relógio não fosse o tempo para mover os seus ponteiros?

Se a civilização da Grécia antiga acreditava em duas concepções para o tempo, a história que vou contar agora possui, ao menos, quatro. A primeira foi a do tempo sem pressa.

A Tay e o Thiago foram apresentados por uma amiga em comum e passaram quase um ano apenas conversando. Esperando a “hora” que tinha que ser, me disse a Tay. E como saber qual é a hora certa?

A segunda concepção do tempo acontece sob a benção de Chronos, o deus do tempo cronológico. O Thiago queria encontrar a Tay e fez o convite, mas sem dizer quando. Foi a Tay que determinou: me diga onde e a “hora”.

Encontraram-se. Mas foi Kairós, o deus do tempo vivido, o responsável pela força da Tay quando beijou o Thiago. Não é possível determinar a hora certa do amor porque esse tempo não é medido, ele é sentido. O tempo do amor é kairós. Os gregos já sabiam.

No susto do beijo, o Thiago foi embora. A terceira concepção do tempo desse casal foi a indefinição. Sem saber como as coisas ficariam dali em diante, a Tay deixou o tempo passar. Ela me diz que foi apenas uma semana. Ele acha que foi mais. Os dois me contam que demoraram para mudar o tempo das coisas.

Um ano apenas conversando, alguns anos de namoro, dois anos com o apartamento que compraram juntos fechado, sem se decidirem pela mudança. Eu só posso pensar que eles continuavam esperando pela “hora” que tinha que ser, como a hora que a Tay esperou no início dessa história para finalmente encontrar-se com o Thiago.

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O quarto tempo desse casal foi, afinal, o tempo certo. Com a Tay, o Thiago soube que não queria estar em nenhum outro lugar. Ele não tinha vontade de ir embora, apenas de ficar. Ajoelhado para o pedido de casamento, a Tay se lembra de ouvi-lo dizer: chegou a “hora”.

As Horas, na mitologia grega, eram as 12 filhas do deus Chronos. Elas representavam as horas do dia desde o nascer até o pôr do sol. Todas as horas contadas nessa história são a representação dos tempos da Tay e do Thiago.

Que função teria o relógio não fosse o tempo para mover os seus ponteiros? Se, para os gregos, o tempo precisava de duas definições para dar conta da vida vivida, o nosso casal precisou de quatro. Desconfio de que ainda existirão outras. O amor é leve, como o tempo que passa. E o tempo do amor é kairós, impossível de ser medido. A hora de agora, em que ouço essa história, é a hora certa da Tay e do Thiago. Agora, eles já sabem. E nós também.

Quer contar sua história? Me mande uma mensagem no e-mail:
colunahistoriasdocoracao@gmail.com

Carla Moro

Formada em Letras pela Unesp, Carla Moro faz neste blog um registro da trajetória dos casais! Quer sugerir sua história para a coluna? Envie um e-mail para colunahistoriasdocoracao@gmail.com