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Histórias do Coração

Suelen e Fernando

O amor só se reconhece no outro. Não é possível, nem sustentável, amar sozinho

Por Carla Moro

03 de janeiro de 2021, às 08h20

De que precisa uma história de amor para ser grande? Uma grande história de amor precisa, primeiro, de um casal. Um casal disponível para o amor que vai chegar. E é preciso, especialmente, acreditar que ele vai chegar.

Depois, se faz necessária uma pequena trapalhada do destino, um fato inesperado para que duas pessoas estejam no mesmo lugar, na mesma hora e se olhem. Se olhem e se vejam, de um olhar que para, congela. Fosse um filme, este seria o momento em que sobe a música, tudo ao redor entra em câmera lenta e, em primeiro plano, vemos os olhares se cruzarem. Ver o outro é o primeiro passo do amor.

Em seguida, supondo que nosso casal esteja disponível e que o destino deu uma forcinha para que eles se encontrassem, há um segundo momento que acontece depois de os olhares se cruzarem. É o momento do reconhecimento.

O amor só se reconhece no outro. Não é possível, nem sustentável, amar sozinho. Esse momento é tão importante que dificilmente uma grande história de amor existe sem ele, é como um aviso dizendo:
tinha que ser.

A grande história de amor que eu quero contar tem dez anos. E porque esse casal não é bom com datas, é uma história que apenas começa, sem dia nem hora. Há uma rua atrás do Colégio Bandeirantes que testemunhou esse começo, e ninguém mais. O Fernando me diz que ouviu a Suelen chegando, porque ela virou a esquina em alta velocidade. Mas a Suelen me disse que não era por causa do Fernando, ela sempre dirigiu depressa. Desconfio de que o melhor jeito de fazer com que alguém te espere é não dizer quando vai chegar. E o Fernando esperou, mesmo achando que a Suelen não iria ao seu encontro.

Esse casal trabalhava na mesma empresa de telecomunicações aqui na cidade, mas foi numa festa que eles trocaram telefones e olhares. Como estamos falando de uma grande história de amor, naquela noite, o acompanhante da Suelen para a festa não apareceu. Essa é a volta que o destino deu para que o encontro atrás do Colégio Bandeirantes acontecesse. Para cada desencontro, há uma história que nasce. Essa é a deles.

Suelen e Fernando – Foto: Arquivo Pessoal

Então, há o momento do reconhecimento. Ele não chega para todo mundo e não é possível inventá-lo. Poucos meses depois da festa, da curva em alta velocidade, da expectativa e do encontro, a Suelen precisou fazer uma cirurgia. Já no quarto, foi o Fernando que apareceu na porta perguntando se ela precisava de alguma coisa. Água com gás, ela respondeu. Dificilmente uma água com gás entraria em um filme sobre uma grande história de amor. E é justamente por isso que ela entra aqui.

Uma grande história de amor é, sobretudo, uma história real. Esta história tem dez anos, dois filhos e uma certeza de que o amor nasce no olhar, na trapalhada do destino, num aviso do coração dizendo: tinha que ser. Esse é o lugar onde ele nasce, mas ele cresce no cuidado. Amor é cuidado, os dois me disseram, como a água com gás depois da cirurgia. Assim como eles também me disseram que não lembravam exatamente a data em que essa história começou. Mas eu acredito que grandes histórias de amor não têm começo e, justamente por isso, também não têm fim.

Quer contar sua história? Me mande uma mensagem no e-mail:
colunahistoriasdocoracao@gmail.com

Carla Moro

Formada em Letras pela Unesp, Carla Moro faz neste blog um registro da trajetória dos casais! Quer sugerir sua história para a coluna? Envie um e-mail para colunahistoriasdocoracao@gmail.com