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Cotidiano & Existência

Sobre redes sociais e pandemia

Por Gisela Breno

30 de março de 2022, às 13h54

Umberto Eco, célebre filósofo italiano, disse em 2015 que “as redes sociais deram o direito à palavra a legiões de imbecis que, antes, só falavam nos bares, após um copo de vinho e não causavam nenhum mal para a coletividade. Nós os fazíamos calar imediatamente, enquanto hoje eles têm o mesmo direito de palavra do que um prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis”.

Anos se passaram, veio a pandemia e as palavras de Umberto parecem que foram ditas para os momentos atuais. Para as pessoas que ainda sentem compaixão pelo sofrimento alheio, fica impossível aceitar o que tem saído da boca perversa de um tanto de gente, cujo pensar e viver não ultrapassam os limites de seu próprio umbigo.

Encarcerados em seus coliseus não hesitam em massacrar, julgar, ferir pessoas que se encontram em profundo estado de vulnerabilidade.

Fico me perguntando se essas criaturas não têm pai, mãe, filhos, irmãos para que, por um segundo sequer, possam imaginar o que seria do seus, se atingidos fossem por esse mar de palavras e sentimento tão cruéis.

Que raio de consciência possuem para não entenderem que as palavras são como penas soltas ao vento.; impossível recuperá-las.

Imaginei que todos os sofrimentos e perdas causadas pela pandemia tornariam as pessoas mais humanas.

Ledo engano, a pandemia e o acesso às redes sociais apenas escancararam o melhor e o pior que já existiam em cada um de nós.

Gisela Breno

Professora, Gisela Breno é graduada em Biologia na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e fez mestrado em Educação no Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo). A professora lecionou por pelo menos 30 anos.